Organizational cooperation networks to promote export/Redes interorganizacionais de cooperacao para a internacionalizacao/Redes de cooperacion entre organizaciones para la internacionalizacion.

AutorGarcia, Sheila Farias Alves
CargoArtigo--Internacionalizacao
  1. INTRODUCAO

    Para Candido (2001), uma das principais caracteristicas do atual ambiente de negocios e a necessidade das organizacoes de atuar de forma conjunta e associada, compartilhando todos os tipos de recursos a partir da definicao de estrategias especificas. O antigo modelo organizacional baseado na integracao vertical e na burocracia "weberiana", com relacoes entre os niveis, pessoas e grupos baseadas na autocracia, na busca de economias de escala e sem maiores preocupacoes com as variaveis do seu meio ambiente, nao atende as necessidades de flexibilidade e inovacao, requeridas pelos atuais modelos de gestao.

    Uma das principais caracteristicas da nova economia e a transicao da eficiencia individual para a eficiencia coletiva. A competitividade, cada vez mais, relaciona-se ao desempenho de redes interorganizacionais e nao de empresas isoladas. Ao mesmo tempo, a formacao dessas redes tem forte componente local, associado ao movimento de internacionalizacao das operacoes das grandes corporacoes transnacionais (FLEURY; FLEURY, 2003).

    As trocas de tecnologia, cultura, informacao e mensagem na forma de uma unificacao universal no capitalismo pos-moderno compoem o conceito de globalizacao. Analisando-se esse fenomeno dinamico, pode-se observar que as capacidades tambem dinamicas dos sistemas locais com ambientes inovadores sao projetadas naturalmente para o exterior (BENKO, 1999). Esse processo promove o acirramento da concorrencia, que ja nao mais respeita fronteiras e se intensifica a cada dia, representando diversas ameacas e oportunidades que devem ser consideradas em decisoes sobre entrada em mercados internacionais (VEIGA; MARKWALD, 1998; VEIGA, 1999).

    Varios sao os modos de internacionalizacao que uma empresa pode adotar: exportacao indireta, exportacao direta, consorcio de exportacao, subsidiaria propria no exterior, joint venture, licenciamento, investimento direto, franchising, os quais sao tratados por diversos autores (ANDERSON; GATINGNON, 1986; ANDERSON; COUGHLAN, 1987; KOTABE; HELSEN, 2000; KOTLER, 2000). Em comparacao as demais modalidades, as pequenas e medias empresas tem-se utilizado mais dos tres primeiros modos, em razao, principalmente, do menor grau de comprometimento, investimento e riscos envolvidos (NOONAN, 1999; JEANNET; HENESSEY, 2001; PALIWODA; THOMAS, 2001; BENKO, 1999).

    Uma das formas de organizacao coletiva de pequenas empresas e o consorcio de exportacao, que possibilita a reuniao de empresas por segmentos produtivos e/ou segmentos complementares com o objetivo de exportar seus produtos para diferentes mercados, mantendo sua propria individualidade no mercado domestico, concorrendo com grandes fornecedores e beneficiando-se de sua eficiencia operacional e de baixos custos de producao. Constitui uma alternativa para suprir as limitacoes apresentadas pelas exportacoes indireta e direta feitas individualmente (PALIWODA; THOMAS, 2001).

    Os estudos efetuados em diversos paises sobre marketing cooperativo para exportacao mostram a formacao de consorcios como um conceito promissor no engajamento de pequenas e medias empresas na exportacao. Para o Brasil, que tem no comercio exterior uma importante alavanca da economia, a formacao de consorcios para exportacao e vital (TOMELIN, 2000).

    O presente artigo propoe-se a analisar o consorcio como forma de viabilizacao de acoes conjuntas entre empresas com vistas na internacionalizacao. Para isso, foram formulados os seguintes objetivos especificos:

  2. organizar o conhecimento sobre consorcios de exportacao;

  3. analisar as condicoes necessarias para a formacao de um consorcio;

  4. identificar os beneficios esperados quando da decisao de participar de um consorcio;

  5. conhecer as dificuldades enfrentadas no processo de formacao e operacao de um consorcio;

  6. analisar as acoes desenvolvidas durante o processo de internacionalizacao, identificando as mais apropriadas para serem realizadas de modo conjunto com outras empresas.

  7. REFERENCIAL TEORICO

    2.1. Internacionalizacao

    A internacionalizacao de empresas tem como pano de fundo a globalizacao, que e um fenomeno caracterizado pela reducao das fronteiras e aumento da interdependencia entre as economias dos paises. E muito comum a afirmacao de que o processo de globalizacao e um fenomeno diretamente ligado ao progresso da tecnologia da informacao e comunicacao, assim como o fluxo global do capital financeiro. No entanto, seu significado e muito mais complexo e dinamico, permitindo que se examine o tema sob diferentes perspectivas, como a economica, a politica, a legal e a cultural (SUEN, 1997).

    A literatura da area relaciona a globalizacao com a aceleracao das trocas de bens, servicos, contratos e informacoes, das viagens e dos intercambios culturais. Embora o processo de troca entre os povos seja algo muito antigo, detecta-se um aumento na velocidade com que essas trocas estao sendo feitas hoje. Essa velocidade seria assim a principal caracteristica do processo de globalizacao.

    A analise da globalizacao sob o enfoque economico permite afirmar que, para sobreviver neste cenario, e vital para um pais relacionar-se comercialmente com outros paises. Assim como, para uma empresa ser competitiva, e necessario que uma parcela de seus negocios ocorra no mercado internacional (MARTINELLI; VENTURA; MACHADO, 2004).

    O conceito de internacionalizacao de empresa pode ser descrito como a participacao da empresa no mercado internacional. A Fundacao Dom Cabral (2002:5) propoe uma definicao mais precisa: "internacionalizacao e o processo de obtencao de parte ou totalidade do faturamento a partir de operacoes internacionais, seja por meio de exportacao, licenciamento, aliancas estrategicas, aquisicao de empresas em outros paises ou construcao de subsidiarias proprias".

    Segundo Lemaire, Petit e Desgardins (1997), dentre os fatores desencadeadores da insercao de empresas no mercado internacional destacam-se o inevitavel processo de abertura internacional e a tendencia a globalizacao das economias e mercados, que se firmaram ao longo das ultimas decadas, num cenario em que as trocas de bens, servicos e capitais tornaram-se mais complexas.

    Para internacionalizarem-se, as empresas precisam adotar estrategias competitivas adequadas a esse processo, como uma atitude competitiva, concentracao geografica, mecanismos de gestao, coordenacao de atividades, desenvolvimento interno de competencias dinamicas, absorcao e integracao de conhecimento, relacao com outras empresas (concorrentes, clientes, fornecedores) e capacidade de adaptacao e articulacao das diferentes condicoes locais--especificidades culturais, economicas, regulamentares e linguisticas dos paises ou regioes (CALDEIRA, 2002).

    Muitos trabalhos tem sido desenvolvidos, nos ultimos quarenta anos, com o objetivo de explicar o processo de internacionalizacao (REZENDE, 2002). Entre eles, merece destaque o de Johanson e Wiedersheim-Paul (apud JOHANSON; VAHLNE, 1977), que ve a internacionalizacao como um processo de aprendizagem em que a empresa investe recursos de modo gradual e adquire conhecimentos sobre o mercado internacional de modo evolutivo. Por meio de estudo realizado com empresas suecas, os autores desenvolveram um modelo para internacionalizacao de empresas baseado em quatro etapas. Esse modelo apresenta graus crescentes de comprometimento, risco, controle e lucro em cada etapa, e pressupoe uma entrada gradual e sequencial em mercados internacionais. As etapas do modelo conhecido como "Uppsala", cidade da Suecia que da nome a universidade onde trabalham os autores, sao: (1) atividades de exportacao inconstantes; (2) exportacao por meio de representantes independentes (agentes); (3) estabelecimento de uma ou mais filiais de vendas e (4) estabelecimento de instalacoes de producao no exterior.

    Um outro pressuposto do modelo Uppsala consiste na afirmacao de que a distancia psiquica entre paises e um fator de decisao para a internacionalizacao. Johanson e Wiedersheim-Paul (apud JOHANSON; VAHLNE, 1977) definem distancia psiquica como as diferencas percebidas entre valores, praticas gerenciais e educacao de dois paises. Ainda, segundo eles, existem evidencias de que a empresa comeca seu processo de internacionalizacao em paises considerados culturalmente proximos, a fim de diminuir o grau de incerteza do processo.

    A partir desses resultados, Johanson e Vahlne (1990) apresentaram elementos adicionais ao modelo de Uppsala, articulando tres pressupostos: (1) a falta de conhecimento e o maior obstaculo em processos de internacionalizacao; (2) o conhecimento necessario a internacionalizacao e principalmente adquirido das experiencias atuais da empresa em determinado mercado-alvo e (3) a empresa internacionaliza suas operacoes investindo recursos de modo gradual.

    Baseados nesses pressupostos, Johanson e Vahlne (1990) identificaram dois elementos presentes no processo de internacionalizacao: conhecimento e comprometimento. O primeiro refere-se ao conhecimento do mercado-alvo e o segundo ao montante de recursos investidos em determinado mercado internacional e ao grau de especificidade desses recursos. Alem desses elementos ou estados, o modelo apresenta dois aspectos transitorios que lhes sao relacionados: as decisoes de investimento e as operacoes atuais. Existe uma relacao direta entre estados e aspectos transitorios: enquanto as decisoes de investimento definem o comprometimento da empresa em determinado mercado, as operacoes atuais constituem a principal fonte de conhecimento da empresa sobre esse mercado. Mas o modelo tambem sugere uma interacao dinamica entre estados e aspectos transitorios: quanto maior o investimento em determinado mercado internacional, maior o grau de conhecimento sobre esse mercado, maior o seu grau de aptidao para efetuar novos investimentos, e assim sucessivamente. Os aspectos transitorios possuem duplo papel no processo de internacionalizacao: resultam de conhecimento e comprometimento efetuados no passado e determinam os niveis de...

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