Padre Cláudio Perani: profeta é o povo

AutorIvo Poletto
CargoFMCJS
Páginas330-341
Cadernos do CEAS, Salvador/Recife, n. 244 - Especial Cláudio Perani, p. 332-341, 2018 | ISSN 2447-861X
PADRE CLÁUDIO PERANI: PROFETA É O POVO
Ivo Poletto (FMCJS)
Informações do artigo
Recebido em 07/06/2018
Aceito em 30/06/2018
doi>: 10.25247/2447-861X.2018.n244.p332-341
Resumo
Nesse breve artigo e depoimento, destaca-se a
relação de fidelidade de Cláudio Perani à visão e ao
método de trabalho que tem como base a sabedoria
que cada pessoa, cada comunidade e cada povo
possui. Sua reflexão de educador na relação como
pastorais e movimentos sociais sempre questionou
as tentações de direção centralizadora, colocando
como desafios a acolhida à profecia popular e a
atitude de caminhar com o povo. Esse é o seu maior
testemunho e legado, iluminando as diferentes
formas de articulação em que o autor esteve e
continua ligado.
Palavras-Chave: Metodologias participativas.
Articulação. Profecia.
Introdução
Conheci e partilhei sonhos e iniciativas com Cláudio desde os anos sessenta do século
passado. Nasceu ali uma amizade que nem sua morte quase repentina conseguiu pôr fim. Ele
anda comigo, continua um dos meus mestres. Sempre que me envolvo em algo novo, su as
perguntas críticas e advertências se fazem presentes e me ajudam a perceber se continuo fiel
aos compromissos assumidos para ser ed ucador popular. Toda vez que se aprofundam as
contradições sociopolíticas e me sinto tentado ao mau humor e ao desânimo, ouço sua voz
estridente e seu sorriso quase irônico ainda me desafia: você está esquecendo que os
dominadores não terã o a última palavra? Lembre-se que é junto com o povo empobrecido que
está a chave da história, a permanente possibilidade de futuro.
É assim, sem tirar nem pôr, inteiro e jovial, que Cláudio continua meu amigo. Sempre
atento à realidade, lida criticamente a partir dos de baixo, da base da pirâmide, e sempre
capaz de retomar os valores sobre os quais a esperança se mantém firme. Sempre ab erto ao
futuro, mas sempre com os pés no chão, como a lembrar que a paix ão corajosa e radical de
Jesus de Nazaré pela construção do Reino, obra divina e humana, se enraizava no dia a dia,
na surpreendente capacidade de perceber a fé presente nas pessoas m ais simples e pobres.
Sua paixão pelo Reino dava sentido, iluminava a realidade, abria o coração para reconhecer
a surpreendente presença de Deus nas pessoas, e abria sua inteligência para perceber onde e

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