Percepções socioambientais de inundações: reflexões sobre o risco
Autor | Keila Camila da Silva - Cristiano Poleto |
Cargo | Mestranda em Ciências da Engenharia Ambiental pela Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo - Doutorado em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Pós-Doutorado pela Coventry University da Inglaterra |
Páginas | 200-220 |
http://dx.doi.org/10.5007/1807-1384.2015v12n2p200
Esta obra foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição 3.0 Não
Adaptada.
PERCEPÇÕES SOCIOAMBIENTAIS DE INUNDAÇÕES: REFLEXÕES SOBRE O
RISCO
Keila Camila da Silva
1
Cristiano Poleto
2
Resumo:
Estudar a relação ser humano com seu ambiente é uma tarefa difícil. Com a
evolução cada vez mais acelerada da espécie, o ser humano adquiriu muitas
habilidades e conheceu novos avanços científicos em prol de seu benefício, porém
causou desequilíbrios ambientais alarmantes. Nesse contexto, observa-se uma crise
planetária, a transformação da natureza foi notada ao longo do tempo, até na própria
palavra, que passou de natureza para ambiente ou paisagem, perdendo assim seu
significado. Devido a esses fatores, torna-se fundamental o diálogo com a
população, como uma forma de busca de sua percepções, comportamentos e
atitudes ambientais. Com base no socioambiental, objetivo do estudo foi realizar
entrevistas com moradores de bairros considerados em risco de inundações e
moradores em áreas fora de risco. As entrevistas utilizaram-se das técnicas de
pesquisa semiestruturada e de saturação teórica. O estudo demonstrou a
necessidade da sensibilização ambiental pelo meio ambiente urbano e que através
dela é possível minimizar ou evitar desastres, porém a preocupação pelas
inundações aparece apenas no momento das perdas materiais ou não materiais.
Palavras-chave: Sociedade. Risco. Inundações. Percepção. Meio Ambiente.
1 INTRODUÇÃO
A relação humana com o ambiente natural apresenta-se como estritamente
capitalista na sociedade moderna. Com a concepção adotada atualmente e a algum
tempo, vê-se o ser humano como o centro do mundo e, com isso, provocando
desastres em esferas globais devido ao seu domínio sobre o ambiente natural.
1
Mestranda em Ciências da Engenharia Ambiental pela Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo. Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada - CHREA, Educação
Ambiental. Email: keilacamila@hotmail.com
2
Doutorado em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul e Pós-Doutorado pela Coventry University da Inglaterra. Professor da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul e Pesquisador do PPG em Recursos Hídricos e Saneamento
Ambiental do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS e do PPG em Ciências da Engenharia
Ambiental da USP de São Carlos. Email: cristiano_poleto@hotmail.com
201
R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.12, n.2, p.200-220, Jul-Dez. 2015
Os desastres antes ocasionados pela dinâmica natural do planeta passaram a
ser identificados como antrópicos, trazendo como consequências diversas perdas e
prejuízos aos sistemas humanos e ambientais.
Um tema cada vez mais discutido em todos os locais do mundo e que
mostram a necessidade de implantação de medidas que visem sua redução, além
da reflexão e conscientização da população sobre a ocupação urbana. As
inundações tem sido objeto de estudo de muitos profissionais, tanto em nível
acadêmico como em empresas, devido a situação de desastre que causam, nesse
contexto pensa-se no risco social, expresso em todos os danos causados à
coletividade. Com base no social, esse estudo visou identificar o risco de inundação,
estudando sua ocorrência assim como as recomendações que possam contribuir
socialmente e ambientalmente para a minimização desses danos. No intuito de
contribuir com a população que se encontra nas áreas de risco de inundações, a
unidade de estudo localiza-se no município de Jaú-SP, em seu trecho urbano,
optou-se também por realizar um estudo de percepção ambiental, delineando
estratégias de convívio com esse desastre, compatíveis com a realidade do
município, pois sabe-se que a percepção ambiental é uma poderosa ferramenta da
busca da relação sociedade e ambiente.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A área em estudo foi Jaú, um município brasileiro, localizado na região central
do estado de São Paulo. O município é um importante polo de desenvolvimento
industrial e agrícola, destacando-se pela grande quantidade de indústrias de
calçados, sendo conhecido como a capital do calçado feminino. Encontra-se a
296km da capital do estado, a Figura 1, mostra a localização:
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