Perception, performance, autonomy and working conditions of administration course coordinators in Institutions of Higher Learning (IES) in Minas Gerais, Brazil/Percepcao, atuacao, autonomia e condicoes de trabalho de coordenadores do curso de Administracao de IES do Estado de Minas Gerais/Percepcion, actuacion, a utonomia y condiciones de trabajo de coordinadores del curso de Administracion de IES del Estado de Minas Gerais, Brasil.

Autorde Camargos, Marcos Antonio
CargoArtigo-Ensino de Administracao
  1. INTRODUCAO

    A partir de 1999, a coordenacao de curso passou a ser uma das principais atividades a serem avaliadas pelo Ministerio da Educacao (MEC) nos momentos de credenciamento e recredenciamento de cursos superiores. Percebe-se que foi a partir desse processo de avaliacao que a funcao de coordenador comecou a ficar em evidencia, pois ate entao sua existencia nao era obrigatoria. Antes desse processo de avaliacao de cursos, o coordenador de curso era uma figura que poderia existir ou nao, de acordo com a necessidade de cada instituicao (BARRETO; SCHWARTZMAN, 2001). Atualmente, o MEC determina que o coordenador de curso deve ser um profissional que responda pela parte pedagogica do curso superior e que tambem seja capaz de assumir as suas demandas gerenciais especificas; e ainda sugerido que tenha titulacao de mestre ou doutor, pois lhe e atribuida uma pontuacao significativa na avaliacao institucional.

    De acordo com Rangel (2001), a coordenacao de curso e um tema que tem recebido atencao especial da comunidade academica nos ultimos anos, por causa de sua grande contribuicao para o bom desempenho dos cursos academicos. No entanto, apesar desse crescente destaque, a mesma autora reconhece que ha necessidade de construir teorica e praticamente essa atividade e que a coordenacao de curso e um oficio em construcao.

    Nesse sentido, e importante que a academia, entidades reguladoras e as IES reflitam sobre a atividade de coordenacao dos cursos de Administracao, pois muitas vezes as atividades burocraticas e as demandas internas praticamente inviabilizam a execucao de outras atividades, consideradas estrategicas para o curso. Inserida nesse debate, esta pesquisa tem como objetivo identificar e analisar a percepcao, atuacao, autonomia e condicoes de trabalho dos gestores do curso de Administracao de IES do Estado de Minas Gerais.

  2. REFERENCIAL TEORICO

    Segundo Silva (2002), a atividade de coordenacao de curso representa uma funcao de grande relevancia para a efetivacao de um curso de ensino superior de qualidade, uma vez que engloba funcoes tanto academicas e cientificas quanto administrativas. Trata-se de uma atividade complexa e trabalhosa, em muitos casos exaustiva, para a qual tres requisitos essenciais parecem despontar como sendo basicos: i) o coordenador deve ter titulacao que atenda as necessidades do MEC (mestre ou doutor); ii) deve ser contratado pelo regime mensalista de 40 horas, que proporciona maior dedicacao ao curso; e iii) deve ministrar aulas no curso que coordena (MORAES, 2004). Em sintese, esta atividade demanda um elevado grau de competencia tecnica e cientifica na area de conhecimento do curso por parte de quem a exerce, preparo para trabalhar com o ensino de nivel superior e apoio de um colegiado cuja missao e deliberar com o coordenador sobre as melhores propostas para o continuo melhoramento do curso.

    Sobre as tarefas do coordenador de curso, Piazza (1997) relaciona as seguintes: i) desenvolver procedimentos e criar condicoes para a identificacao das futuras exigencias de recursos humanos nos diversos campos de atuacao profissional; ii) identificar as mudancas que estao acontecendo no perfil ocupacional; iii) identificar as necessidades, carencias e expectativas sociais em relacao a atuacao profissional (perfis profissionais); iv) constituir e implantar curriculos capazes de gerar as competencias e habilidades relevantes ao desempenho profissional; e v) manter implementado um sistema de avaliacao tanto do processo de formacao de profissionais quanto de seus resultados. Em sua pesquisa, constata-se que a atividade de coordenacao de curso e bastante complexa e abrange uma grande gama de funcoes e atividades administrativas, pedagogicas, academicas e cientificas.

    Buscando construir a epistemologia da coordenacao, Piazza (1997) define tres classificacoes para a funcao: i) coordenacao gestora (coordenacao do trabalho, resolvendo suas demandas administrativas); ii) coordenacao de disciplinas (organizacao comum do trabalho das disciplinas no plano curricular); e iii) coordenacao pedagogica (responsavel pela integracao e orientacao do processo pedagogico em suas questoes, pressupostos e propostas basicas essenciais a qualidade academica e sociopolitica dos cursos). Para a autora, a funcao de coordenacao e composta de tarefas administrativas e pedagogicas e deve ser exercida por pessoas com capacidades pedagogicas e gerenciais.

    Franco (2002), por sua vez, expande a divisao de funcoes proposta por Rangel (2001). Para esse autor, a coordenacao de curso deve ser dividida em funcoes administrativas (ou gerenciais), politicas, institucionais e academicas, num total de 26 funcoes atribuidas ao coordenador de curso. As funcoes gerenciais descritas por ele resumem-se as seguintes: i) de controle meramente burocratico (supervisao das instalacoes fisicas); ii) de formar e gerenciar o corpo docente; iii) politicas, que dizem respeito a aspectos pessoais do coordenador (lideranca); e iv) institucionais, relativas ao acompanhamento dos egressos do curso. Franco (2002) salienta tambem que a principal funcao academica do coordenador e a elaboracao e execucao do projeto pedagogico do curso (PPC).

    Rolim (2004) analisou as praticas de gestao dos coordenadores de curso da area de Ciencias Sociais em IES de Belo Horizonte a luz dos cinco pontos que, segundo Reed (1997), caracterizam a perspectiva praxeologica da gestao. Esses pontos configuram as praticas de gestao dos coordenadores de curso como pratica social, permitindo uma melhor compreensao dos processos e das estruturas por meio dos quais se mobiliza o poder e se efetua o controle no ambiente das IES. Para o autor, coordenadores de curso possuem um conjunto de acoes que sao comuns a todos, independentemente do curso que coordenam. A comunidade de coordenadores tambem possui objetivos e problemas comuns que facilitam a interacao reciproca. Os coordenadores tambem convergem na percepcao da funcao social da coordenacao de curso e se utilizam de recursos comuns para alcancar os objetivos da comunidade da qual fazem parte. Soma-se a isso o fato de existirem condicoes de sucesso e insucesso comuns que determinam a atuacao profissional e a utilizacao dos recursos disponiveis. Assim sendo, as praticas de gestao dos coordenadores de curso sao constituidas por um conjunto de atividades inter-relacionadas e mecanismos que organizam e regulam a atividade da educacao superior. Essas praticas utilizam recursos fisicos e simbolicos que permitem regular o conflito, e buscam conjugar as atividades educacionais de forma coerente, o que as caracteriza como uma pratica social de gestao.

    Walter et al. (2007), em pesquisa com coordenadores de IES do Parana, concluiram que as acoes realizadas pelos gestores sao direcionadas ao atendimento de demandas dos alunos, professores, reunioes, atividades de planejamento do projeto pedagogico, capacitacao docente, pesquisa e extensao, e sao voltadas ao mercado. Dentre essas acoes, as mais desenvolvidas pelos gestores sao, em sua maioria, voltadas as demandas internas, principalmente ao atendimento de alunos e professores, o que tambem foi verificado por Rolim (2004).

    Alem dos trabalhos acima, varios outros ja analisaram a atividade de coordenacao em IES publicas e privadas, cujos resultados revelam que as funcoes do coordenador estao diluidas em praticas gerenciais e pedagogicas, permeadas pela falta de planejamento e por improvisos no seu intrincado cotidiano (SILVA; MORAES, 2002; MARRA; MELO, 2003).

  3. METODOLOGIA

    De um universo de 295 cursos de graduacao em Administracao existentes no Estado de Minas Gerais, dos quais 56 estao situados na cidade de Belo Horizonte, segundo cadastro do Conselho Regional de Administracao de Minas Gerais (CRA-MG), trabalhou-se nesta pesquisa com uma amostra de 34 coordenadores de cursos de Administracao, definida por conveniencia (participacao voluntaria). Foram utilizados dados primarios, para os quais se elaborou um questionario composto de 21 questoes. As perguntas se referiram a: i) caracteristicas do entrevistado e do curso; ii) acoes desenvolvidas pela coordenacao; iii) percepcao, responsabilidades e satisfacao em relacao ao exercicio da funcao de coordenador; iv) percepcao da atuacao do colegiado de curso; e v) condicoes de trabalho oferecidas pela IES. As respostas aos questionarios foram coletadas de duas maneiras: i) 13 questionarios foram respondidos em papel, durante um evento promovido...

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