PERFIL DAS MULHERES NA CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ NO MUNICÍPIO DE BOM SUCESSO ? MG

AutorDanielle Pereira Baliza, José Alves Junqueira Júnior, Ana Paula Marques da Silva, Luiza Andrade Zenith, Sérgio Parreiras Pereira
Páginas75-97
GÊNERO|Niterói|v.18|n.1| 75|2. sem.2018
PERFIL DAS MULHERES NA CADEIA
PRODUTIVA DO CAFÉ NO MUNICÍPIO DE
BOM SUCESSO – MG
Danielle Pereira Baliza1José Alves Junqueira Júnior2
Ana Paula Marques da Silva3
Luiza Andrade Zenith4
Sérgio Parreiras Pereira5
Resumo: O presente estudo possibilita a visualização do perfil das mulheres que
atuam em distintos setores da cadeia produtiva do café no município de Bom
Sucesso (Minas Gerais), por meio do qual é possível visualizar suas potencialidades
e carências. As informações apresentadas visam provocar e auxiliar no
planejamento de ações e políticas públicas para melhoria da qualidade de vida
dessas mulheres, além de ampliar a visibilidade e conscientizar a sociedade sobre
a importância do trabalho realizado por elas para o sucesso e o desenvolvimento
sustentável da cafeicultura local.
Palavras-chave: mulheres rurais; cafeicultura; sustentabilidade.
Abstract: The present study makes it possible to perceive the profile of the
women who work in dierent sectors of the coee production chain in the city
of Bom Sucesso - Minas Gerais, through which their potentialities and needs
can be observed. The information presented aims to kindle as well as assist in
the planning of actions and public policies to improve their life quality, in
addition to increasing the visibility and social awareness of the importance of
their work for the successful and sustainable development of local coee.
Keywords: rural women; coee; sustainability.
1 Doutora em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras. Professora do IF Sudeste
MG, Campus Avançado de Bom Sucesso. E-mail: danielle.baliza@ifsudestemg.edu.br.
2 Doutor em Recursos Hídricos em Sistemas Agrícolas pela Universidade Federal de
Lavras. Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais.
E-mail: jose.junqueira@ifsudestemg.edu.br.
3 Técnica em Meio Ambiente pelo Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais. E-mail:
ana.paula.bfsmg@gmail.com.
4 Graduanda em Zootecnia pela Universidade Federal de Lavras. E-mail: luizazenith.lz@
gmail.com.
5 Doutor em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras. Pesquisador do Instituto Agronômico de Campi-
nas. E-mail: sergiopereira@iac.sp.gov.br
p.075-097
GÊNERO|Niterói|v.18|n.1|76 |2. sem.2018
Introdução
A cadeia produtiva do café do Brasil envolve tanto o trabalho de homens
quanto de mulheres. Não se pode desconsiderar ou subestimar a atuação das
mulheres na cafeicultura brasileira. Nos últimos anos, verifica-se que a mulher
tem se tornado protagonista, sendo muitas vezes responsável pela introdução
de novas práticas de produção, pelo teste de novas formas de cultivo e ainda se
dedicando ao artesanato, à culinária e aos agrupamentos sociais, recuperando,
desta forma, a cooperação em todas as esferas produtivas. Ela aparece como o
centro de formação das articulações no meio rural, conectando, muitas vezes
através da religiosidade, a família e a comunidade e movimentando a vizinhança
para uma mudança de hábitos (LOVATTO et al., 2010).
Isso reforça a importância do papel que a mulher vem, gradativamente,
ocupando no espaço agrícola. Até recente, as mulheres eram percebidas apenas
por seu papel reprodutivo, papel este desempenhado no âmbito doméstico,
diretamente relacionado aos afazeres da casa e os cuidados com a família, atividades
consideradas obrigações naturais femininas e que não geram renda (SOUSA e
VIEGAS, 2013). Nos dias atuais as mulheres desempenham outras atividades
além de cuidar do lar. Elas atuam de forma relevante nos diversos setores ligados
à atividade rural, mas muitas vezes não participam das decisões estratégicas.
Muitas delas não reconhecem a relevância do trabalho que desempenham,
mantendo-se ancoradas em alguma figura masculina, o que dificulta com que
sejam vistas, ouvidas e respeitadas como parte interessada e fundamental para o
futuro e a sustentabilidade da cafeicultura (MENEZES, 2015).
Isso se mostra relevante no contexto desta pesquisa porque, embora a mulher
tenha uma participação ativa e contínua nas atividades agrícolas familiares, ela
ainda é, muitas vezes, considerada apenas uma “ajudante”, alguém que está ali
apenas para oferecer auxílio e, dessa forma, seu trabalho não é reconhecido e,
pior ainda, ela não recebe remuneração nenhuma pelo mesmo. Este fato pode
ser observado no estudo realizado em Rondônia, onde foi verificado que o
trabalho feminino na cafeicultura do estado não apresenta grande visibilidade,
pois a mulher possui menos liberdade que o homem, que atua como provedor
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