Philippe Steiner e a Sociologia Econômica: trajetória, redes internacionais, afinidades teóricas e objetos de pesquisa

AutorBruno Costa Barreiros
CargoDoutorando e mestre em Sociologia Política pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade Federal de Santa Catarina, com período de estágio doutoral na École Normale Supérieure de Paris
Páginas465-486
DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-7984.2017v17n39p465/
465465 – 486
Direito autoral e licença de uso: Este artigo está licenciado sob uma Licença Creative
Commons. Com essa licença você pode compartilhar, adaptar, para qualquer fim, desde que
atribua a autoria da obra, forneça um link para a licença, e indicar se foram feitas alterações.
Philippe Steiner e a Sociologia
Econômica: trajetória, redes
internacionais, afinidades teóricas
e objetos de pesquisa
Bruno Costa Barreiros1
A mesa de madeira, a da entrevista2, é a mesa da sala de estar. É uma
mesa relevante para a história da sociologia econômica brasileira. Em tem-
pos nos quais o tema “les objets dans l’action” ganha os espaços de dis-
cussão da sociologia francesa, falar sobre a mesa da entrevista parece um
bom ponto de partida para introduzir essa conversa com Philippe Steiner.
“Como a sua relação com o Brasil começou? ”, lhe perguntei em determi-
nado momento. A resposta que se sucedeu foi interessante: “Ela começou
aqui onde você está, nesta mesa! ”. Foi exatamente ali onde as primeiras
conversas tête à tête ocorreram entre Philippe Steiner e a então professora
da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Cécile Raud, no iní-
cio dos anos 2000. Esse é um marco importante para a emergente socio-
logia econômica brasileira: a abertura de mais um canal de circulação de
pesquisadores e suas ideias entre a França e o Brasil.
Leitor da obra de Steiner desde 2013, o conheci numa conferência
da ANPOCS em 2016. Foi apenas uma saudação e o cumprimento por
1 Doutorando e mestre em Sociologia Política pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Uni-
versidade Federal de Santa Catarina, com período de estágio doutoral na École Normale Supérieure de Paris.
Membro do Núcleo de Sociologia Econômica (NUSEC) e do METROPOLIS – Laboratório de Pesquisa Social.
Bolsista CNPq. Email: barreirosbc@gmail.com
2 Agradeço ao CNPq pela bolsa SWE que tornou possível a minha estadia na França e a realização dessa
entrevista.
Philippe Steiner e a Sociologia Econômica: trajetória, redes internacionais, afinidades teóricas e objetos de pesquisa |
Bruno Costa Barreiros
466 465 – 486
uma conferência inspiradora. Contudo, foi em uma reunião do Groupe de
Recherche Interdisciplinaire sur le Politique (GRIP) na École Normale Su-
périeure (ENS), destinada a debater a obra dele e seu percurso acadêmico,
que consegui conversar um pouco mais com o professor Steiner. Falando,
dentre outras coisas, sobre o Brasil, descobri um Steiner fascinado pelo
nosso país e com muita história para compartilhar. Dias depois, lhe apre-
sentei uma proposta de entrevista. O aceite veio logo em seguida, junto
com o convite para que a conversa fosse em sua casa.
Philippe Steiner é autor de mais de uma dezena de livros consagrados
sobre a sociologia econômica, a economia política, os mercados, a socio-
logia de Durkheim, o altruísmo, a moral e o transplante de órgãos, ori-
ginalmente publicados em francês, mas com traduções para o espanhol,
o português, o italiano e o inglês, além de um número ainda maior de
capítulos de livros e artigos sobre esses assuntos. Professor de sociologia
da Université Paris-Sorbonne, fez a sua formação acadêmica tanto nas ci-
ências sociais como na economia, o que ajuda a explicar seu interesse pela
sociologia econômica.
A entrevista3 que o leitor encontra adiante foi feita no dia 16 de março
de 2018 no apartamento de Philippe Steiner. Autour d’un café, nos senta-
mos à mesa, a da sala do apartamento de Steiner no sul da capital francesa.
É o mesmo cenário que caracterizou tantas discussões com pesquisadores
brasileiros em doutorados-sanduíche, em pós-doutorados ou em passagens
mais breves pela França. A conversa, cujo registro integral traduzido para
o português o leitor aqui encontra, aborda o processo de conversão de
Philippe Steiner para a sociologia econômica, a relação dele com os eco-
nomistas, a percepção que tem sobre a disciplina da economia e o trânsito
de ideias com a sociologia, as redes internacionais de pesquisadores da so-
ciologia econômica e a sua visão sobre esse campo de estudos no Brasil, a
anidade teórica com Weber e Durkheim, e o seu objeto de interesse de
pesquisa atual, as festas.
3 A entrevista durou 72 minutos. A transcrição em francês e a tradução para o português foram feitas pelo
entrevistador ao longo de abril de 2018. Esta entrevista foi revisada por Philippe Steiner em junho de 2018.

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT