A Plataformização do Trabalho como Produto da Ortodoxia Neoliberal
Autor | Nívea Maria Santos Souto Maior; José Auricio Lopes Araújo |
Ocupação do Autor | Mestre em Direito Público pela Universidade Estácio de Sá-RJ/Graduando do Curso de Bacharelado em Serviço Social do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do estado do Ceará ? IFCE Campus Iguatu |
Páginas | 83-90 |
APTP
ON
Nívea Maria Santos Souto Maior(1)
JoséAuricioLopesAraújo(2)
MestreemDireitoPúblicopelaUniversidadeEstáciodeSáRJMestreemServiçoSocialUniversidadeEstadualdaParaíba
Especialista em Direito do Trabalho pela Universidade Cândido Mendes/RJ. Advogada. Professora. Email legaliteadv@yahoo.com.br
GraduandodoCursodeBachareladoemServiçoSocialdoInstitutoFederaldeEducaçãoCiênciaeTecnologiadoestadodo
Ceará — IFCE Campus Iguatu. E-mailauricioaraujogmailcom
1. Introdução
OsvinteanosdolorososBOYERque
sucederam aos trinta anos gloriosos — foram carac-
terizados pela guinada neoliberal como resposta à
criseestruturalocorridano naldosanos de
colocandomàhegemonia do modelo Tayloris-
ta-Fordista de produção em massa e consumo de
bens duráveis. O modelo Toyotista de produção que
já era experienciado há alguns anos no Japão, vai
aperfeiçoando, paulatinamente, o obsoleto e agora
insustentávelpadrão KeynesianoFordistaocasio-
nando com isso profusas transformações no modus
operandi capitalista.
Essenovo modelo de gestão econômica epo-
lítica deixa de lado o processo de ganho salarial e
proteção social construído após a esgotamento do
liberalismo na década de 1920, culminado na grande
depressão de 1929. Percebeu-se que, em certa medi-
da, a intervenção estatal era necessária já que, como
provado no período supradito, o mercado é incapaz
de autorregular-se. Nessa tessitura, o Estado se (re)
funcionalizahajavista
Aaplicaçãodas políticas econômicas neoliberais
queefetuoumudançassignicativasnosaspectos
jurídicos das relações de trabalho, dando garantias
legais às empresas para admitir e demitir trabalha-
doresdeacordo com os seus interesses ALVES
ALMEIDAp
O Neoliberalismo, para além de uma mudança
na forma de produção, passou a requisitar um novo
perldetrabalhadorAgora nãomaisaqueletéc-
nico de chão de fábrica, que realizava apenas uma
única função como no fordismo. Era necessário, um
trabalhador polivalente capaz de atender às novas
tendências do mercado, apto a realizar as mais
diferentes atividades no menor período de tempo
possível. Ou noutros termos, as relações sociais de-
correntes da sua realização mudam drasticamente
após a reviravolta causada pelo neoliberalismo.
Nesse panorama, se faz necessário um olhar
crítico para a realidade social que ora se apresenta,
no sentido de capturar como se tem consubstanciado
socialmente essas mudanças no mundo do trabalho,
maisespecicamenteasuaplataformizaçãonaerado
capitalismoinformacionalnanceiroespeculativoÉ
preciso também fazer um resgate histórico para que
seja possível a real compreensão do momento pelo
qual estamos passando, bem como a sua relação com
a crise estrutural do capital e, não menos importante,
também se faz necessário uma investigação de como
as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)
tem dado as cartas no atual momento no jogo do
capitalismo mundial.
Para que alcancemos tais objetivos, é indispen-
sável a orientação metodológica do materialismo
histórico, com meio de não descolarmos a nossa
análise da realidade social que se apresenta e que
não caiamos nem na mera abstração, ou então, na
discussão esvaziada de uma teoria, levando em
consideração que “a teoria, sendo um instrumento
da ciência, é utilizada para conceituar os tipos de
dadosaseremanalisadosMARCONILAKATOS
2002, p. 17).
Sendo assim, nós utilizamos de fontes que
tratam das questões propostas a serem analisadas
Reforma Trabalhista.indb 83 03/06/2022 11:44:55
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