Pobreza e territórios (de pobreza): confi gurações a partir da política de assistência social

AutorMaria do Socorro Sousa de Araujo
CargoAssistente Social
Páginas1607-1624
Artigo recebido em: 19/01/2018 Aprovado em: 09/05/2018
POBREZA E TERRITÓRIOS (DE POBREZA):
conÞ gurações a partir da Política de
Assistência Social
Maria do Socorro Sousa de Araújo1
Resumo
O artigo aborda re exões desenvolvidas sobre a Assistência Social como Política
Pública inserida no Tripé da Seguridade Social no Brasil e na ampliação dos di-
reitos sociais. Discute os critérios para de nição de grupos sociais como público
alvo prioritário, a partir da con guração de territórios de pobreza; problematiza
os critérios utilizados para adoção da territorialização da Política de Assistência
Social, tendo em vista a diversidade étnica, social e territorial brasileira.
Palavras-chave: Pobreza, território, Política Nacional de Assistência Social.
POVERTY AND TERRITORIES (OF POVE RTY): from Social
Assistance Policy settings
Abstract
e article approaches re ections developed on Social Assistance as Public Po-
licy inserted on the Tripod of Social Security in Brazil and in the extension
of social rights. It discusses the criteria for de ning social groups as a priority
target audience, based on the con guration of poverty territories; problematizes
the criteria used for the adoption of the territorialization of the Social Assistance
Policy, taking into account the Brazilian ethnic, social and territorial diversity.
Key words: Poverty, territory, National Social Assistance Policy.
1 Assistente Social, Doutora em Políticas Publicas pelo Programa de Pós-Graduação em
Políticas Públicas (PPGPP) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Docente
com exercício como professora do quadro permanente do PPGPP/UFMA e do Curso de
Graduação em Serviço Social/UFMA. E-mail:
contato.socorro@gmail.com
/ Endereço:
Universidade Federal do Maranhão - UFMA: Av. dos Portugueses, 1966, Bacanga - São Luís
– MA. CEP 65080-805
MESAS TEMÁTICAS COORDENADAS
POBREZA(S), TERRITÓRIOS E MULTITERRITORIALIDADES EM
QUESTÃO: desaÞ os para a política Nacional
de Assistência Social
1608
Maria do Socorro Sousa de Araújo
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo foi redigido originalmente como parte da
Mesa Temática Coordenada intitulada “Pobreza(s)”, territórios e
multiterritorialidades em questão: desa os para a Política Nacional
de Assistência Social, apresentada na VIII Jornada Internacional de
Políticas Pública (VIII JOINPP), cujo propósito foi expor resultados
e re exões balizados em estudos e pesquisas desenvolvidos por um
grupo de professore(a)s pesquisadore(a)s de três instituições de en-
sino superior de dois estados do pais, Maranhão e Paraíba, acerca da
discussão da pobreza, territórios e multiterritorialidades no âmbito
da Política Nacional de Assistência Social (PNAS).
As ponderações apresentadas nesse artigo tomam como pon-
to de partida a perspectiva de que a pobreza, assim como o território
são categorias teóricas – regiões1, construídas historicamente a partir
de diferentes critérios. Considerá-los como região, como categoria
teórica, signi ca explicitar que todo processo de classi cação é, na
verdade, um processo de delimitação de um grupo social, de um
critério de di-visão social, que se propõe a dar descontinuidade e
impor fronteiras não apenas às regiões geográ cas, mas também às
regiões que compõem o velho e o novo, o homem e a mulher, o rico
e o pobre.
Assim, as concepções de pobreza são variadas e se orientam
por diferentes valores, diferentes critérios, tais como: econômicos,
político-ideológicos, culturais, religiosos, médicos. Tais critérios ser-
vem para fundamentar a construção de uma determinada concepção
de pobreza.
Nessa lógica, os denominados territórios também são regiões
que podem ser classi cadas a partir de diferentes critérios: geográ -
cos, político-administrativos, sentimentos de pertença, práticas cul-
turais e dinâmicas sociais.
Pretendo aqui, então, identi car e analisar qual(is) as concep-
ções de pobreza e de território são acionados por parte dos técnicos
trabalhadores e gestores do SUAS no Maranhão; quais possíveis re-
lações são estabelecidas entre pobreza, territórios e territórios de po-
breza por parte desses pro ssionais, considerando que no texto nor-
mativo da PNAS (2004) e no próprio Sistema Único de Assistência
Social (SUAS, 2005) a questão da territorialização da Assistência So-
cial2 se constitui aspecto central. E ainda, haja vista que a Assistência

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT