A porta aberta

AutorHarriet Monroe
Páginas84-85
http://dx.doi.org/10.5007/1984-784X.2013v13n20p84
84
|b. pesq. nelic, florianópolis, v. 13, n. 20, p. 84-85, 2013|
A PORTA ABERTA*
Harriet Monroe
Existe o receio, expresso por alguns críticos amigáveis, de que Poetry possa
tornar-se um local de refúgio para poetas menores.
A frase está de alguma forma desgastada. Críticos de rodapé1 m feito o
seu pior para os poetas menores, enquanto permitem que o pintor, o escultor,
o ator ou pior ainda, o arquiteto menormantenham-se ilesos. Todos os
que riem do experimentador de versos caminham com negligência pelas ruas,
e vão seriamente, e até mesmo reverentemente, às exibições anuais em nos-
sas cidades, examinando centenas de pinturas e estátuas sem ao menos espe-
rar que as ganhadoras dos prêmios sejam obras-primas.
Durante o ano que passou um número maior de prêmios em dinheiro,
variando de cem a quinze mil dólares, foi entregue em Pittsburgh, Chicago,
Washington, Nova York e Boston, para trabalhos menores de arte moderna.
Nenhuma palavra elogiosa foi pronunciada para nenhum deles: o primeiro
ganhador do prêmio em Pittsburgh foi uma bela e delicada pintura de um
artista inglês de segunda categoria; em Chicago a ganhadora foi uma paisa-
gem astuta de um jovem e promissor artista americano. Se uma única obra
vencedora de toda a lista, muitas delas compradas a altos preços por museus
públicos, era uma obra-prima, nenhum crítico ainda ousou dizer.
De fato, tal afirmação seria presunçosa, uma vez que nenhum contempo-
neo consegue proferir um veredicto final. Nossos solícitos críticos deveriam
lembrar-se de que Coleridge, Shelley, Keats, Burns, foram poetas menores
para os súditos do Rei George IV, e Poe e Whitman para os súditos do Rei
Longfellow. Além disso, devemos lembrar que Drayton, Lovelace, Herrick, e
muitos outros delicados líricos das antologias, cujas canções perfeitas mos-
* The open door. Poetry, v. I, n. 2, nov. 1912. Tradução de Ibriela Berlanda Sevilla, Julia Maga-
lhães de Oliveira e Laíse Ribas Bastos.
1 O termo original paragraphers designa o redator de notas opinativas sobre assuntos espe-
cíficos para um jornal. Tendo em vista o contexto do editorial, optou-se pela expressão
“críticos de rodapé” como tradução do termo em inglês. [N.T.]

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