O problema parcialmente superado: a consequente formação autodidata dos(as) alunos(as) como pesquisadores(as)

AutorNitish Monebhurrun/Michelle Lucas Cardoso Balbino/Naiara Ferreira Martins/Gilda Nogueira Paes Cambraia
Páginas57-91
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Capítulo 3
O PROBLEMA PARCIALMENTE SUPERADO:
A CONSEQUENTE FORMAÇÃO AUTODIDATA
DOS(AS) ALUNOS(AS) COMO
PESQUISADORES(AS)
Superar o problema da pesquisa ‘desparecida’ depende, na
configuração atual do ensino do direito, de uma vontade e de um
esforço ambos oriundos dos(as) alunos(as). Segue-se uma lógica
autodidata motivada pela vocação prévia dos(as) alunos(as) (3.1.)
que está, no entanto, insuficiente por aproximar-se um pouco a
um tipo de aprendizagem ‘selvagem’ sem a garantia de um
controle institucional permanente (3.2.).
3.1 Uma formação autodidata motivada pela vocação
prévia para a pesquisa
A vocação prévia existe em alguns alunos e algumas
alunas, como ver-se-á no próximo item (3.1.1.), mas ela não pode
ser generalizável. Talvez seja realmente uma característica de
poucos(as) alunos(as), mas é um fator determinante que provoca
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a busca dos caminhos da pesquisa por outros meios, como pelo
próprio empirismo (3.1.2).
3.1.1 O determinismo entre a vocação prévia e a busca de uma
formação de pesquisador(a) autodidata
A natureza dessa formação autodidata, embasada na
vocação, será examinada pela experiência de uma graduanda
(3.1.1.1.), de uma mestranda (3.1.1.2.) e de uma doutoranda
(3.1.1.3.).
3.1.1.1 A experiência de uma graduanda
A busca pela pesquisa fora da sala de aula, levando a um
encontro acidental, pela minha experiência, não pareceu ser por
acaso. O encontro só foi possível por um interesse que me
acompanha antes mesmo do ingresso no curso de direito: o de
investigar sobre assuntos diversos e escrever sobre isso, mesmo
que de maneira simples e despretensiosa. Sem esse elemento não
haveria o porquê da busca pela pesquisa.
Isso me faz crer que aqueles(as) que procuram pesquisar
num contexto em que não motivo específico algum para tal
m uma predisposição para pesquisa. Apesar de ser uma
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constatação meramente empírica, é uma explicação lógica para a
atração de alguns e algumas estudantes à pesquisa mesmo sem
incentivo na sala de aula.
Naturalmente, essa predisposição enseja o desejo pela
pesquisa, mas a pesquisa requer dedicação, tecnicidade e
método68, de maneira muito diferente das provas que somos
submetidos(as) na grade curricular do curso. Por esse motivo,
quando me vi inserida no mundo da pesquisa, tive que buscar
aprender a fazê-la propriamente, tarefa árdua que se torna mais
difícil ainda pela falta de orientação nesse sentido durante o curso,
levando a uma formação quase autodidata, que ainda está em
progresso. Isso evidencia que ser pesquisador(a) requer não só
aptidão, mas vocação, que precisa ser despertada.
Nesse contexto, vocação é a inclinação para qualquer
atividade, ofício ou profissão, sendo uma disposição natural do
espírito, um talento69. Portanto, a vocação para pesquisa significa
não só ter predisposição para tal, mas dedicar-se a ela e fazê-la
68 MONEBHURRUN, Nitish. Manual de metodologia jurídica. Técnicas
para argumentar em textos jurídicos. São Paulo: Saraiva, 2015. 127p.
69 MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo:
Melhoramentos, 2018. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br.

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