O Processo de Implementação das Estratégias: o caso do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC)

AutorDyogo Neis - Maurício Fernandes Pereira - Marison Luiz Soares - Walter Vicente Gomes Filho
CargoDoutorando em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC, Brasil - Docente do Programa de Pós-Graduação em Administração. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC, Brasil - Docente da Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória, ES, Brasil - ...
Páginas22-37
Artigo recebido em: 15/01/2015
Aceito em 06/06/2015
DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-8077.2015v17n41p22
Esta obra está sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso.
22 Revista de Ciências da Administração • v. 17, n. 42, p. 22-37, agosto 2015
O PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS: O CASO
DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE SANTA CATARINA (MPSC)
The Process of Strategies Implementation: the case of the
Public Minstério of Santa Catarina
Dyogo Felype Neis
Doutorando em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, SC, Brasil. E-mail: dyogoneis@hotmail.com
Maurício Fernandes Pereira
Docente do Programa de Pós-Graduação em Administração. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC, Brasil.
E-mail: mfp.cris@gmail.com
Marison Luiz Soares
Docente da Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória, ES, Brasil. E-mail: marison16@hotmail.com
Walter Vicente Gomes Filho
Doutorando em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, SC, Brasil. E-mail: professor.wg@gmail.com
Resumo
Este artigo tem por objetivo analisar o processo
de implementação das estratégias na realidade
do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).
A pesquisa se configura a partir da estratégia de
pesquisa de estudo de caso único, e os dados foram
coletados por meio dos seguintes instrumentos:
pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, entrevista
semiestruturada e observação sistemática. A conclusão
destaca determinadas práticas que tendem a promover
a implementação das estratégias, como o engajamento
da coalizão dominante da Instituição com o processo
de implementação das estratégias formuladas a partir
do planejamento estratégico e emprega processos legais
já existentes para incorporar novas diretrizes na cultura
organizacional; e práticas que tendem a dificultar o
processo de implementação, como o distanciamento
entre os planejadores e os executores das estratégias
e a falta da visão simultânea entre o planejamento e
a execução.
Palavras-chave: Estratégia. Planejamento Estratégico.
Implementação.
Abstract
This article aims to analyze the process of implementing
strategies in reality the Public Minstério of Santa
Catarina. The research is configured from the single
case study research strategy and data were collected
through the following instruments: bibliographical
research, documentary research, semi-structured
interviews and systematic observation. The conclusion
highlights practices that tend to promote the
implementation of strategies such as the engagement
of the institution’s strategic summit with the process of
implementation of the strategies and employs lawsuits
that already existed to incorporate new features in
the organizational culture; and certain practices that
tend to hinder the implementation process, as the gap
between the planners and executors of strategies and
the lack of simultaneous vision between planning and
execution.
Keywords: Strategie. Strategic Planning.
Implementation.
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O Processo de Implementação das Estratégias: o caso do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC)
1 INTRODUÇÃO
Toda organização possui uma estratégia, que
pode ser resultado de processos deliberados ou emer-
gentes, pode estar formal ou informalmente definidas,
podem ser corretas ou incorretas, consistentes ou in-
consistentes, mas ela faz parte da realidade de qualquer
organização. (HAMBRICK; FREDRICKSON, 2001;
PEREIRA, 2010)
Existem ao menos duas formas de compreender o
processo estratégico. Na primeira, a implementação da
estratégia é entendida como a pós-formulação, ou seja,
é o momento de mobilizar os recursos da organização
para se colocar as estratégias planejadas em prática.
Geralmente este modo se configura em metodologias
de processos deliberados, como o planejamento estra-
tégico, por exemplo. Já na segunda, a implementação
da estratégia é vista como um processo emergente, que
ocorre à medida que novos elementos surgem e são
incorporados no processo estratégico da organização.
(WHITTINGTON, 2002; VOLBERDA, 2004)
Os estudos sobre estratégia organizacional estão
bastante desenvolvidos. Entretanto, é possível constatar
que ainda existe um desequilíbrio entre a excessiva
atenção na formulação da estratégia e uma relativa
precariedade na sua implementação (SPEE; JARZA-
BKOWSKI, 2009; KICH, PEREIRA, 2011). Jick (2001)
afirma que desde o início da evolução dos estudos
sobre estratégia, os pesquisadores focalizam o seu
esforço no processo de formulação, mas se esquecem
de que sem a execução plena das ações planejadas,
todo este esforço não gera qualquer resultado prático.
A implementação das estratégias é discutida há
mais de trinta anos e mesmo assim a problemática
permanece em aberto. O próprio precursor do plane-
jamento estratégico, Igor Ansoff (1965), reconheceu a
dificuldade da implementação das estratégias, tanto
que estudou este tema durante cerca de quinze anos,
problemática que denominou como Paralisia por
Análise. Também nesta época, Ackoff (1982), outro
expoente do planejamento estratégico, afirmou que o
plano será efetivo somente se a organização for capaz
de executá-lo.
Portanto, parece evidente que por mais que as
estratégias tenham sido bem escolhidas e estruturadas,
irão fracassar se não forem efetivamente implementa-
das (WHITTINGTON, 2002; ESTRADA; ALMEIDA,
2007). Contudo, Jick (2001) indica que o esforço do
processo de implementação das estratégias é nove
vezes maior que o empenho de formulá-la, ou seja, o
processo de implementação torna-se mais complexo
do que a própria formulação. (Bossidy; Charan, 2002;
Hrebiniak, 2006; Brenes; Mena; Molina, 2008)
Mesmo diante destas dificuldades, existe uma
atenção maior, tanto pelos autores da área quanto pelos
executivos, no processo de formulação do planejamento
estratégico, deixando de lado a sua implementação.
Os administradores já conhecem uma gama de técnicas e
modelos de planejamento, contudo, “[...] o problema se
apresenta quando chega o momento de agir e colocar as
estratégias definidas em prática, ou seja, o momento de
implantar o plano estratégico”. (KICH; PEREIRA, 2011,
p. 1.046)
Visando abordar esta lacuna, esta pesquisa visa
compreender como ocorre a implementação das es-
tratégias na realidade do Ministério Público de Santa
Catarina (MPSC).
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Na concepção de Bossidy e Charan (2002), a
execução é um processo sistemático que aborda os
comos e quês. Assim, coloca-se em prática o que foi
decidido e garante-se que os indivíduos terão respon-
sabilidades na execução da estratégia. Esse processo
inclui a elaboração de hipóteses acerca do ambiente,
a avaliação de habilidades organizacionais, a relação
entre estratégia e operação, além das pessoas que irão
implementá-las.
Ela deve ser tratada como um processo contí-
nuo e constante. Entretanto, como se constitui por
um período de tempo maior que a formulação, o
entendimento da implementação como um proces-
so torna-se mais complexo e difícil (HOMBURG;
KROHMER; WORKMAN, 2004). Um dos principais
estudiosos sobre a implementação das estratégias
organizacionais, Lawrence G. Hrebiniak (2006, p.
23) concebe que:
A execução é essencial para o sucesso. Ela repre-
senta um processo disciplinado ou um conjunto
lógico de atividades conectadas que permite que
uma organização utilize uma estratégia e a faça
funcionar. Sem uma abordagem cuidadosa e

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