Produtividade e heterogeneidade na estrutura produtiva da indústria de transformação no Brasil
| Autor | Edileuza Vital Galeano, Amilcar José Carvalho |
| Cargo | Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, Brasil/Secretaria do Estado e da Fazendo do Espírito Santo - Sefaz Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil |
| Páginas | 1-23 |
Textos de Economia, Florianópolis, v. 22, n. 2, p. 1-23, jul./dez., 2019. Universidade Federal de Santa Catarina.
ISSN 2175-8085. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8085.2019.e57153 .
Artigo
Original
PRODUTIVIDADE E HETEROGENEIDADE NA
ESTRUTURA PRODUTIVA DA INDÚSTRIA DE
TRANSFORMAÇÃO NO BRASIL
Productivity and Heterogeneity in the Production Structure of the
manufacturing Industry in Brazil
Edileuza Vital GALEANO
Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – Incaper
Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, Brasil
edileuzagaleano@gmail.com
Amilcar José CARVALHO
Secretaria do Estado e da Fazendo do Espírito Santo – Sefaz
Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil
amiljoc@gmail.com
RESUMO
Objetivo: Este artigo apresenta um panorama da produtividade média do trabalho na indústria de transformação com
ênfase na heterogeneidade estrutural e traz algumas discussões sobre o desempenho da produtividade e sua relação
com o processo de desindustrialização ocorrida nas últimas décadas. Foi apresentada a contribuição de cada setor para
o nível de produtividade mé dia nacional do trabalho. As estatísticas de dispersão apresentadas indicam que houve
elevação da heterogeneidade do crescimento da produtividade entre o s setores de 20 07 para 2015. A partir dos dados
apresentados, c onclui-se que houve aumento na heterogeneidade estrutural e que as indústrias extrativas, ligadas a
recursos naturais, foram as que mais contribuíram para o aumento da heterogeneidade estrutural.
PALAVRAS-CHAVE: Produtividade do trabalho. Heterogeneidade. Desindustrialização.
ABSTRACT
Objetive: This article provides an overview of labor productivity in the manufacturing industry with emphasis on the
structural h eterogeneity an d presents some discussions on the performance of productivity and its relationship to the
process of desindustrialization occurred in recent decades. The contribution of each sector to the average national labor
productivity level was presented. The dispersion statistics presented indicate that there was an increase in the
heterogeneity of productivity growth between the sectors from 2007 to 2015. From the data presented, it was concluded
that there was an increase in the structural heterogeneity and that the extractive industries, linked to natural resources,
were the ones teat contributed most to the increase in structural heterogeneity.
KEYWORDS: Labor productivity. Heterogeneity. Deindustrialization.
Classificação JEL: O14
Recebido em: 20-05-2018. Aceito em: 09-04-2019.
2
Textos de Economia, Florianópolis, v. 22, n. 2, p. 1-23, jul./dez., 2019. Universidade Federal de Santa Catarina.
ISSN 2175-8085. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8085.2019.e57153
1 INTRODUÇÃO
Após a estabilidade de preços ocorrida em meados da década de 1990, uma série
de outras medidas como a abertura econômica, as privatizações, novas regras de
funcionamento das instituições econômicas configuraram um contexto macroeconômico
bastante distinto do que vigorou durante o período de industrialização acelerada na
economia. Este novo contexto teve impacto na estrutura produtiva. A participação da
indústria de transformação passou de uma contribuição de mais de 30% em 1980 para
12,2% em 2015 (IBGE, 2018). Bonelli et al. (2013) mostraram que o Brasil vem se
desindustrializando desde meados de 1970.
Com a abertura comercial observada a partir do início dos anos de 1990, muitos
setores industriais incorreram em processos de modernização produtiva e de ganhos
tecnológicos necessários à maior integração comercial aos mercados mundiais. Além disso,
a intensificação da concorrência com os bens importados promoveu uma realocação
espacial das atividades industriais, as quais tiveram reflexos nos demais setores da
economia. As indústrias tiveram de se adequar à nova realidade, buscando a redução de
seus custos de produção a fim de ampliarem suas margens de lucratividade, implicando
também um processo de realocação de plantas industriais entre as regiões do Brasil. Como
resultado desse processo, houve aumento da polarização da estrutura produtiva, pois
setores que não sofreram modernização, apenas mudança de localização, continuaram a
abrirem postos de trabalho com baixa produtividade. Nesse contexto, o tema
heterogeneidade estrutural passou a ser mais discutido nas abordagens sobre
industrialização no Brasil.
Apesar das conquistas com a estabilidade de preços a partir de 19941, os setores
industriais no Brasil estão atrasados em termos de avanços tecnológicos e produtividade.
Mesmo a expansão do investimento em formação de capital na fase de maior crescimento
recente da economia estimulado pelo crescimento do comércio internacional e pelo
aumento no preço das commodities exportadas pelo Brasil (2004-2008) não foi o suficiente
para reverter a tendência à estagnação da produtividade industrial. Vários estudos recentes
mostram que a produtividade média do trabalho no Brasil parou de crescer nos últimos anos
1 Uma das conquistas com a estabilidade de preços foi a redução da desigualdade social (queda
sistemática do índice de Gini, por exemplo, que saiu da faixa de 0,6 em meado dos anos 1990 para
a faixa de 0,5 em 2015), que contribuiu para a ampliação do mercado doméstico de bens industriais
de consumo.
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