Profissionalismo na Construção Civil em Tempos de Certificação do Desempenho Edilício

AutorTito Lívio Ferreira Gomide
Páginas101-106

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Em recente artigo da revista Veja de 10 de dezembro de 2014, intitulado "Órfãos da profissão", o jornalista e economista Claudio de Moura Castro faz constatação de que uma exagerada proporção de nossa força de trabalho é órfã da boa formação profissional, cabendo reproduzir o destaque do artigo que questiona: "Como reclamar que trabalham mal, se não tiveram a chance de aprender certo? Como vituperar contra a baixa produtividade?", e o articulista dá exemplos do bom e do mau profissionalismo, salientando os predicados de seriedade e amor profissional, que são os seguintes:

* conhece e domina os gestos e técnicas de sua profissão, tendo disso muito orgulho;

* possui e usa a ferramenta certa, cuidando dela com desvelo e competência (sobretudo na afiação);

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* prepara gabaritos e apoios ou constrói ferramentas para facilitar o trabalho;

* é um crente na religião de qualidade, sendo o fiscal mais impiedoso do seu próprio desempenho;

* cumpre com dedicação as obrigações assumidas (horários, orçamentos, etc.).

E Claudio de Moura Castro afirma que são três as maneiras clássicas de bem formar um profissional: o aprendiz e seu mestre, cursos de formação profissional como o Senai (na Alemanha, a aprendizagem dura 3,5 anos) e o autodidatismo.

A nossa experiência nos canteiros revela que nossos operários da construção civil, em sua maioria, trilharam o aprendizado sem cursos de formação profissional, através de conhecimentos adquiridos com seus colegas ou pelo autodidatismo. Essa opções de aprendizado, evidentemente, exigem bom nível de educação, o que não é regra entre os nossos operários.

Fácil perceber, então, nossas dificuldades com a mão-de-obra da construção civil, indicando o grande desafio do presente, pois está vigente a norma de desempenho da ABNT - NBR 15.575/13, a exigir quali-dade e durabilidade às nossas futuras edificações residenciais.

Sob o título de "Anomalias Construtivas Triplo I", também escrevemos um artigo abordando aspectos do

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profissionalismo na construção civil brasileira, revelando que mesmo em tempos de Brasil com edifícios triple AAA ainda convivemos com anomalias construtivas triplo iii, decorrentes de falhas humanas primárias, num paradoxo bem brasileiro.

A doutrina ensina que as anomalias construtivas são decorrentes de quatro origens:

* fatores exógenos causadas por terceiros;

* fatores endógenos decorrentes da própria edificação (projeto, execução e materiais);

* fatores naturais...

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