A psicologia e a educação ambiental

AutorLuana dos Santos Raymundo - Ariane Kuhnen
CargoAluna do PPG em Psicologia/UFSC - Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis/SC
Páginas435-450
Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, Volume 44, Número 2, p. 435-450, Outubro de 2010
__________________________________________________
* Psychology and environmental education
1 Aluna do PPG em Psicologia/UFSC, Endereço para correspondências: Laboratório de Psicologia
Ambiental, CFH/UFSC, Campus Universitário, Florianópolis, SC, 88040-970 (lua_sr@yahoo.com.br)
2 Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis/SC (ariane@cfh.ufsc.br).
A psicologia e a educação ambiental*
Luana dos Santos Raymundo1
Ariane Kuhnen2
Universidade Federal de Santa Catarina
Objetivando investigar como a
Educação vem se apropriando dos es-
tudos psicológicos e como essa rela-
ção entre as disciplinas aparece nas
pesquisas em ciências humanas, pro-
pôs-se neste artigo, verificar nas pu-
blicações da área, como a Educação
vem dialogando com a Psicologia. As-
sim, este artigo realizou um levanta-
mento bibliográfico em duas bases de
dados referenciadas na área de ciên-
cias humanas (PsycINFO e Web of
Science). Os resultados foram orga-
nizados em eixos temáticos, nos quais
se identificou a predominância de dois
eixos: 1) Estudos que utilizam as fer-
ramentas psicológicas para avaliar a
efetividade de programas educacionais
ambientais específicos; 2) Estudos que
procuram resgatar conceitos da psico-
logia ambiental como indicadores de
intervenções na relação pessoa-
ambiente. Nesse sentido, este artigo
sugere a apropriação pela educação
ambiental dos estudos em Psicologia
Ambiental Evolutiva (eixo temático 3),
os quais identificam durante todo o ci-
clo vital as dimensões intervenientes
no processo de aprendizagem e cons-
tituição do sujeito ecológico.
Aiming to investigate how edu-
cation comes to appropriating the
psychological studies and how this re-
lationship between the disciplines in
the research appears in the humani-
ties, it was proposed in this article,
check in area publications such as
Education is talking to Psychology.
Thus, this paper conducted a literatu-
re review in two databases referen-
ced in the area of humanities (Psy-
cINFO and Web of Science). The
results were organized into themes,
in which they identified the predomi-
nance of two axes: 1) Studies that use
of psychological tools to assess the
effectiveness of specific environmen-
tal education programs, 2) studies that
try to rescue concepts of psychology
as indicators of environmental inter-
ventions in person-environment rela-
tionship. Thus, this article suggests the
appropriation for environmental edu-
cation studies in environmental
psychology evolutionary (main theme
3), which identified throughout the life
cycle dimensions involved in the le-
arning process and constitution of the
ecological self.
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UMANAS
Revista de Ciências
H
Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, Volume 44, Número 2, p. 435-450, Outubro de 2010
Introdução
A literatura especializada em educação e meio ambiente vem crescendo dia
a dia, tanto no âmbito das ciências naturais quanto no das ciências huma-
nas (GONZÁLEZ-GAUDIANO & LORENZETTI, 2009). Mas apesar de
todos concordarem que é preciso fazer algo a respeito da crise ambiental e que
isso exige uma mudança nas atitudes das pessoas, há divergências e disputas
entre diversos pontos de vista sobre o que fazer, sobre como fazer, e ainda,
sobre quais interesses devem prevalecer na complexa negociação entre os
grupos sociais, entre o progresso e a modernidade, que envolvem projetos, vi-
sões de mundo e posicionamentos científicos distintos.
O que parece ser de certa forma consenso nas ciências humanas, entre-
tanto, é a constatação de que o principal responsável pela crise ambiental é o
homem. Para Pinheiro (2002) os danos ambientais tem aumentado e se tornado
mais evidentes a cada dia, tanto para os cientistas quanto para a população em
geral. Em decorrência disso, tem crescido o interesse pelos aspectos psicológi-
cos da relação pessoa-ambiente nas diversas áreas do conhecimento e parale-
lamente, o interesse em se identificar os motivos de rejeição para com os com-
portamentos pró-ambientais e as propostas de sustentabilidade pelo homem
(CORRAL-VERDUGO & PINHEIRO, 1999).
A Educação Ambiental, por exemplo, convocada a pensar os problemas
concretos da relação pessoa-ambiente, contribuindo para o bem estar geral e
para a sobrevivência da espécie humana (UNESCO, 1978), sempre se depa-
rou com a problemática desta relação. Pois constatou que as ações humanas e
mais especificadamente as atitudes e comportamentos ecológicos são comple-
xos e multideterminados (CARVALHO, 2006). Uma pessoa pode cultivar uma
ideologia ecológica mas, por vários motivos, seguir mantendo condutas nem
sempre em conformidade com esses ideais.
Percebeu-se que ao privilegiar a dimensão comportamental da atitude,
treinando os sujeitos para ações pró-ambientais programadas, não se estava
criando uma atitude ecológica de fato. Ir além de uma aprendizagem compor-
tamental, levando em conta as dimensões afetivas e cognitivas da atitude, é
atualmente o desafio enfrentado pela Educação Ambiental que se autodenomi-
na “Crítica” (CARVALHO, 2006).
A EA Crítica entende por atitude ecológica a adoção de um sistema de
crenças, valores e sensibilidades éticas e estéticas orientados segundo os ideais
Palavras-chave: Educação ambien-
tal – Psicologia ambiental – Interdis-
ciplinaridade
Keywords: Environmental education
– Environmental psychology – Inter-
disciplinary

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