A quarta revolução e a necessária reinvenção da Biblioteconomia

AutorArabelly Ascoli, Marcos Galindo
Páginas1-21
Encontros Bibli: revist a eletrônica de bibliotecon omia e ciência da informação, Florianópolis, v. 26, 01-21, 2021.
Universidade Federal de Santa Catarina. ISSN 1518-2924. DOI: ht tps://doi.org/10.5007/1518-2924.2021.e75961
Artigo
Original
A QUARTA REVOLUÇÃO E A NECESSÁRIA
REINVENÇÃO DA BIBLIOTECONOMIA
The fourth revolution and the necessary reinvention of Library Science
Arabelly ASCOLI
Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Pernambuco, PE,
Recife, Brasil
arabelly_ascoli@hotmail.br
https://orcid.org/0000-0003-2152-4770
Marcos GALINDO
Doutor em Línguas e Cultura da América Latina pela Leiden University, Leiden,
Holanda e professor associado IV do Departamento de Ciência da Informação da
Universidade Federal de Pernambuco, PE, Recife, Brasil
galyndo@gmail.com
https://orcid.org/0000-0001-5611-9586
A lista completa com informações dos autores está no final do artigo
RESUMO
Objetivo: Discutir sobre a reinvenção da Biblioteconomia no contexto da quarta revolução.
Método: O estudo foi caracterizado como descritivo e utilizou como métodos a revisão de literatura, a análise
bibliográfica e documental.
Resultados: Apresenta um panorama sobre a quarta revolução, promovida pelas tecnologias digitais, e seus impactos
no mundo do trabalho. Observa que, diante da c rescente facilidade de acesso à internet, as bibliotecas estão dividindo
seu espaço de provedor de fontes de informação e verifica a persistência do perfil tecnicista do bibliotecário. Discorre
sobre a desconexão entre a formação superior e as exigências atuais e potenciais do mercado de trabalho do
bibliotecário contemporâneo no Brasil.
Conclusões: Recomenda-se repensar o ensino n a graduação em Biblioteconomia e promover a aprendizagem
continuada para que os bibliotecários desenvolvam e atualizem competências informacionais e tecnológicas.
PALAVRAS-CHAVE: Futuro da biblioteca. Tendências para Biblioteconomia. Quarta revolução. Bibliotecário.
ABSTRACT
Objective: Discuss the reinvention of Librarianship in the context of the fourth revolution.
Methods: The study was characterized as descriptive and used literature review, bibliographic an d documentary
analysis as methods.
Results: It presents an overview of the fourth revolu tion, promoted by digital technologies, and its impact on the world of
work. It observes that, given the increasing ease of access to the internet, libraries are sharing their s pace as a provider
of information sources and verifies the persistence of the librarian's technical profile. It discusses the disconnect between
higher education and the current and potential demands of the contemporary librarian's job market in Brazil.
Conclusions: It is recommended to rethink teaching in undergraduate librarianship and to promote continued learning
so that librarians develop and update informational and technological skills.
KEYWORDS: Future of the library. Trends in Librarianship. Fourth revolution. Librarian.
Encontros Bibli: revista eletrônica d e biblioteconomia e ciência da inform ação, Florianópolis, v. 26, 01-21, 2021.
Universidade Federal de Santa Catarina. ISSN 1518-2924. DOI: ht tps://doi.org/10.5007/1518-2924.2021.e75961
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1 INTRODUÇÃO
Se, pelos livros, você deve ser entendido como se referindo às nossas
inúmeras coleções de papel, impressas, costuradas e encadernadas em
uma capa anunciando o título da obra, tenho a você francamente que não
acredito (e o progresso da eletricidade e o mecanismo moderno me proíbe
de acreditar) que a invenção de Gutenberg pode fazer de outra maneira,
antes que mais cedo ou mais tarde desapareça como meio de
interpretação atual de nossos produtos mentais. (UZANNE, 2014)
O futuro dos livros e das bibliotecas tem sido tema de debate recorrente, presente
desde as obras ficcionais até os trabalhos acadêmicos. O desenvolvimento das
tecnologias digitais e a facilidade de acesso a variados tipos de conteúdo na internet
parecem estar enfraquecendo o poder secular atribuído ao livro, mais especificamente ao
livro enquanto objeto físico, e, como consequência, desvalorizando as bibliotecas. O ofício
do bibliotecário, ao longo de sua existência, já foi ameaçado muitas vezes, mas o desafio
de adaptação e garantia de sua permanência no futuro da sociedade parece nunca ter
sido maior que o que se desenha agora.
Não é a primeira vez que a permanência do livro, em seu formato tradicional, é
posta em cheque. No final do século XIX, o jornalista e bibliófilo francês Octave Uzanne
vivamente influenciado pela escola ficcionista francesa do final do século, bem como
pelos avanços tecnológicos do seu tempo, especialmente aqueles protagonizados por
Thomas Edison nos Estados Unidos profetizava o desaparecimento desse suporte em
sua obra visionária “O fim dos livros” (GALINDO; LIMA, 2018).
Mais de um século antes da invenção dos leitores digitais e audiolivros, Uzanne
escreveu uma história inspirada pelos avanços em tecnologia fonográfica, imaginando
como o livro impresso poderia desaparecer (OCTAVE... 201-). A inovação tecnológica que
substituiria o livro remete ao que hoje é conhecido como audiolivro, materialização de um
dos vaticínios do autor. Uzanne antecipa em seu ensaio a emergência da cultura visual do
século XX marcada pela evolução da fotografia, do áudio, do cinema, da televisão e da
internet. A reconfiguração de uma ambiência onde as hipermídias em suas múltiplas
formas passam a inundar o cotidiano.

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