QUESTÕES DE GÊNERO NA ESCOLA: PERSPECTIVA DE ALUNXS DA EDUCAÇÃO INFANTIL SOBRE PADRÕES ESTABELECIDOS SOCIALMENTE

AutorFernanda Marques da Silva, Elenise da Silva Pereira, Ben Hur Graboski Pinheiro, Eliane Fraga da Silveira
Páginas63-78
GÊNERO|Niterói|v.19|n.2| 63|1. sem.2019
QUESTÕES DE GÊNERO NA ESCOLA: PERSPECTIVA
DE ALUNXS DA EDUCAÇÃO INFANTIL SOBRE
PADRÕES ESTABELECIDOS SOCIALMENTE
Fernanda Marques da Silva1
Elenise da Silva Pereira2
Ben Hur Graboski Pinheiro3
Eliane Fraga da Silveira4
Resumo: Os bolsistas do PIBID/Ulbra desenvolveram atividades com o objetivo
de dissociar a percepção dos alunxs sobre hábitos ditos de menino e menina, por
meio da discussão de temas relacionados a gênero na infância. O estudo foi de-
senvolvido em uma escola pública com turmas da Educação Infantil, onde foram
realizadas cinco atividades. Os resultados apontaram que as crianças conhecem
os padrões estabelecidos socialmente, mas se mostram contrários a eles, afirman-
do que cada indivíduo possui sua liberdade de expressão. Percebe-se que práti-
cas diferenciadas são fundamentais no processo de aprendizagem, propiciando a
abordagem de assuntos relacionados a gênero de forma interessante e natural.
Palavras-Chave: Educação; Gênero; Padrões Sociais.
Abstract: The PIBID/Ulbra fellows developed activities with the objective of to
dissociate students' perceptions about the habits of boys and girls, through the
discussion of gender issues in childhood.The study was developed in a public school
with classes in Early Childhood Education, where five activities were carried out.
The results pointed out that the children know the socially established patterns, but
they are contrary to them, arming that each individual possesses their freedom
of expression. It is noticed that dierentiated practices are fundamental in the
learning process, providing an interesting and natural approach to gender issues.
Keywords: Education; Gender; Social Standards.
Introdução: A construção dos gêneros
O conceito de gênero foi elaborado por feministas anglo-saxãs no início da
1 Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Luterana do Brasil. E-mail: fmarques028@gmail.com.
2 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Luterana do
Brasil. E-mail: elenise.spg@hotmail.com.
3 Graduando do curso de Ciências Biológicas da Universidade Luterana do Brasil. E-mail: benhurgraboski@gmail.
com.
4 Doutora em Biologia Animal pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professora do Programa de Pós-
-Graduação em Promoção da Saúde da Universidade Luterana do Brasil. E-mail: elianefraga3@hotmail.com.
p.063-078
GÊNERO|Niterói|v.19|n.2|64 |1. sem.2019
década de 70 e estas criticavam o caráter social de distinção baseada no sexo.
O movimento lutava pela rejeição do determinismo biológico que estava pre-
sente em termos como diferença sexual, as feministas buscavam explicar que a
feminilidade e a masculinidade não são exclusivamente características biológicas.
Conforme Meyer (2003, p.16):
O conceito de gênero passa a englobar todas as formas de construção so-
cial, cultural e linguística implicadas com os processos que diferenciam mulhe-
res de homens incluindo aqueles processos que produzem seus corpos, distin-
guindo-os e separando-os como corpos dotados de sexo, gênero e sexualidade.
Quando o gênero é considerado uma construção social, compreende-se de
que há muitas formas de se definir a masculinidade e a feminilidade, porém a
sociedade considera apenas uma forma correta, ou seja, uma maneira de ser ho-
mem e uma maneira de ser mulher. Então é definido um padrão a ser seguido e
aqueles que não seguem tal padrão são ditos anormais (MARTINS, 2017).
Os padrões culturais de gênero e sexualidade são construídos historicamen-
te e reproduzidos em diversos âmbitos sociais, como a família, igreja e a escola
(MARTINS, 2017). Essas instituições influenciam diretamente no desenvolvi-
mento e aprendizagem dos indivíduos, por serem exemplos em questões de com-
portamentos que são considerados adequados e normais. O indivíduo que está
em processo de formação, em sua infância e juventude, que não se ajusta a esta
normativa, passa então a ser alvo de abjeções nos diversos lugares que frequenta.
A prática educacional é influenciada principalmente pela esfera familiar, e os
familiares impõem nos indivíduos maneiras que consideram corretas de agir. Fur-
lani (2005, p. 51) explica que:
Pais, mães e todos/as que se relacionam com a criança ou jovem, apresentam um
comportamento que reforça (ou que constrói) as características sociais esperadas
para aquele sexo/gênero. Trata-se de todo um conjunto de aspectos diversos como
atitudes, linguagem, vestimentas, brinquedos, que, uma vez expressados no com-
portamento dos adultos, familiares e da sociedade, de um modo geral, contribuirão
para a definição de uma identidade subjetiva a ser incorporada por aquela pessoa.
Sobre tais padrões Martins (2017) diz que estes impõem nos indivíduos certo
caráter patológico a tudo que não os correspondem, e assim estimulam a discri-
minação e o preconceito. Tais práticas estão impregnadas na sociedade e são mui-
to frequentes no dia a dia escolar. Atividades que desenvolvam inclusão às diver-
p.063-078

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT