Racismo e preconceito nas redes sociais digitais: pesquisa com estudantes do ensino médio

AutorRodrigo Barbosa de Paulo, Helen de Castro Silva Casarin, Rafael Gutierres Castanha, Glória Maria Lourenço Bastos
CargoDoutor em Ciência da Informação Universidade Estadual Paulista -UNESP- PPGCI- Marília, Brasil. / Doutorado em Letras Universidade Estadual Paulista - UNESP- Marília, Brasil. / Mestre em Ciência da Informação Universidade Estadual Paulista -UNESP- PPGCI- Marília, Brasil. / Doutorado em Educação Universidade Aberta de Portugal- UAB- Lisboa, Portugal.
Páginas98-118
Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, Florianópolis, v. 27, p. 01-21, 2022.
Universidade Federal de Santa Catarina. ISSN 1518-2924. DOI: ht tps://doi.org/10.5007/1518-2924.2022.e84256
Artigo
Original
RACISMO E PRECONCEITO NAS REDES SOCIAIS
DIGITAIS: PESQUISA COM ESTUDANTES DO ENSINO
MÉDIO
Racismo e preconceito nas redes sociais digitais: pesquisa com estudantes do ensino médio
Rodrigo Barbosa de Paulo
Doutor em Ciência da Informação
Universidade Estadual Paulista -UNESP- PPGCI- Marília,
Brasil.
rodrigodepaulo22@hotmail.com
https://orcid.org/0000-0001-9008-2537
Helen de Castro Silva Casarin
Doutorado em Letras
Universidade Estadual Paulista - UNESP- Marília, Brasil.
helen.castro@unesp.br
https://orcid.org/0000-0002-3997-9207
Rafael Gutierres Castanha
Mestre em Ciência da Informação
Universidade Estadual Paulista -UNESP- PPGCI- Marília,
Brasil.
r.castanha@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-3117-1780
Glória Maria Lourenço Bastos
Doutorado em Educação
Universidade Aberta de Portugal- UAB- Lisboa, Portugal.
gloria.bastos@uab.pt
https://orcid.org/0000-0002-1432-225X
A lista completa com informações dos autores está no final do artigo
RESUMO
Objetivo: Discutir como o preconceito tem se evidenciado nas redes sociais digitais, com ênfase sobre o racismo;
identificar os principais preconceitos sofridos e testemunhados por estudantes do ensino médio em redes sociais digitais.
Método: A fundamentação teórica foi construída a partir do diálogo de autores negros que discutem o tema. O estudo foi
realizado em uma escola privada de uma cidade d o interior do estado de São Paulo. Para a coleta de dados, aplicou -se
um questionário eletrônico ao conjunto de estudantes do ensino médio. Participaram da pesquisa 215 estudantes.
Resultado: constata-se que a maioria dos estudantes possui redes sociais e que também presenciam situações de
preconceito na internet, sendo em grande parte devido a: cor ou raça, aparência física, por gostar de pessoas do mesmo
sexo e por ser mulher. Os es tudantes participantes da pesquisa possuem maior facilidade de perceberem o preconceito
sofrido por terceiros, que reconhecer as situações em que foram vítimas.
Conclusões: A principal conclusão é que, assim como no mundo analógico, os educadores, incluindo os bibliotecários,
precisam fortemente pautar os temas relacionados ao preconceito e racismo em sua prática educativa de forma c rítica.
Espera-se que os resultados possam ser usados como subsídio para preparação de programas de competência digital
aos estudantes.
PALAVRAS-CHAVE: Redes sociais. Estudantes do ensino médio. Racismo. Preconceito. Competência digital
ABSTRACT
Objective: Discuss how prejudice has been evidenced in digital social networks, with an emphasis on racism; identify the
main prejudices suffered and witnessed by Brazilian high school students in digital social networks.
Method: The theoretical foundation was b uilt from the dialogue of black authors who discuss the topic. The study was
carried out in a private school in a city in the interior of the s tate of São Paulo. For data c ollection, an electronic
questionnaire was applied to the group of high school students at the school. 215 students participated in the research.
Result: it appears that most students have social networks and also witness situations of prejudice on the internet, largely
due to: color or race, physical appearance, liking people of the same sex and being a woman. It is easier for students
participating in the research to perceive the prejudice suffered by others, rather than by themselves.
Conclusions: The main c onclusion is that, just like in the analog world, educators, including librarians, need to strongly
guide the themes related to prejudice and racism in their educational practice in a critical way. It is hoped that the results
can be used as a subsidy for the preparation of digital literacy programs for high school students.
KEY WORDS: Social networks. High school students. Racism. Preconception. Digital literacy.
Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, Florianópolis, v. 27, p. 01-21, 2022.
Universidade Federal de Santa Catarina. ISSN 1518-2924. DOI: ht tps://doi.org/10.5007/1518-2924.2022.e84256
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1 INTRODUÇÃO
Em nossa sociedade, o acesso à informação através da internet está cada vez mais
presente no dia a dia de pessoas de diferentes faixas etárias. A mídia digital e os aplicativos
voltados para crianças pequenas usam uma combinação de exibição de ícones, áudio e
vídeo para fornecer instruções operacionais que lhes permitem acessar e interagir com a
internet independentemente da supervisão de adultos (EDWARDS et al., 2018).
Crescer em um ambiente em que as pessoas estão constantemente on-line
demanda uma educação sobre segurança cibernética, desde os anos iniciais (EDWARDS
et al., 2018). Segundo Dias e Cavalcante (2016), a internet possui atualmente um papel
fundamental na mudança de hábitos e de relacionamentos, criando um ambiente de
formação de identidades. Como referem Correa e Jeong (2011), as ferramentas digitais
para o compartilhamento na internet abriram um novo espaço “[...] para representação,
conexão e participação para minorias raciais e étnicas que têm sido tradicionalmente
excluídas da mídia tradicional e espaços públicos” (p. 654, tradução nossa).
Neste sentido, têm sido realizados estudos transversais, que procuram saber como
as crianças e jovens se relacionam com os contextos digitais online, como é o caso do
relatório EU Kids online (SMAHEL, 2020), envolvendo 19 países europeus. É importante
identificar, por exemplo, que tipo de experiências são vivenciadas (negativas e positivas) e
como os mais novos reagem perante esses fatos.
Pesquisas também buscam parâmetros para desenvolvimento de competências
digitais nos estudantes, com o desenvolvimento de competência em informação e das
mídias (LUCAS; MOREIRA, 2018).
Evidencia-se como problema de pesquisa que, atualmente, o perfil dos estudantes
abrange não somente o consumo de informações, mas também a sua produção e
disseminação. Comportamentos de descriminação e de violência, nomeadamente
baseados em questões raciais, são vistos e difundidos nas redes, ampliando as suas
repercussões, pelo que importa atuar, nomeadamente nas escolas e na educação dos
jovens (SMAHEL, 2020; COSTELLO; DILLARD, 2019).
O respeito à diversidade, tolerância e empatia estão contidos nas competências
gerais da Educação Básica estabelecidos pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e
devem permear o período que abrange a formação básica (BRASIL, 2018). No entanto,
pode-se questionar como estes conteúdos vêm sendo abordados nas escolas, entendendo
que o bibliotecário no contexto escolar é também um educador. Sendo o processo de

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