Red flags de auditoria e divulgação das deficiências de controles internos nas empresas do IBRX 100

AutorCarolini Verdan Brandão, Laise Mascarenha Ballarini, Vagner Antônio Marques, Viviane da Costa Freitag
CargoMestranda em Ciências Contábeis (UFES), Vitória/ES, Brasil - Mestranda em Ciências Contábeis (UFES), Vitória/ES, Brasil - Doutor em Administração (UFMG) Professor e Coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências Contábeis (UFES), Vitória/ES, Brasil - Doutora em Contabilidade (UNISINOS) Professora do Departamento de Finanças e ...
Páginas22-39
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Artigo
Original
Revista Contemporânea de Contabilidade, Florianópolis, v. 18, n. 48, p. 22-39, jul./set., 2021.
Universidade Federal de Santa Catarina. ISSN 2175-8069. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8069.2021. e76636
Artigo
Original
Red flags
de auditoria e divulgação das deficiências de
controles internos nas empresas do IBRX 100
Audit red flags and internal control weaknesses disclosure in IBRX 100 listed companies
Las red flags de auditoría y la divulgación de las deficiencias de control interno en empresas del
IBRX 100
Carolini Verdan Brandão
Mestranda em Ciências Contábeis (UFES),
Vitória/ES, Brasil
caroliniverdan@hotmail.com
https://orcid.org/0000-0002-6745-8564
Vagner Antônio Marques
Doutor em Administração (UFMG)
Professor e Coordenador do Programa de Pós-graduação
em Ciências Contábeis (UFES), Vitória/ES, Brasil
vagner.marques@ufes.br
https://orcid.org/0000-0001-7210-4552
Laíse Mascarenhas Ballarini*
Mestranda em Ciências Contábeis (UFES),
Vitória/ES, Brasil
laiseballarini@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-3514-9281
Viviane da Costa Freitag
Doutora em Contabilidade (UNISINOS)
Professora do Departamento de Finanças e Contabilidade (UFPB),
João Pessoa/PB, Brasil
viviane.freitag@academico.ufpb.br
https://orcid.org/0000-0001-8989-1361
Endereço do contato principal para correspondência*
Av. Fernando Ferrari, 514 – Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, CEP: 29.075-910 - Vitória/ES, Brasil
Resumo
Este estudo analisou o efeito das Red Flags de Auditoria (RFA) sobre a divulgação de Deficiências de
Controles Internos (DCI) das empresas participantes do Índice Brasil 100 da B3, no período de 2010 a 2018.
A pesquisa, de natureza descritiva, documental e com abordagem quantitativa, utilizou-se da análise de
conteúdo, testes de diferenças entre as médias/medianas/proporções e análise de regressão, logística e de
Poisson para a análise dos dados. Os resultados evidenciaram que as categorias de DCI mais divulgadas
foram: Políticas Contábeis; Falhas Tecnológicas; e Contas Específicas. As RFA relacionadas às vendas,
contas a receber e depreciação, reduzem a probabilidade de divulgação de uma DCI, enquanto aquelas
relacionadas à lucratividade e endividamento, aumentam. Os resultados reforçam o papel das RFA como
sinalizadores de problemas nos controles internos das empresas, contribuindo para a avaliação de risco e
redução da assimetria informacional para investidores, auditores, reguladores e demais usuários da
informação contábil.
Palavras-chave: Deficiências de Controles Internos; Red Flags; Risco de Auditoria
Abstract
This study analyzes the effect of Audit Red Flags (ARF) on the Internal Control Weaknesses (ICW) of IBRX
100 (Brazil100 Index) listed companies from 2010 to 2018. Data were analyzed using content analysis,
average/median/proportion differences test, and logistic/Poisson regression. Results showed the types of
ICW most disclosured were accounting policy; technology failures; and specific accounts. It was also
observed that red flags related to revenues, receivable account, and depreciation reduce the probability of
ICW disclosure, while those related with profitability and debt increase it. The findings are consistent for
different specifications and increase the ARF role as flags of ICW contributing for risk assessment and
decrease of informational asymmetry of investors, auditors, regulators, and accounting information users.
Keywords: Weaknesses of Internal Control; Red Flags; Auditing Risk
Resumen
Este estudio analizó el efecto de las Red Flags de Auditoría (RFA) en la divulgación de las Deficiencias de
Controles Internos (DCI) de las empresas participantes del índice Brasil 100 de la B3 en el período de 2010
a 2018. Para el análisis de los datos se utilizaron análisis de contenido, pruebas de diferencias entre
Carolini Verdan Brandão, Laise Mascarenha Ballarini, Vagner Antônio Marques, Viviane da Costa Freitag
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Revista Contemporânea de Contabilidade, Florianópolis, v. 18, n. 48, p. 22-39, jul./set., 2021.
Universidade Federal de Santa Catarina. ISSN 2175-8069. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8069.2021. e76636
medias/medianas/proporciones y regresión, análisis logístico y de Poisson. Los resultados mostraron las
categorías de DCI más publicados: Políticas contables; Fallos tecnológicos; y Cuentas específicas. Las RFA
relacionadas con las ventas, las cuentas por cobrar y la depreciación reducen la probabilidad de revelar un
DCI, mientras que las relacionadas con la rentabilidad y el endeudamiento aumentan. Los resultados
refuerzan el papel de las RFA como señal de problemas en los controles internos, contribuyendo a la
evaluación de riesgos y reduciendo la asimetría de información para inversores, auditores, reguladores y
otros usuarios de la información contable.
Palabras clave: Deficiencias de los controles internos; Red Flags; Riesgo de auditoría
1 Introdução
O estudo buscou analisar o efeito das Red Flags de Auditoria (RFA) sobre a divulgação de
Deficiências de Controles Internos (DCI) das empresas de capital aberto que compõem o Índice Brasil 100
(IBRX 100), listadas na Brasil, Bolsa e Balcão B3. As Red Flags de Auditoria (RFA) ou bandeiras vermelhas
representam sinais de alerta utilizados pelo auditor a fim de avaliar o risco de auditoria, em especial, a
probabilidade de ocorrência de erro material ou fraudes nas demonstrações contábeis da entidade (Gullkvist
& Jokipii, 2013). Sua ocorrência não significa que a empresa cometeu um ato ilícito, fraudulento ou que
tenha incorrido em erro material, mas alerta o auditor para se atentar a determinados fatores apontados
como associados ao risco de fraude e/ou erro materiais (Cao, Luo & Zhang, 2019).
Visando identificar o nível de risco associado a cada trabalho, os auditores utilizam as RFA e
classificam a estrutura de controle interno com o intuito de avaliarem os níveis de risco de erro ou fraude
(Donelson, Ege & Mcinnis, 2017; Baader & Krcmar, 2018). Segundo Rae, Sands e Subramaniam (2017), os
controles internos podem ser definidos como o conjunto de processos, métodos e técnicas utilizados para a
adequada execução das atividades e utilização de recursos com vistas à eficácia e à eficiência das
operações, bem como à confiabilidade das demonstrações financeiras e conformidade com leis e
regulamentos aplicáveis à empresa.
Desde 2010, a partir da Resolução do Conselho Federal de Contabilidade CFC 1.210/2009, que
aprovou a Norma Brasileira de Contabilidade NBC TA 265 – Comunicação de Deficiências de Controle
Interno, o auditor passou a ser responsável por comunicar aos administradores da companhia a ocorrência
de DCI ao longo do processo de asseguração das demonstrações contábeis. Segundo a Comissão de
Valores Mobiliários (2016), a inexistência de DCI é uma situação excepcional, e ainda que esta não se
apresente, o auditor deverá registrar a não detecção em seu relatório. Segundo Ge e McVay (2005) e Ge,
Koester e McVay (2017), a divulgação das fragilidades dos controles internos pelas entidades potencializa a
avaliação dos riscos de ocorrência de erros e/ou fraudes contábeis nas demonstrações financeiras.
Ge e McVay (2005) evidenciaram que setores mais complexos tendem a apresentar maiores
fragilidades nos controles internos. Por outro lado, empresas mais rentáveis e com maior quantidade de
recursos tenderam a reportar menos DCI. Lenard, Petruska, Alam e Yu (2016) destacam que existe uma
associação positiva entre as fragilidades dos controles internos e a manipulação das operações reais das
empresas, logo, tal divulgação funciona como mecanismo de monitoramento dos agentes e da avaliação do
risco de maior assimetria informacional.
Donelson et al. (2017) destacaram que controles internos falhos aumentam a ocorrência e a
extensão das fraudes nos relatórios financeiros por altos executivos. Segundo os autores, os controles
internos deficientes estão relacionados a um maior risco de fraude contábil não revelada, sendo assim,
controles internos insuficientes podem aumentar o risco de fraude e incentivar os gerentes a praticarem atos
ilícitos. Complementarmente, a NBC TA 265 – Comunicação de Deficiências de Controles Internos afirma,
no item A5, que uma deficiência significativa no controle interno “não depende somente se a distorção
realmente ocorreu, mas, também, da probabilidade de que a distorção poderia ocorrer e a possível
magnitude da distorção”, e exemplifica, em seu item A6,a susceptibilidade à perda ou à fraude do
respectivo ativo ou passivo”, que pode ser entendida como uma red flag, se apresenta como possível
indicativo de um potencial sintoma de fraude contábil (CFC, 2009).
Existe uma ampla literatura que discute sobre Deficiências de Controle Interno no contexto
internacional: Ge e McVay (2005) identificaram as fragilidades dos controles internos após a implantação da
Lei Sarbanes Oxley; Ge et al. (2017) analisaram as formas de evidenciação dos controles internos em
pequenas empresas; Lenard et al. (2016) verificaram se há relação entre as DCI e o nível de manipulação
das atividades; Donelson et al. (2017) estudaram a associação entre as DCI e o risco de fraude; e Bauer,
Bucaro e Estep (2019) analisaram a associação entre as DCI e a possibilidade de cometer fraude. Outra
vertente da literatura explora as red flags de auditoria, tal como nos estudos de Gullkvist e Jokipii (2013),
que examinaram a percepção da importância dessas ferramentas em relatórios financeiros; Baader e
Krcmar (2018), que identificaram possíveis processos fraudulentos a partir da análise de processos
associados à sinalização das red flags; e Cao et al. (2019), que, por sua vez, verificaram se mudanças
positivas e negativas anormais no emprego funcionam como potenciais sinalizadores de riscos de
distorções vinculados à essas decisões. Todavia, nesses estudos as temáticas foram analisadas

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