Revolução do conhecimento e da informação

AutorShandor Portella Lourenço
Páginas27-73
REVOLUÇÃO DO
CONHECIMENTO
E DA INFORMAÇÃO
2.1 Sociedade, economia e informação
O modo de produção e circulação de bens e serviços
sofreu profunda mudança ao longo dos tempos. Inicialmente,
as monarquias absolutistas organizaram-se em torno de um
sistema econômico eminentemente agrícola, profundamente
marcado pela dependência da força bruta do labor humano.
Essa realidade vigorou até o século XVIII, momento
em que a Revolução Industrial promoveu significativas mu-
danças no processo produtivo mundial. A substituição do
trabalho braçal pelas máquinas fez nascer uma nova relação
entre capital e trabalho, bem como propiciou o surgimento
do fenômeno da cultura de massas, configurando, assim, um
dos traços marcantes do capitalismo moderno.
Após esse estágio civilizatório, surgiu a sociedade pós-
industrial, modelo econômico e social marcado pelo cres-
cimento do setor de prestação de serviços, expandido para
atender ao rápido desenvolvimento gerado pela mecanização
da linha de produção e, consequentemente, aos novos an-
seios de uma sociedade ávida pelo consumo.
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28 segredo do comércio
A partir desse momento, a necessidade de aperfeiço-
amento tecnológico e de expansão racional dos parques in-
dustriais foi gradativamente construindo um novo paradig-
ma nas estruturas econômicas e nas relações sociais.
Na tentativa de melhor evidenciar essas fases evoluti-
vas da sociedade, Toffler (1998, p. 7 et seq) traçou um perfil
histórico dos sucessivos paradigmas econômicos pela alusão
ao conceito de “ondas”. Segundo suas conclusões, o processo
de desenvolvimento da sociedade pode ser dividido em três
“ondas”. A primeira delas teve início no momento em que
o homem passou a cultivar a terra e deixou de ser nômade,
época em que o cultivo da terra preponderou como princi-
pal instrumento de riqueza e poder. Já a “segunda onda” tem
origem na Revolução Industrial, momento histórico marca-
do pela conjugação de propriedade, capital e trabalho para a
produção em massa de bens de consumo. Finalmente, a pro-
liferação dos grandes veículos de comunicação, responsáveis
pelo tráfego de um volume de informações cada vez maior,
inaugura a “terceira onda”, fase evolutiva marcada por três
características básicas: a consolidação da tecnologia digital, a
velocidade de difusão do conhecimento e a descentralização
de suas fontes de divulgação.
É nesse contexto histórico que surge a Internet, fenô-
meno que revolucionou definitivamente a comunicação hu-
mana e incorporou novos hábitos de vida ao cotidiano da so-
ciedade. Sua origem é comumente associada a um dos proje-
tos desenvolvido pela ARPA - Advanced Research Project Agency,
órgão estatal criado pelo Departamento de Defesa dos Estados
Unidos para o desenvolvimento estratégico das comunicações
militares durante a Guerra Fria, muito embora existam rela tos
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de pesquisas anteriormente desenvolvidas por universidades
americanas.
O certo mesmo é que os diversos estudos realizados
em torno do desenvolvimento das redes de computadores re-
sultaram, em 1969, na criação da Arpanet, um dos primeiros
protótipos da rede mundial de computadores. Inicialmente,
o sistema fez suas primeiras interligações entre centros de
pesquisas universitários que colaboravam com o Departa-
mento de Defesa (DERTOUZOS, 1997, p. 63).
Logo após esse experimento, o aperfeiçoamento des-
sa nova ferramenta tornou insustentável sua utilização para
fins exclusivamente militares. Daí em diante, a adoção de no-
vos protocolos de comunicação (TCP/IP), aliada à criação da
World Wide Web, em 1990, pelo físico inglês Tim Bernes-Lee
desencadeou um processo irreversível de universalização da
rede mundial de computadores.
Com o incremento das comunicações eletrônicas, no-
tadamente a partir do advento da Internet, a tecnologia pas-
sou a desempenhar papel preponderante não só na produção
e circulação de bens e serviços, mas também nos hábitos de
consumo e vida das pessoas. Graças à difusão dos recursos
computacionais e, sobretudo, dos novos padrões de trans-
missão de dados, a informação transformou-se em um bem
muito valioso e, mais do que nunca, à disposição de todos.
Novos hábitos de consumo e de vida tornaram-se pos-
síveis, tais como a compra de bens e serviços por meio de sites
especializados, envio de mensagens eletrônicas, realização de
transações financeiras pelo Internet banking, bem como a visu-
alização de fotos, jornais e vídeos diretamente na tela do com-
putador. O acesso à informação ganhou uma nova dimensão,

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