A revolução russa e os movimentos de resistência na américa latina
| Autor | Joana Aparecida Coutinho |
| Cargo | Bacharel em Ciências Sociais |
| Páginas | 305-325 |
Artigo recebido em: 09/03/2018 Aprovado em: 09/05/2018
A REVOLUÇÃO RUSSA E OS MOVIMENTOS
DE RESISTÊNCIA NA AMÉRICA LATINA
Joana Aparecida Coutinho1
Resumo
Este texto discute a in uência da Revolução Russa de 1917 nos movimentos de
resistência na América L atina. Procura re etir como a experiência da Revolu-
ção Socialista de Outubro de 1917 reacendeu as esperanças das Revoluções na
América Latina alimentou e suscitou movimentos anticapitalistas e de resistên-
cia ao imperialismo no continente .
Palavras-chave: Revolução, movimentos revolucionários, anticapitalismo, anti-
imperialismo.
THE RUSSIAN REVOLUTION AND RESISTANCE
MOVEMENTS IN LATIN AMERICA
Abstract
is text discusses the in uences of the Russian Revolution of 1917 on resis-
tance movements in Latin America. Seeks to re ect how the experience of the
October Socialist Revolution of 1917 rekindled the hopes of Revolutions in La-
tin America fed and raised anti-capitalist and imperialist resistance movements
on the continent.
Key words: Revolution, revolutionary movements, anti-capitalism, anti-
-imperialism.
1 Bacharel em Ciências S ociais, Doutora em Ciências Sociais – Política pela Pontifícisa
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Professora na Pós-Graduação em Políticas
Públicas e Coordenadora dos grupos Observatório de Políticas Públicas e Lutas Sociais e
Grupo de Estudos de Política, Lutas Sociais e Ideologias vinculado a Universidade Federal
do Maranhão. E-mail:
jcoutinho@uol.com.br
/ Endereço: Universidade Federal do
Maranhão - UFMA: Av. dos Portugueses, 1966, Bacanga - São Luís – MA. CEP 65080-805
MESAS TEMÁTICAS COORDENADAS
REVOLUÇÕES E RESISTÊNCIAS
NA AMÉRICA LATINA
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Joana Aparecida Coutinho
1 INTRODUÇÃO
O ano de 1917, em meio ao encrudescimento de um golpe
jurídico-midiático que ameaça a jovem democracia brasileira e a
perda de direitos dos trabalhadores, comemorou-se, em quase todo o
país, o centenário da Revolução Russa, inegavelmente um dos gran-
des feitos da humanidade. Eric Hobsbawm a descreve como o maior
legado para a humanidade, talvez maior que a Revolução Francesa,
no século XIX. Pois se “[...] as ideias da Revolução Francesa, como
é hoje evidente, duraram mais que o bolchevismo, as consequências
práticas de 1917 foram muito maiores e mais duradouras que as de
1789.” (HOBSBAWM, 1995, p. 62). John Reed (1967, p. 56), descreve
de forma apaixonada os dias que abalaram o mundo: “[...] Enquanto
isso, por todos os cantos ao redor dessa gente, a grande Rússia estava
em trabalho de parto para dar à luz um mundo novo”. A efervescên-
cia revolucionária tomava conta de toda a Rússia: aprendia a ler e
lia, política, economia, história, “[...] porque o povo desejava saber”
(REED, 1967, p. 56). A sede de conhecimento que varria a Rússia,
nesse momento, não se “[...] tratava de frivolidades, de livros de His-
tória falsi cada, de religião diluída, de cção barata que corrompe -
eram textos de teoria social e econômica, dissertações, losó cas, as
obras de Tolstoi, Gogo e Gorki.” (REED, 1967, p. 56-57).
Ainda sobre a educação, há uma orientação da atividade edu-
cativa que resumidamente busca o poder autenticamente democráti-
co num país onde imperem o analfabetismo e a ignorância deve xar
como seu primeiro objetivo a luta contra esses agelos (Lenin). No
curto prazo, busca-se suprir o analfabetismo,
[...] organizando uma rede de es colas que atendam às exigências da
pedagogia moderna; deve instituir o ensino para todos obrigató-
rio e gratuito, e criar, ao mesmo tempo, toda uma série de escolas
normais e institutos de formação de mestres, capazes de em muito
pouco tempo preparar o possante exército de professores necessá-
rios para i nstruir toda a população Rússia (COMISSÃO EXECU-
TIVA PARA O CONSELHO DOS COMISSÁRIOS DO POVO
apud REED, 1967, p. 271).
Para Hobsbawm (1995, p. 63) “Durante grande parte do Breve
Século XX, o comunismo soviético proclamou-se um sistema alter-
nativo e superior ao capitalismo, e destinado pela história a triunfar
sobre ele [...]”.
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