Sentidos de juventude na sociologia e nas políticas públicas do Brasil contemporâneo

AutorLuis Antonio Groppo
Páginas383-402
383
53RO3~EO6mR/XtVYQSMDQMXQ
SENTIDOS DE JUVENTUDE NA SOCIOLOGIA E NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DO BRASIL
CONTEMPORÂNEO
Luis Antonio Groppo
Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL)
SENTIDOS DE JUVENTUDE NA SOCIOLOGIA E NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Resumo: O texto analisa as recentes transformações nos sentidos de juventude na sociologia e nas políticas públicas no
Brasil, com o objetivo de compreender as origens intelectuais e institucionais destes sentidos. Destacaa constituição do
paradigma do jovem como sujeito social, o qual aparece no âmago de um vasto repertório de ideias no espaço público e
acadêmico. As fontes bibliográficas indicam um notável imbricamento entre atores e instituições sociais, políticas e
acadêmicas, tendo a juventude e os jovens como seu mote. Aborda alguns dos novos referenciais teóricos e problemas de
pesquisa sobre juventude, após breve menção a referenciais clássicos na sociologia da juventude. Entre eles, aqueles que
tratam da juventude em uma segunda modernidade, ou modernidade tardia, de onde justamente vai surgir o paradigma do
jovem como sujeito social, que tão bem vai servir ao discurso oficial das agências supranacionais de desenvolvimento. Por
fim, aponta o perigo dos contrabandos e acomodações intelectuais no campo das pesquisas sociais sobre as juventudes,
um humilde chamado ao olhar sociológico crítico e reflexivo.
Palavras-chave: Juventude, Sociologia da juventude, Políticas públicas, Sujeito social.
SOME SENSES OF YOUTH IN THE RESEARCHES AND PUBLIC POLICIES OF CONTEMPORARY BRAZIL
Abstract: The paper analyzes the recent changes in the senses of youth in sociology and public policies in Brazil, with the
aim of understanding the intellectual and institutional origins of these senses. Highlights the constitution of a paradigm, the
young man as a social subject, which appears in the core of a vast repertoire of ideas in public and academic space.
Bibliographical sources indicated remarkable merges between actors and social, political and academic institutions that have
the youth as its motto. Approaches some of the new theoretical frameworks and research problems on youth, after a brief
mention of classical references in the sociology of youth. Among these new standards, those who treat youth in a second
modernity or late modernity, where precisely the paradigm of youth as social subjects will emerge, which will well serve as
the official discourse of supranational development agencies). It finishes this text with a digression about the danger of
smuggling and intellectual accommodations in the field of social research on the youths, a humble call to critical and reflexive
sociological imagination.
Key words: Youth, Sociology of youth, Public policies, Social subject.
Recebido em: 01.07.2015. Aprovado em: 07.03.2016.
384 /XLV$QWRQLR*URSSR
53RO3~EO6mR/XtVYQSMDQMXQ
1 INTRODUÇÃO
Com o objetivo de estudar as
formas com que se apresentam, atualmente, no
Brasil, as práticas socioeducativas direcionadas
aos jovens, busquei primeiro compreender os
sentidos atribuídos à juventude em nosso país.
Desse modo, deparei-me com a constituição de
um penetrante paradigma: o jovem como
sujeito social. O paradigma do jovem como
sujeito social, na realidade, aparece no âmago
de um vasto repertório de termos, ideias,
slogans e mesmo chavões. Este achado
revelador não foi, de modo algum, achado meu,
mas fruto das investigações de outros
pesquisadores da juventude que cultivam a
imaginação sociológica como um saber crítico
e radical. Crítico, porque não se deixa levar
simplesmente pelas verdades socialmente
consolidadas. Radical, porque deseja investigar
a fundo, desde suas raízes e estruturas, as
ações e interões sociais, mesmo que à custa
de escavar muito entulho ideológico que jaz na
aparência das coisas. Entre estes
investigadores, destaco Regina Magalhães de
Souza (2009a; 2009b), em seus trabalhos que
deslindam o discurso do protagonismo juvenil –
e que flagram a matriz que constitui o referido
paradigma.
Durante esta busca e com este
encontro, na intenção de fundamentar a
interpretação das práticas socioeducativas para
as juventudes brasileiras atuais, foram
realizadas algumas reflexões e digressões que
se apresentam abaixo. Elas são fruto de uma
revisão bibliográfica sobre as assim chamadas
Políticas Públicas de Juventude (PPJs) no
Brasil atual. Estas fontes me levaram a
considerar um notável imbricamento entre
atores e instituições sociais, políticas e
acadêmicas, tendo a juventude e os jovens
como seu mote. Alguns pesquisadores-chave,
em especial, transitaram, desde os últimos
anos do século passado, por entre estas
instituições, ajudando a constituir versões
específicas e locais para o paradigma do jovem
como sujeito social, bem como a legitimá-las,
sob o respaldo de universidades, órgãos de
pesquisa não universitários, agências
supranacionais, organizaçõeso-
governamentais, fundações empresariais,
instituições governamentais e mesmo
legislativas.
Trato de alguns dos novos
referenciais teóricos e problemas de pesquisa
sobre juventude, após breve menção a
referenciais clássicos na sociologia da
juventude. Entre estes novos referenciais,
aqueles que tratam da juventude em uma
segunda modernidade, ou modernidade tardia
(flexível, líquida, reflexiva etc.), de onde
justamente vai surgir o paradigma do jovem
como sujeito social, que tão bem vai servir ao
discurso oficial das agências supranacionais de
desenvolvimento, como o Banco Mundial e a
Organização das Nações Unidas (ONU).
Finda este texto a digressão sobre
o perigo dos contrabandos e acomodações

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT