SOA, ERP II e competências organizacionais: traços de inovação na moderna gestão de TI

AutorCésar Augusto Biancolino - Edson Luiz Riccio - Emerson Antônio Maccari
CargoDoutor em Controladoria e Contabilidade pela FEA/USP. Professor do Programa de Mestrado Profissional em Gestão de Projetos da Universidade Nove de Julho ? UNINOVE. End.: Av. Francisco Matarazzo, 612, Água Branca, São Paulo ? SP. CEP: 05001-100 ? Brasil - Livre Docente em Sistemas de Informação e Doutor em Administração pela FEA/USP. Professor ...
Páginas146-177
146 Revista de Ciências da Administração • v. 13, n. 30, p. 146-177, maio/ago 2011
César Augusto Biancolino • Edson Luiz Riccio • Emerson Antônio Maccari
SOA
, ERP II e Competências Organizacionais: traços
de inovação na moderna gestão de TI
César Augusto Biancolino1
Edson Luiz Riccio2
Emerson Antônio Maccari3
Resumo
Este trabalho tem como objetivo avaliar qual é o papel das competências
organizacionais que estão vinculadas ao universo de gestão da tecnologia SOA e
dos sistemas ERPs no processo de sustentação do valor de uso destes aplicativos
no cenário macroeconômico brasileiro, em sua perspectiva de pós-implementação.
Para tal, utiliza o referencial teórico associado tanto à literatura voltada para o
estudo das competências organizacionais como também à literatura voltada para
o a gestão dos sistemas ERPs, com foco em sua perspectiva de principal ator da
suíte de aplicativos associados à Tecnologia da Informação. A metodologia utilizada
no estudo previu o desenvolvimento do método de estudo de casos múltiplos,
através do qual as informações colhidas nas empresas foram analisadas em
conjunto e de forma cruzada, possibilitando a identificação mais robusta das
competências organizacionais e de suas respectivas aderências ao problema da
pesquisa. As evidências empíricas sugerem que de fato existe um conjunto de
competências organizacionais, especializada na gestão da área de TI envolvendo
os aplicativos ERPs, inovação em TI e das tecnologias SOA e ERP II. Tem-se
como conclusão que há três principais competências organizacionais ligadas aos
sistemas ERP II que devem ser desenvolvidas pelas empresas de forma a maximizar
o valor de uso desta tecnologia em função da competitividade e resultados
organizacionais.
Palavras-chave: Sistemas de Informação. ERP. ERP II. SOA. Competência
Organizacional.
1 Doutor em Controladoria e Contabilidade pela FEA/USP. Professor do Programa de Mestrado Profissional em Gestão de Projetos da Universidade
Nove de Julho – UNINOVE. End.: Av. Francisco Matarazzo, 612, Água Branca, São Paulo – SP. CEP: 05001-100 – Brasil. E-mail:
biancolino@gmail.com.
2 Livre Docente em Sistemas de Informação e Doutor em Administração pela FEA/USP. Professor Associado do Depto. de Contabilidade da FEA/
USP. Endereço: Av. Prof. Luciano Gualberto, 908, Cidade Universitária. CEP 05508-010 – Brasil. E-mail: elriccio@usp.br.
3 Doutor em Administração pela FEA/USP. Professor do Programa de Mestrado Profissional em Gestão de Projetos e do Programa de Mestrado e
Doutorado em Administração da Universidade Nove de Julho – UNINOVE. Endereço: Av. Francisco Matarazzo, 612, Água Branca, São Paulo –
SP. CEP: 05001-100 – Brasil. E-mail: emersonmaccari@gmail.com.
Artigo recebido em: 06/01/2011. Aceito em: 12/06/2011. Membro do Corpo Editorial Científico responsável pelo processo editorial: João Nilo
Linhares.
Esta obra está sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso.
DOI: 10.5007/2175-8077.2011v13n30p146
147
Revista de Ciências da Administração • v. 13, n. 30, p. 146-177, maio/ago 2011
SOA, ERP II e Competências Organizacionais: traços de inovação na moderna gestão de TI
1 Introdução
Desde meados do Século XX, quando se iniciou a transformação da
economia industrial para uma nova estrutura de produção e de negócios
voltada à informação como um dos principais ativos de uma nova economia
de âmbito global, as organizações têm investido continuamente e de forma
incremental em Tecnologia da Informação (TI). Os anos da década de 1990
ficaram marcados na história como um período em que as empresas partici-
pantes deste novo cenário globalizado realizaram investimentos maciços e
sem precedentes no desenvolvimento, na implementação e na manutenção
de sistemas de informação. Entretanto, não obstante este cenário, pesquisas
desenvolvidas nos últimos anos tem apontado para conclusões divergentes
sobre o valor dos investimentos em TI para as organizações.
(BRYNJOLFSSON; HITT, 2000; KRAEMER; DEDRICK, 2001; JAIN, 2008).
Ainda que os investimentos em Tecnologia da Informação representem
proporcionalmente valores significativos do total dos investimentos realiza-
dos pelas empresas em suas operações, os recorrentes questionamentos de
natureza gerencial acerca do retorno sobre o investimento em TI são tão legí-
timos quanto inevitáveis. Conforme Laurindo (2006, p. 167)
Ao mesmo tempo em que surge a pressão pela justificativa
dos investimentos, surge também a dificuldade de avaliá-
los, pois o contexto da aplicação dos recursos de TI tam-
bém mudou e os aplicativos estão sendo utilizados para
tarefas mais complexas e sofisticadas.
Segundo Majed (2000), cerca de 70% das implementações de sistemas
ERP chegaram ao seu final oferecendo menos funcionalidades aos usuários
do que as previstas originalmente como necessárias ao pleno atendimento
do fluxo de informações das empresas estudadas. Em outros casos, impactos
negativos gerados por falhas nos projetos de implementação de ERPs tem
sido relatados na literatura (DAVENPORT, 1998; MARKUS, 2000).
Paralelamente a estes fatos, nota-se que a problemática referente às
implementações de ERPs não está limitada somente aos mecanismos de
mensuração do valor destes sistemas para as organizações. De acordo com
Davenport (2002), essa problemática torna-se ainda mais complexa ao con-
siderarmos a mudança da natureza do valor agregado dos ERPs às organiza-
148 Revista de Ciências da Administração • v. 13, n. 30, p. 146-177, maio/ago 2011
César Augusto Biancolino • Edson Luiz Riccio • Emerson Antônio Maccari
ções no decorrer do tempo. De acordo com essa abordagem, os benefícios
operacionais gerados pelos ERPs tornam-se presentes no quotidiano das
empresas com maior antecedência que os benefícios gerenciais e estratégi-
cos (SHANG; SEDDON, 2000).
Segundo essa visão, os benefícios operacionais advindos da utilização
dos sistemas ERPs incluem melhorias nos processos transacionais e o aper-
feiçoamento dos processos de negócio da organização, trazendo benefícios
que, via de regra, passam a ser utilizados imediatamente no período de pós
implementação, ao contrário dos benefícios gerenciais (como,por exemplo, o
aperfeiçoamento do processo de tomada de decisão ou da formulação do
orçamento empresarial de uma forma mais eficaz), que se manifestam um
pouco mais adiante na linha do tempo.
Ainda no mesmo contexto, de acordo com a perspectiva temporal asso-
ciada à fase de pós-implementação dos ERPs, o valor de uso destes aplicativos
dependerá, dentre outros fatores, das competências organizacionais associa-
das à criação de valor e à apropriação do valor envolvidas nesta etapa do
ciclo de vida do ERP. Para Mizik e Jacobson (2003), o processo de criação de
valor em uma organização envolve a identificação de recursos e capacidades
organizacionais internas que possam contribuir para este objetivo, entretan-
to, ainda segundo Mizik e Jacobson (2003), para que o valor criado pela
conjunção de recursos e capacidades organizacionais seja preservado no de-
correr do tempo, é preciso que a organização aproprie-se deste valor antes
que os seus competidores o façam. De acordo com Mizik e Jacobson (2003,
p. 63):
As empresas se deparam com a tarefa estratégica de equi-
librar os dois processos (de criação de valor e de apropri-
ação de valor) em suas estratégias e determinar como se
dará o suporte para cada um deles. As empresas necessi-
tam de forma simultânea desenvolver ou adquirir capaci-
dades relacionadas à criação de valor que facilitem a apro-
priação de valor. Estes dois conjuntos de capacidades re-
querem investimentos financeiros substanciais e atenção
permanente da gerência. A tarefa de distribuir os (limita-
dos) recursos da organização entre as capacidades de cri-
ação de valor e de apropriação de valor exigem priorizações
estratégicas e mudanças entre as mesmas.

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT