Socioeconomia, cotidiano e canais de comercialização em uma feira livre na amazônia oriental

AutorThyago Gonçalves Miranda, Ana Cláudia Caldeira Tavares-Martins
CargoMestrado em Ciências Ambientais pela UEPA/Doutorado em Botânica pelo Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro (2009)
Páginas388-404
Cadernos do CEAS, Salvador/Recife, v. 46, n. 253, p. 388-404, maio/ago., 2021 | ISSN 2447-861X
SOCIOECONOMIA, COTIDIANO E CANAIS DE COMERCIALIZAÇÃO
EM UMA FEIRA LIVRE NA AMAZÔNIA ORIENTAL
Socioeconomics, day to day and channels of commercialization in a open markets
at Eastern Amazônia
Thyago Miranda Gonçalves
Universidade Federal do Pará - UFPA
Ana Cláudia Caldeira Tavares-Martins
Universidade do Estado do Pará - UEPA
Informações do artigo
Recebido em 19/05/2021
Aceito em 14/11/2021
doi>: https://doi.org/10.25247/2447-861X.2021.n253.p388-404
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Atribuição 4.0 Internacional.
Como ser citado (modelo ABNT)
GONÇALVES, Thyago Miranda; TAVARES-MARTINS,
Ana Cláudia Caldeira. Socioeconomia, cotidiano e canais
de comercialização em uma feira livre na Amazônia
Oriental. Cadernos do CEAS: Revista Crítica de
Humanidades. Salvador/Recife, v. 46, n. 253, p. 388-
404, maio/ago. 2021. DOI: https://doi.org/10.25247/2447-
861X.2021.n253.p388-404
Resumo
As feiras livres desenvolveram uma importância que transcende o
aspecto financeiro que normalmente apresentam, adq uirindo uma
importância social e cultural devido à diversidade de classes que esses
ambientes reúnem. O trabalho teve como objetivo verificar o perfil
socioeconômico dos feirantes que comercializam plantas, o cotidiano e
os canais de comercialização em uma feira livre na Amazônia. O estudo
foi realizado no município de Abaetetuba, que fica a 60 km da capita l
Belém. Para coleta de dados foi ut ilizado um estudo etnográfico bem
como entrevistas dialogadas direcionadas por questionários
semiestruturados. O fluxo de mercadorias e classificação dos feirantes foi
analisado através da proposta de canais de comercialização. O gênero
masculino apresentou-se superior (62,7%), em detrimento ao feminino
(37,3%), sendo que a variação etária foi de 21 a 82 anos para homens e 24
a 65 anos p ara mulheres. Foram identificados 4 tipos de feirantes, on de
eles se diferenciam quanto à origem do pr oduto comercializado, ao local
de residência e à presença ou ausên cia de intermediários. Na feira foram
identificados dois tipos de canais de comercialização, o direto e o
semidireto, ambos ocorrendo com diferentes tipos de feirantes. A feira de
Abaetetuba tornou-se um ecótono de encontro, troca de mercadorias e
propagação de saberes, assim, a s feiras livres são de salutar importância
para a manutenção da cultura local.
Palavras-chave: Sociobiodiversidade. Cultura. Feirantes. Abaetetuba.
Extrativismo.
Abstract
The open markets dev eloped an important that transcends the financial
aspect that normally presents, acquiring an social and cultural importance
due the diversity in stratum that those environment s combine. The goal
of this paper was to verify the socioecocomic profile of the marketer that
trade plants, the everyday and the trade channel in an open market in
Amazon. The study was carried out in the city of Abaetetuba, located 60
km from Belém, the capital of state of Pará. For data collection, an
ethnographic study was used as well as dialog interv iews conducted by
semi-structured questionnaires. The flow of goods and classification of
the marketers were analyzed through the proposal of marketing
channels. The male gender presented higher (62.7%), in detriment to the
female (37.3%), and the age range was 21 to 82 years for men and 24 to
65 years for women. Four types of marketers were identified, where they
differentiate themselves as to the origin of the marketed product, the
place of residence and the presen ce or absence of intermediaries. At the
fair were identified two types of marketing channels, the direct and semi-
direct, both occurring with different ty pes of marketers. The fair of
Abaetetuba has become an ecotone of encounter, exchange of goods and
propagation of knowledge, thus the free fairs are of salutar importance
for the maintenance of the local culture.
Keywords: Sociobiodiversity. C ulture. Marketer. Abaetetuba.
Extractivism.
Cadernos do CEAS, Salvador/Recife, v. 46, n. 253, p. 388-404, maio/ago., 2021.
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Socioeconomia, cotidiano e canais de comercialização... | Thyago M. Gonçalves e Ana Cláudia C. Tavares-Martins
Introdução
As feiras livres (SAHA et al., 2015) ou mercados tradicionais (LIU et al., 2014), são,
principalmente, locais de permuta comercial, onde um recorte da biodiversidade de uma
região também pode ser observado (ROCHA et al., 2013). Além disso, aspectos socioculturais
também fazem parte do cotidiano dos feirantes, haja vista que os saberes, as crenças e outras
peculiaridades de uma região também são expostos (MOREL et al., 2015).
Conceitualmente, as feiras são locais e/ou atividades presentes em lugares públicos
em que as pessoas, diariamente ou em determinados dias e épocas, comercializam e exibem
seus produtos (BUSTAMANTE; DURÃES, 2015). Também é uma instituição econômica, uma
prática social, sendo constituída de uma notória dimensão biológica (AZEVEDO; QUEIROZ,
2013).
As feiras adquiriram uma relevante importância no aspecto comercial, especialmente
na contribuição das mesmas na composição das rendas familiares (PAULINO et al., 2017;
ARAUJO, 2012). Não obstante, extrapolam seu papel econômico e tornam-se lugares para
socializar, onde os diferentes agentes sociais de variadas classes econômicas estão
diretamente envolvidos com a dinâmica dos mercados (COSTA; DANTAS, 2016; BITU et al.,
2015).
Poucas informações existem a respeito da importância das feiras, o cotidiano das
pessoas que compõem esses ambientes e os fatores que estreitam o relacionamento entre a
feira e os consumidores (BRANDÃO et al., 2015). Haja vista que, muitas vezes, essas práticas
são complexas, não podendo ser percebidas sem que se mergulhe em sua realidade,
vivenciando, juntamente a esses ind ivíduos, o seu modo de fazer cotidiano (GOUVÊA;
ICHIKAWA, 2015).
As feiras livres na Amazônia foram alvo de pesquisas sobre seus recursos
etnobiológicos (LEÃO et al., 2007; LIMA et al., 2011; OLIVEIRA e t al., 2016), aspectos
socioculturais (BINSZTOK, 2008; BARROS, 2009; MOTA et al., 2013). No caso da região do
Baixo Tocantins, a feira livre de Abaetetuba constitui um recorte dos sistemas de produção e
comercialização de todo o município e ar redores, o que possibilita a compreensão das
relações sociais, comerciais e biológicas.

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