Território e políticas públicas no cotidiano do capitalismo periférico

AutorRodrigo Diniz, Dirce Koga, Grazielle Nayara Felício Silva, Thaís Ribeiro Esteves
CargoDoutor em Serviço Social pela PUC - São Paulo, professor da Faculdade Paulista de Serviço Social - FAPSS de São Caetano do Sul, rodiniz@gmail.com.br. / Doutora em Serviço Social, foi professora do Programa de Estudos Pós Graduados em Serviço Social da PUC São Paulo, pesquisadora e autora de livros, capítulos e diversos artigos sobre a temática...
Páginas641-659
TERRITÓRIO E POLÍTICAS PÚBLICAS NO COTIDIANO DO CAPITALISMO PERIFÉRICO
Rodrigo Diniz
1
Dirce Koga
2
Grazielle Nayara Felício Silva
3
Thaís Ribeiro Esteves
4
Resumo
Este artigo objetiva refletir as conexões e mediações inerentes às categorias território usado e políticas públicas no contexto
do capitalismo periférico, elegendo a escala do cotidiano como ponto de partida para as diferentes e articulada s
problematizações em relação a territórios periféricos, políticas públicas e suas repercussões no contexto pandêmico,
abordando também a realidade enfrentada no âmbito dos Instit utos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs).
Destaca a periferia como espaço ter ritorial relacional, socialmente construído sob as lógicas do processo de produção e
reprodução do capitalismo periférico, analisando as contradições e as potências das experiências de classe nestes
territórios. Percorre a reflexão em torno das densidades da realidade e suscita a produção de novos conhecimentos no
âmbito das políticas públicas, ten do como ponto de partida testemunhos de luta pela sobrevivência presentes nos territórios
das cidades, considerando os impactos da pandemia da COVID-19. Discute os sentidos políticos dos IFs, a partir do
cotidiano das ações de ensino, pesquisa e extensão e sua articulação com os territórios de vivência. Tece reflexões a partir
das experiências cotidianas de trabalho do assistente social no IF - São Paulo - Campus Jacareí, desvendando alguns
aspectos presentes na realidade desse espaço sócio ocupacional e dos sujeito s da ação profissional em tempos de
“capitalismo pandêmico”.
Palavras-chave: Territórios; c otidiano; território de vivências; pandemia; Instituto Fed eral de Educação; educação
profissional e Tecnológica; sentidos políticos.
TERRITORY AND PUBLIC POLICIES IN THE DAILY LIFE OF PERIPHERAL CAPITALISM
Abstract
This article aims to reflect on the connections and mediations inherent in the categories used territory and public policies in
the context of peripheral capitalism, electing the scale of everyday life as a starting point for different and articulated
problematizations in relation to peripheral ter ritories, public policies and the ir repercussions in the pandemic context, als o
addressing the reality faced in the Federal Institutes of Education, Scien ce and Technology (IFs). It highlights the periphery
as a relational territorial space, socially constructed under the logics of the process of production and r eproduction of
peripheral capitalism, analyzing the contradictions and potentials of class experiences in these territories. It walks thr ough
the r eflection around the densities of reality and raises the production of new knowledge in the scope of public policies,
having as starting point testimonies of struggle for survival present in the territor ies of the cities, considering the impacts of
the pandemic of COVID-19. It di scusses the political meaning s of the IFs, based on the daily actions of teaching , research
and extension and their articulation with the territories where they live. It makes reflections based on the daily work
experiences of social workers in the IF -São Paulo - Jacareí Campus, unveiling some aspects present in the reality of this
sociooccupational space and the subjects of professional action in times of "pandemic capitalism".
Keywords: Territories; everyday life; ter ritory of experiences; p andemic; Federal Institute of Education; professional and
Technological education; political senses.
1
Doutor em Serviço Social pela PUC São Paulo, professor da Faculdad e Paulista de Serviço Social FAPSS de São
Caetano do Sul, rodiniz@gmail.com.br.
2
Doutora em Serviço Social, foi professora do Programa de Estudos Pós Graduados em Serviço Social da PUC São Paulo,
pesquisadora e autora de livros, capítulos e diversos artigos sobre a temática territorial, exclusão, desigualdades socia is e
assistência social. Faleceu em 29 de outubro de 2022. Esse texto marca suas últimas produções.
3
Doutora em Serviço Social pela PUC São Paulo, Assistente Social do IFSP Câmpus Capivari. graziellenfelicio@gmail.com.
4
Assistente Social no Instituto Federal de Educação, Ciência e T ecnologia de São Paulo - Campus Jacareí. Docente na
Universidade do Vale do Paraíba (Univap). Mestre em Serviço Social pela PUC-SP e em Avaliação e Gestão de Políticas
Sociais pela Universidade de Grenoble Alpes França. thais.resteves@gmail.com.
Rodrigo Diniz, Dirce Koga, Grazielle Nayara Felício Silva e Thaís Ribeiro Esteves
642
Artigo recebido em: 12/02/2022 Aprovado em: 14/03/2022
1 INTRODUÇÃO
Refletir sobre territórios e políticas públicas no contexto do capitalismo periférico exige
sucessivas aproximações com as mediações do real. Neste processo, a escala do cotidiano é ponto de
partida para as diferentes e articuladas problematizações deste ensaio, que tece rela ções entre
territórios periféricos, políticas públicas e suas repercussões no contexto pandêmico, abordando
também a realidade enfrentada no âmbito dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia
(IFs).
Problematiza a categoria periferia como espaço territorial, relacional, socialmente
construído sob as lógicas do processo de produção e reprodução do capitalismo periférico, que marca
as estruturas e os modos de produção dos matizes da sociedade brasileira. Destaca que os territórios
periféricos centram-se não sob a lógica de exceção da produção dos espaços urbanos, mas constituem
elementos próprios e metabólicos da produção do espaço sob os vértices da economia capitalista.
Analisa as contradições e as potências das experiências de classe no processo de construção,
identidade e reprodução desses espaços.
Também trata do desafio em se decifrar a realidade e produzir novos conhecimentos no
âmbito das políticas públicas, tendo como ponto de partida testemunhos de luta pela sobrevivência
presentes nos territórios das cidades, considerando inclusive os impactos da pandemia da COVID-19.
Ao eleger como eixo norteador os “territórios de vivência”, tem como referência o cotidiano destes
territórios enquanto perspectiva de análise para o deciframento da multiplicidade de agentes e
agenciamentos sociais neles atuantes, em que se constroem relações de convívio, associações e
conflitos de interesses, acordos e códigos de sobrevivência. Neste cotidiano marcado por lutas, lutos,
resistência, dores, conquistas e so frimentos, e aparentemente apartado do Estado diante das
evidências de precariedade e desigualdade social, também se pode evidenciar suas contrafaces
enquanto territórios de (sobre) vivência.
Destaca, também, o(s) sentido(s) político(s) dos Institutos Federais de Educação, Ciência
e Tecnologia (IFs), a partir do cotidiano das ações de ensino, pesquisa e extensão e sua articulação
com os territórios de vivência. Compreende-se que os IFs têm centralidade na materialização da
Política de Educação Profissional e Tecnológica (EPT), estando presente em todas as unidades
federativas do país, fruto de investimentos sociais, econômicos e políticos das políticas voltadas à EPT.
Seus campus expressam ações a partir de uma formação integral, de modo a contribuir para o
desenvolvimento social, político, econômico e cultural dos territórios, bem como para os arranjos
produtivos regionais e locais. Foi possível constatar os sentidos políticos dos IFs ao promover uma

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