The development of micro and small technology-based companies: The case of the Technological Incubator of Guarulhos (TIG)/ O desenvolvimento de micro e pequenas empresas: o caso da Incubadora Tecnologica de Guarulhos.

AutorGomes, Maurici Dias
CargoEstrategia Empresarial

Introducao

O presente artigo trata do desenvolvimento de micro e pequenas empresas (MPEs) beneficiarias de um programa de apoio a gestao implantado no ambiente de uma incubadora de empresas de base tecnologica.

De acordo com Gassman e Becker (2006), apesar de as incubadoras de empresas terem experimentado um fenomeno recente de crescente relevancia empirica, pouca pesquisa tem sido feita nessa area, com limitacoes de estudos no processo de incubacao e nos recursos fornecidos pelas incubadoras.

No inicio dos anos 1950, na conhecida regiao do Vale do Silicio, na California, a Universidade de Stanford criou uma incubadora de empresas com a finalidade de apoiar alunos recem-graduados no desenvolvimento de projetos de base tecnologica, bem como para neles promover o desenvolvimento do espirito empreendedor (Damiao et al., 2013).

O modelo atraiu o capital de risco e o seu sucesso fez com que, a partir dos anos 1960, tenha se difundido para alem da California. Posteriormente, atingiu a Europa e a Asia. Em meados dos anos 1980, o Brasil tambem adotou esse modelo para apoiar o desenvolvimento de micro e pequenas empresas em ambientes locais (ANPROTEC, 2014). Desde entao, as incubadoras de empresas tem desempenhado um papel relevante no universo das MPEs e promovido o estimulo, a criacao e o desenvolvimento de projetos inovadores (INCUBADORA, 2014).

Segundo a Associacao Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores--ANPROTEC (2014), uma das razoes para isso reside no fato de essas empresas obterem resultados significativos por meio do suporte recebido pela incubadora durante o periodo de incubacao e posterior amadurecimento necessario para enfrentar a competicao no mercado. O suporte recebido da incubadora geralmente se traduz em apoios especificos para desenvolver os recursos e as capacidades das empresas, por forca de estarem inseridas em um ambiente voltado para a promocao da inovacao e o desenvolvimento de produtos e servicos diferenciados.

As incubadoras de empresas oferecem suporte tecnico, gerencial e a formacao complementar do empreendedor para facilitar e agilizar o processo de inovacao tecnologica nas micro e pequenas empresas (INCUBADORA, 2014).

Para Raupp e Beuren (2009), as incubadoras, desde que foram constituidas, passaram a representar um importante subsidio no desenvolvimento das MPEs e a oferecer a empresa incubada o auxilio necessario ao seu crescimento e desenvolvimento nos primeiros anos de existencia. De acordo com um estudo feito em 2011 pela ANPROTEC em parceria com o Ministerio de Ciencia, Tecnologia e Inovacao (MCTI), o Brasil contava com 384 incubadoras em operacao, que abrigavam 2.640 empresas e geravam 16.394 postos de trabalho. Essas incubadoras tinham graduado 2.509 empreendimentos, que faturavam R$ 4,1 bilhoes e empregavam 29.205 pessoas. O mesmo estudo revelou outro dado importante: 98% das empresas incubadas inovavam, 28% com foco no ambito local, 55% no nacional e 15% no mundial (ANPROTEC, 2014).

A Incubadora Tecnologica de Guarulhos (ITG) foi criada em 2005 por intermedio da Agencia de Desenvolvimento e Inovacao de Guarulhos (AGENDE), da Prefeitura Municipal de Guarulhos (PREFEITURA, 2014). Guarulhos e a oitava cidade mais rica do Brasil, com uma producao que representa mais de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) e ocupa a segunda posicao entre os municipios paulistas.

Conforme Damiao et al. (2013), a ITG desenvolveu um programa estruturante denominado Pronto para Viver (PPV), com foco na gestao do processo de incubacao das empresas participantes. O objetivo do programa e ajudar as empresas incubadas a desenvolverem de maneira mais eficaz os seus recursos e as suas capacidades, obterem melhor desempenho de seus negocios, com a consequente criacao de valor para os seus clientes. Nesse sentido, Raupp e Beuren (2009) ressaltam a necessidade de as incubadoras oferecerem programas que possam amenizar as dificuldades encontradas pelas empresas durante o processo de incubacao e que favorecam o desenvolvimento das caracteristicas empreendedoras.

Com base nas colocacoes acima, a pesquisa que fundamenta este artigo questionou a relevancia desse tipo de apoio para o efetivo desenvolvimento inicial dessas empresas incubadas, particularmente na ITG.

Para isso, adotou-se a abordagem da Visao Baseada em Recursos (VBR), que e a mais proficua e destacada dentro da Administracao Estrategica (Nothnagel, 2008, Kretzer & Menezes, 2006) e que foca os recursos e as capacidades como fontes de criacao de valor capazes de gerar vantagem competitiva para as empresas.

Gassman e Becker (2006) sustentam que a VBR pode oferecer um modelo explicativo de como incubadoras de empresas funcionam como unidades corporativas especializadas que desenvolvem novos negocios.

Segundo Barney (1991), um dos autores destacados da VBR, a combinacao de recursos e capacidades especificos de uma determinada empresa pode proporcionar a criacao de valor superior para os clientes por meio dos seus produtos. Para esse autor, a vantagem competitiva e obtida quando os recursos e as capacidades forem heterogeneos e de dificil imitacao.

Para responder ao questionamento apresentado anteriormente foi definido como objetivo, identificar a efetiva contribuicao da referida incubadora para a complementacao e formacao dos recursos e capacidades para as empresas incubadas enfrentarem os concorrentes nos mercados dos seus produtos, do ponto de vista dos empresarios gestores. Como objetivos especificos buscou-se: a) entender como ocorre a geracao de valor para os clientes das empresas incubadas; e b) identificar que recursos e capacidades desenvolvidos tem sido estrategicos para essa geracao de valor, decorrentes do apoio da ITG.

As proximas secoes deste artigo apresentam considerares sucintas sobre a atuacao das incubadoras, em particular sobre aquela na qual o estudo foi feito, o referencial teorico com os conceitos sobre a VBR que fundamentaram o estudo, as justificativas e o detalhamento dos procedimentos metodologicos de um estudo exploratorio e descritivo, a opcao pelo metodo qualitativo, as analises e interpretares com o material obtido no campo e as considerares finais, com possiveis respostas ao questionamento que norteou o estudo e com os aprendizados obtidos.

Espera-se com este trabalho mostrar as contribuees de uma incubadora, no caso a ITG, para o desenvolvimento de micro e pequenas empresas de base tecnologica, com fundamentacao na VBR, a partir da criacao de valor para os seus produtos e servicos, tendo em vista entender que recursos e capacidades se tornaram estrategicos nesse processo.

Incubadoras de empresas

De acordo com o SEBRAE (2013), as incubadoras de empresas maximizam o uso dos recursos humanos, financeiros e materiais de que dispoem os micro e pequenos empresarios. Essa acao aumenta a sobrevivencia das empresas. No Brasil, estimativas apontam que a taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas que passam pelas incubadoras fica reduzida a 20%, um nivel comparavel aos europeus e americanos. Ja para as nascidas fora do ambiente de incubadora, a instituicao aponta uma taxa de mortalidade de 80% antes de completarem o primeiro ano de funcionamento.

Para Somsuk, Wonglimpiyarat e Laosirihongthong (2012), as incubadoras de empresas de tecnologia sao vistas como um mecanismo que pode criar ambientes de apoio empresarial de base tecnologica para start-ups, ajuda-las a aumentar as suas taxas de sobrevivencia. Storopoli, Binder e Maccari (2013) consideram que as incubadoras promovem a aceleracao do desenvolvimento de empresas empreendedoras e auxiliam em sua sobrevivencia e crescimento.

Nessa linha, o estudo de Souza, Sousa e Bonilha (2008) destaca que os beneficios gerados pelas novas empresas que surgem das incubadoras sao inumeros, dentre eles a aplicacao de tecnologias desenvolvidas em centros de ensino e pesquisas no setor produtivo; a criacao de postos de trabalho; a inclusao de grupos minoritarios ou em condicoes economicas desfavoraveis; o desenvolvimento de cadeias produtivas; e a difusao de produtos, processos e servicos, muitas vezes inovadores, melhores, mais eficientes e mais baratos. Segundo os autores, ao prestar esses servicos as incubadoras canalizam recursos para novos projetos em universidades.

Existem diversos tipos de incubadoras: as de base tecnologica (abrigam empreendimentos que usam tecnologia); as tradicionais (dao suporte a empresas de setores tradicionais da economia); as mistas (aceitam tanto empreendimentos de base tecnologica quanto de setores tradicionais) e as sociais (que tem como publico-alvo as cooperativas e associacoes populares).

No caso das empresas de base tecnologica, os empreendedores tambem contam com a oportunidade de acesso a universidades e instituees de pesquisa e desenvolvimento, com as quais muitas incubadoras mantem vinculo. Isso ajuda a reduzir custos e riscos do processo de inovacao, pois permite o acesso a laboratorios e equipamentos que exigiriam investimento elevado.

Segundo a ANPROTEC (2014), a empresa, para ingressar em uma incubadora, precisa passar por um processo seletivo. As regras de selecao variam de acordo com cada incubadora, porem o prerrequisito mais importante e a inovacao. A empresa pode ser incubada residente (quando ocupa um espaco dentro do predio da incubadora) ou incubada nao residente (caso em que tem sua propria sede, mas recebe suporte da incubadora).

O tempo medio de incubacao de uma empresa e de tres anos. Todavia, esse prazo varia de acordo com as caracteristicas do empreendimento. Empresas da area de tecnologia da informacao e comunicacao tendem a ficar menos tempo incubadas, ja que trabalham com tecnologias que tem um ciclo de desenvolvimento mais curto, diferentemente dos empreendimentos de biotecnologia, por exemplo. O importante e que, ao se graduar, o empreendimento esteja preparado para o mercado. Durante o processo de incubacao, as incubadoras fazem acompanhamentos periodicos para avaliar o nivel de desenvolvimento...

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