The role of artifacts on contract coordination of strategic alliances/ O papel dos artefatos na coordenacao das aliancas estrategicas no setor de tecnologia.
| Autor | Sachetto, Ronaldo dos Santos |
| Cargo | Estrategia Empresarial |
Introducao
Aliancas estrategicas sao acordos nos quais dois ou mais parceiros dividem o compromisso de alcancar um objetivo comum, unindo todas as suas capacidades e recursos (Teece, 1992). Em setores nos quais a influencia de aliancas estrategicas e crescente, desenvolver a capacidade relacional pode ser uma fonte de vantagem competitiva, ja que se trata de uma capacidade dinamica. Isto e, de uma capacidade para, propositadamente, criar, estender ou modificar os recursos da firma, incluindo os recursos da firma parceira (Helfat et al., 2007). Por outro lado, problemas associados ao oportunismo por parte de um parceiro, podem limitar os beneficios de uma alianca (Helfat et al., 2007). Nesse sentido, ha grande interesse da academia em entender o motivo pelo qual algumas firmas conseguem obter um bom resultado com aliancas estrategicas e outras nao.
Aliancas estrategicas tem se mostrado uma relevante ferramenta estrategica. Como evidencia, tem-se seu uso frequente em muitos segmentos. Contudo, conforme Schilke e Goerzen (2010), aproximadamente 50% das aliancas nao atingem as expectativas, reforcando a necessidade de se entender como algumas obtem maior sucesso do que outras. A rotina de coordenacao interorganizacional proposta por esses autores refere-se a importancia de governar eficientemente as atividades de integracao entre os parceiros, pois ha necessidade de se reconciliar os interesses entre esses, e realizar essa coordenacao de forma eficiente e eficaz aumenta as chances de sucesso na parceria.
Diversos autores mencionaram a importancia da gestao da alianca entre os parceiros como uma forma de se obter sucesso na parceria estabelecida (Helfat et al., 2007, Teng & Das, 2008, Zollo, Reuer & Singh, 2002). O processo de coordenacao da alianca envolve um conjunto de atividades ou comportamentos executados com o objetivo de alcancar uma ou mais metas. E composto por rotinas, isto e, subprocessos regulares que determinam padroes de interacao recorrente e regularidades cognitivas, vistos como regras, procedimentos e padroes operacionais, que podem armazenar conhecimento e garantir a estabilidade dos processos, reduzir a incerteza, aumentar a legitimidade da organizacao e proporcionar mudancas na organizacao (Becker, 2004). Alguns autores enfatizaram a importancia de detalhar como as rotinas acontecem, quais fatores podem influenciar seu desempenho e como podem ser alteradas (Pentland & Feldman, 2005, Felin, Foss, Heimeriks & Madsen, 2012).
Nesse cenario, vem a tona a figura dos artefatos, que sao mecanismos criados pela atividade humana, incluindo, por exemplo: ferramentas, sistemas, procedimentos escritos, tecnologia e manuais (Pentland & Feldman, 2008, Cacciatori, 2012, D'Adderio, 2011, Leonardi & Barley, 2008). Estudos recentes (D'Adderio, 2011; Bapuji, Hora & Saeed, 2012; Edmondson, Bohmer & Pisano, 2001; Cacciatori, 2012) tem mostrado que os artefatos sao importantes na criacao, manutencao e evolucao das rotinas organizacionais. Isso porque essas nao dependem somente de recursos humanos; ha tambem a necessidade de regras, ferramentas e outros objetos fisicos para executa-las.
Com vistas a aumentar o conhecimento no aprimoramento da coordenacao das aliancas estrategicas, neste artigo, a questao de pesquisa e: Qual o papel dos artefatos nos processos e nas rotinas de coordenacao interorganizacional das aliancas estrategicas? Apos essa introducao, apresenta-se uma sintese sobre aliancas estrategicas e sua coordenacao e sobre rotinas e processos organizacionais; em seguida, a metodologia da pesquisa, a analise dos resultados e, por fim, as conclusoes deste trabalho.
Referencial teorico
A Coordenacao das Aliancas Estrategicas
Como uma forma de responder ao crescente avanco tecnologico e ao aumento da competitividade, as aliancas estrategicas sao utilizadas cada vez mais como um modo de manutencao e crescimento das organizacoes.
Segundo Barney e Hesterly (2007), ha dois tipos de aliancas estrategicas: a primeira e a uniao de duas empresas para criar uma terceira (joint-ventures), e a segunda e a criacao de uma alianca estrategica com o objetivo de desenvolver um produto ou servico, em que sao combinadas as capacidades das empresas para a geracao do objeto mencionado em contrato. Nesse caso, as empresas firmam um contrato com o objetivo de estabelecer essa parceria. Isso posto, o foco do estudo esta nas aliancas estrategicas contratuais.
A formacao e o desenvolvimento das aliancas estrategicas envolvem os recursos dos parceiros (Das & Teng, 2000). Quanto mais os recursos das empresas apresentarem mobilidade imperfeita, imitabilidade imperfeita e possibilidades de substituicao imperfeita, maiores serao as probabilidades de essas empresas desenvolverem uma alianca estrategica. Ademais, a complementaridade e a similaridade dos recursos das empresas envolvidas facilitam o desempenho da alianca. Se houver diferencas na cultura, no gerenciamento, na estrategia e na tecnologia entre as empresas, a alianca pode falhar. (Das & Teng, 2000).
Empresas parceiras que possuem recursos, tanto financeiros quanto tecnologicos, fisicos e organizacionais, facilitam a criacao de uma alianca. Ha dois tipos de riscos envolvidos em uma alianca: o risco relacional, que e a possibilidade de a empresa parceira nao possuir um espirito de cooperacao, e o risco de desempenho, que acontece quando os objetivos propostos no contrato nao sao atingidos, mesmo havendo cooperacao (Teng & Das, 2008).
Zollo et al. (2002), em um estudo sobre aliancas no setor de biotecnologia, mostraram a importancia das rotinas para gerenciar as capacidades relacionais dos parceiros, trazendo beneficios para o resultado da alianca.
O processo de governanca e fundamental na gestao das aliancas, visto que elas podem falhar em seu objetivo e acabam nao sendo bem sucedidas. Para Schilke e Goerzen (2010) e Dyer e Kale (2007), a coordenacao interorganizacional e uma rotina fundamental para garantir a gestao da alianca, pois os parceiros necessitam dessa coordenacao, em que ha o envolvimento de diversas pessoas. Ademais, cabem conciliar os interesses entre os parceiros e a necessidade de alinhar suas atividades.
Conforme Doz, Hamel e Prahalad (1989), a coordenacao nao e conseguida somente a partir de mecanismos contratuais, mas tambem pela interacao do dia a dia dos empregados envolvidos nas atividades da alianca. As aliancas implicam que algumas atividades sao divididas entre os parceiros, o que leva a necessidade de governanca e reintegracao. A distribuicao dos direitos entre os parceiros e uma determinante central da governanca da alianca, porque afeta as possibilidades de cada parceiro em controlar o desempenho das atividades dentro dos limites do relacionamento (Nielsen, 2009).
O papel dos mecanismos de coordenacao processuais e governar as relacoes dentro dos limites institucionais definidos, mediante os mecanismos de governanca contratuais escolhidos. (Nielsen, 2009). As decisoes sobre frequencia, tempo e direcionamento de fluxos de conhecimento, e o modo como esses fluxos ocorrem, identificam as dimensoes operacionais de mecanismos de coordenacao processuais. De acordo com Schilke e Goerzen (2010), tres argumentos suportam a necessidade de rotinas de coordenacao interorganizacional:
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Em um cenario de cooperacao interorganizacional, existe a dependencia entre os parceiros de uma coordenacao entre as partes, em que a interdependencia de recursos e o envolvimento de diversas pessoas reforcam a necessidade dessa coordenacao;
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Nem sempre os parceiros tem os mesmos objetivos na alianca; assim, e necessario reconciliar os interesses entre as partes por meio de processos e rotinas de coordenacao;
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Os parceiros nao tem toda a informacao necessaria para alinhar as suas proprias acoes com as atividades.
Para Goerzen e Beamish (2005), quando uma relacao entre parceiros e estabelecida, novas rotinas organizacionais podem ser criadas e os custos com esse monitoramento podem ser altos, devido a falta de confianca entre os parceiros e a pouca familiaridade com os processos, sistemas e rotinas dos parceiros. Em sintese, problemas de coordenacao surgem pela dificuldade de alinhar as acoes, podendo persistir mesmo quando os interesses estao alinhados (Gulati, Lawrence & Puranam, 2005).
A rotina de coordenacao interorganizacional possui um papel importante no processo de gestao das aliancas. Segundo Teng e Das (2008), as organizares desenvolvem procedimentos, manuais e processos de tomada de decisao, para facilitar a criacao e o desenvolvimento das aliancas. Como o objetivo deste trabalho e caracterizar as atividades de coordenacao das aliancas, analisando o papel dos artefatos nessas atividades, aumentando o entendimento sobre como os artefatos presentes nas rotinas e processos podem auxiliar no aprimoramento da capacidade de coordenacao das aliancas, a seguir, desenvolvem-se os conceitos de rotinas e processos organizacionais e se discute o uso de artefatos nessas atividades.
Rotinas e Processos Organizacionais
Como mencionado por Kale, Dyer e Singh (2002), os processos e as rotinas sao fundamentais para definir as atividades de uma alianca. Ja que rotinas e processos sao utilizados como sinonimos por alguns autores, cabem fazer a distincao entre esses dois construtos.
O processo e um conjunto definido de atividades ou comportamentos executados por humanos ou maquinas, para alcancar uma ou mais metas (ABPMP--ASSOCIATION OF BUSINESS PROCESS MANAGEMENT PROFESSIONALS, 2009). Os processos sao disparados por eventos especificos e apresentam um ou mais resultados, podendo conduzir ao termino do processo ou a transferencia de controle para outro processo. Processos sao compostos por varias tarefas ou atividades inter-relacionadas que solucionam uma questao especifica.Para Gerard (2011), as rotinas sao definidas como padroes de comportamento repetiveis, conectando os atores, e fazem parte do processo. Os processos sao responsaveis pela estrutura de trabalho e as rotinas...
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