Trabalhador agrícola em condições de pobreza e indigência: estimativa de um modelo Probit para a região sul do Brasil

AutorJanete Leige Lopes - Rosangela Maria Pontili - Francielly Aparecida Costa
CargoProfessora Adjunta da UNESPAR: Universidade Estadual do Paraná - Professora Adjunta da UNESPAR: Universidade Estadual do Paraná - Economista formada pela UNESPAR: Universidade Estadual do Paraná
Páginas85-110
TRABALHADOR AGRÍCOLA EM CONDIÇÕES DE
POBREZA E INDIGÊNCIA: ESTIMATIVA DE UM MODELO
PROBIT
PARA A REGIÃO SUL DO BRASIL
Janete Leige Lopes1
Rosangela Maria Pontili2
Francielly Aparecida Costa3
Resumo
Este estudo teve como objetivo investigar a probabilidade de um trabalhador
agrícola, residente na zona rural, da Região Sul do Brasil, pertencer à
classe pobre ou indigente. Fazendo uso de um modelo probit e tendo-se
como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD), do ano 2009, este estudo revelou que: a probabilidade de pobreza
ou indigência é maior entre os trabalhadores agrícolas com idade inferior
a 40 anos; trabalhadores do sexo masculino têm maior probabilidade de
pertencer à população pobre ou indigente; trabalhadores brancos apresentam
menor probabilidade de serem pobres ou indigentes que os negros, pardos
e indígenas; quanto maior o tamanho da família, maior a probabilidade de
um trabalhador rural ser pobre ou indigente; um maior nível de escolaridade
afeta positivamente as condições de vida dos trabalhadores agrícolas, uma
vez que diminui a probabilidade de pobreza ou indigência. Vale salientar que
este estudo observou uma quantidade considerável de crianças e adolescentes
1 Professora Adjunta da UNESPAR: Universidade Estadual do Paraná, campus Campo Mourão. Doutora em Economia
Aplicada pela Universidade de São Paulo (Esalq/USP). Pesquisadora do Grupo de Pesquisas em Desenvolvimento
econômico e social, sob a perspectiva regional e urbana. Avenida Irmãos Pereira, 2211, centro, 87300-010 – Campo
Mourão-PR. Telefones: (44) 3016-3737 e (44) 9102-0405. E-mail: j_llopes@yahoo.com.br
2 Professora Assistente da UNESPAR: Universidade Estadual do Paraná, campus Campo Mourão. Doutoranda do
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (UNIOESTE - Campus de Toledo).
Pesquisadora do Grupo de Pesquisas em Desenvolvimento econômico e social, sob a perspectiva regional e urbana.
Rua Dilermando Reis, 424, vila industrial, 87.905-360 – Toledo-PR. Telefone: (44) 9917-3563. E-mail: rpontili@
yahoo.com.br
3 Economista formada pela UNESPAR: Universidade Estadual do Paraná, campus Campo Mourão, em 2011. Telefone:
(44) 3529-1182. E-mail: francielly.00@hotmail.com
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Textos de Economia, Florianópolis, v.15, n.2, p.85-110, jul./dez.2012
no trabalho agrícola, além de um número expressivo de trabalhadores
exercendo sua atividade produtiva sem renda ou para o próprio consumo.
Em vista disso, concluiu-se que é de fundamental importância manter e/
ou criar políticas públicas que privilegiem melhorar as condições de vida
entre os trabalhadores agrícolas.
Palavras-chave: Trabalhador agrícola, zona rural, pobreza.
Classificação JEL: J43; Q15.
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, a história agrícola está ligada à história do processo de
colonização no qual a dominação social, a política e a economia da grande
propriedade foram privilegiadas. Assim, a grande propriedade impôs-se
como modelo socialmente reconhecido e recebeu estímulos expressos na
política agrícola que procurou modernizar e assegurar sua reprodução, con-
figurando-se uma realidade em que a agricultura familiar sempre ocupou
um lugar secundário e subalterno na sociedade brasileira.
Além disso, entre 1960 e 1970, o Brasil experimentou um aumentou na
concentração pessoal da renda sem precedentes. O processo de concentração
de renda continuou vigente e o Brasil chegou à última década do século
XX ostentando um dos maiores índices de desigualdade na distribuição de
rendimentos do mundo. Nos anos 80, aumentou a desigualdade, o rendimen-
to médio diminui e a pobreza absoluta se ampliou. [...] entre 1981 e 1990
cresce o grau de concentração de rendimentos do trabalho e a incidência da
pobreza entre as pessoas ocupadas na agricultura, tanto no âmbito do Brasil
como um todo quanto nas suas diferentes regiões (CORRÊA, 1999, p. 03).
A partir da década de 1960, a agricultura brasileira iniciou o processo
de modernização, com a chamada Revolução Verde, a partir da qual novos
objetivos e formas de exploração agrícola passaram a serem utilizadas, provo-
cando transformações no meio rural. Esse processo de modernização trouxe
acirrada concorrência no que diz respeito à produção, bem como a efeitos
sociais e econômicos sofridos pela população envolvida com atividades ru-

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