Trabalho e (in)visibilidade social: desafios contemporâneos da inserção da população com deficiência no mundo do trabalho

AutorJeovana Nunes Ribeiro
CargoProfessora do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Maranhão (DESES UFMA). Doutora em Serviço Social pela Universidade Estadual Paulista (UNESP/FRANCA SP). Pós-doutoranda em Serviço Social no Programa Pós-graduação em Serviço Social da Universidade Federal da Paraíba (PPGSS UFPB).
Páginas486-501
TRABALHO E (IN)VISIBILIDADE SOCIAL: desafios contemporâneos da inserção da população
com deficiência no mundo do trabalho
Jeovana Nunes Ribeiro
1
Resumo
Este artigo analisa a inserção da população com deficiência como uma parcela expressiva de nossa sociedade que está à
margem do mercado, elencando elementos relacionados ao mundo do trabalho configurado como a fábrica de sujeitos
supérfluos, adoecidos, sequelados, desempregados e microempr eendedores de uma sociedade capitalista injusta e
desigual, que promove o desemprego, a concorrência entre as pessoas, agrava a saúde, a qualidade de vida do
trabalhador, gesta uma população com deficiência e sua (in)visibilidade social. Ressalta as questões norteadoras do artigo
trabalhadas à luz da teoria social de Marx a partir da pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa, com o uso de fontes de
dados quantitativos das instituições como IBGE, dentre outras.
Palavras-chaves: Trabalho; (in)visibilidade social; população com Deficiência.
WORK AND SOCIAL (IN)VISIBILITY: contemporary challenges of the insertion of th e population with disabilities in
the world of work
Abstract
This article analyzes the insertion of the population with disabilities as an expressive portion of our society that is on the
margins of the m arket, listing elements related to the world of work configured as the factory of supe rfluous, sick, sequelae,
unemployed and micro -entrepreneurs of an unjust and unequal capitalist society, which promotes unemployment,
competition between people, it aggravates the health, the quality of life of the wor ker, gestates a population with disabilities
and its social (in)visibility. It is noteworthy the guiding qu estions of the article worked in the light of Marx’s social theory from
the bibliogr aphic research of qualitative nature, with the use sources of quantitative data from institutions such as IBGE,
among others.
Keywords: Work; social (in)visibility; population with disabilities.
Artigo recebido em: 30/10/2022 Aprovado em: 31/03/2023
DOI: http://dx.doi.org/10.18764/2178-2865.v27n1.2023.28
1 Professora do Departamento de Serviço Social da Universida de Federal do Maranhão (DESES UFMA). Doutora em
Serviço Social pela Universidade Estadual Paulista (UNESP/FRANCA SP). Pós-doutoranda em Serviço Social no Programa
Pós-graduação em Serviço Social da Universidade Federal da Paraíba (PPGSS UFPB). E -mail: jeovana.nunes@gmail.com.
Jeovana Nunes Ribeiro
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1 INTRODUÇÃO
O estudo apresentado é fruto de estágio pós-doutoral e desdobra-se em duas dimensões,
quais sejam: o processo de inserção da população com deficiência no mundo do trabalho e a gestão da
força de trabalho. Para tanto, analisamos a forma do Estado capitalista brasileiro a partir da
Constituição de 1988, no que se refere à política de responsabilidade social direcionada à inserção das
pessoas com deficiência (PCDs) no âmbito do trabalho. É oportuno mencionar que é utilizada a
terminologia população com deficiência e justifica-se que em nenhum outro momento deste artigo será
encontrado o acrônimo, em respeito ao movimento de luta pela não utilização da sigla, por ser
considerado desapropriado para identificar pessoas, mas trata-se de um conjunto de letras iniciais
usadas para nomear empresas, organizações, estados, países.
O verbo “incluir” será evitado com a finalidade de não adentrar na discussão da
polaridade “inclusão versus exclusão”, uma vez que a inserção no trabalho está subjacente, por ser o
ponto de irradiação da análise que ilumina a leitura da heterogeneidade dos sujeitos da condição
operária, lembrando que o mundo do trabalho, hoje, tem se configurado como uma fábrica de sujeitos
“supérfluos”, “sequelados” e com novos sujeitos empreendedores cuja existência marca a nossa
sociedade, promovendo a concorrência entre as pessoas, a desesperança, o adoecimento mental,
além de “mutilar” fisicamente milhares de trabalhadores e trabalhadoras que compõem o “exército de
reserva” como uma problemática proeminente do século XXI, sobretudo, nos países periféricos e latino-
americanos, dentre eles o Brasil, em que se intensifica “a fábrica do sujeito neoliberal” (DARDOT;
LAVAL, 2016, p. 316).
É relevante explanar o plano textual deste artigo, onde será abordado o trabalho e a
particularidade da população com deficiência; a forma de Estado e gestão da força de trabalho;
invisibilidade social e a população com deficiência e as considerações finais, lembrando que na
contemporaneidade há um isolamento social, adoecimento coletivo, que promove o distanciamento do
“proletariado” acometido aos espaços de trabalho, além de uma política de involução de direitos
sociais, sobretudo, na experiência brasileira do social liberalismo ao ultraliberalismo, deixando à
margem uma população trabalhadora adicional relativamente supérflua ou subsidiária, que não é
empregada pelo capital, mas pertence a ele como um exército de reserva, disponível para ser
explorado (MARX, 2003).

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