Trabalho, lutas sociais e resistências na América Latina

AutorCláudia Alves Durans, Juan Pablo Sierra Tapiro, Walter Mauricio Gallego Medina, Wagner Miqueias Félix Damasceno
CargoAssistente social. Doutorado em Serviço Social (UFPE). Professora do Curso de Serviço Social(UFMA). E-mail: claudia.durans@ufma.br / Doutorado e Mestrado em Serviço Social (UFRJ). Professor da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). E-mail: juan.tapiro@uerj.br / Graduado em Trabajo Social. Doutorando em ...
Páginas677-696
TRABALHO, LUTAS SOCIAIS E RESISTÊNCIAS NA AMÉRICA LATINA
Cláudia Alves Durans
1
Juan Pablo Sierra Tapiro
2
Walter Mauricio Gallego Medina
3
Wagner Miqueias Félix Damasceno
4
Resumo
Este artigo, fruto de uma Mesa coordenada apresentada na Joinp 2021, composta por 2 docentes colombianos e 2 brasileiros,
busca discutir a atualidad e do sistema capitalista e sua relação destrutiva com a natureza, que pr oduz consequências
dramáticas como doenças, epidemias e a pandemia da co vid-19, tendo consequências profundas para a economia, na
concentração e acumulação de riquezas e de aumento da pobreza, assim como, nas lutas de classes em várias partes do
mundo, em especial na América do Sul. Traz uma análise da pequena mineração de ouro na Colômbia que representa 80% da
produção anual de ouro e é marcada por relações de informalidade e "ilegalidade" típicas da estrutura econômica e política do
país, condição que a torna uma expressão de trabalho vulne rável a ser capturada por capitais clandestinos, usurários e
criminosos, que se encarregam de financiar e / ou extorquir as etapas da cadeia de valor, (extração, lucro e comercialização) e
toda a complexidade e múltiplas sutilezas para encobrir a “ilegalidade” do ouro, lavar dinheiro e dar continuidade à rota de
comércio internacional. Apresenta também aportes para entender el Paro Nacional de 2021 en Colombia, “como expresión de la
crisis capita lista" e uma aproximação à maior mobilização social realizada nesse país durante o século XXI, entendido esse
protesto como uma expressão da crise capitalista, na sua face mais imediata (na pandemia do Coronavírus COVID-19). Analisa
ainda as lutas antirracistas na atualidade através do fenômeno recente que são as derrubadas das estátuas nos EUA e América
Latina pelos movimentos sociais.
Palavras-chave: Capitalismo; trabalho; mineração; lutas sociais; pandemia.
WORK, SOCIAL STRUGGLES AND RESISTANCE IN LATIN AMERICA
Abstract
This article is the result of a coordinated panel presented at Joinp 2021, composed of 2 Colombian an d 2 Brazilian pr ofessors,
seeks to discuss the current situation of the capitalist system and its destructive relationship with nature, which produces dramatic
consequences such as diseases, epidemics and the covid pandemic. -19, with profound consequences for the economy, in the
concentration and accumu lation of wealth and an increase in poverty, as well as in class struggles in various parts of the world,
especially in South America. It brings an analysis of the small gold mining in Colombia that represents 80% of the annual
production of gold and is marked by relations of informality and "illegality" typical of the economic and political structure of the
country, a condition that makes it an expression of work vulnerable to being captured by clandestine capital, usurers and
criminals, who are responsible for financing and / or extorting the stages of the value chain, (extraction, profit and
commercialization) and all the complexity and multiple subtleties to cover up the “illegality” of gold, laundering money and
continue the international trade route. It also presents Contributions to understand the National Paro of 2021 in Colombia, as an
1
Assistente social. Doutorado em Serviço Social (UFPE). Professora do Curso de Serviço Social (UFMA). E-mail:
claudia.durans@ufma.br
2
Doutorado e Mestrado em Serviço Social (UFRJ). Professor da Faculdade de Serviço Social da U niversidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ). E-mail: juan.tapiro@uerj.br
3
Graduado em Trabajo Social. Doutorando em Meio Ambiente e Desenvolvimento PRODEMA/UFPE. Mestrado em Estudos
Políticos Latinoamericanos (UNAL/ Bogotá).
4
Museólogo. Cientista social. Doutorado em Sociologia (UNICAMP). Mestrado em Ciências Sociais em Desenvolvimento,
Agricultura e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CPDA/UFRRJ). E-mail:
wagnermiqueias@gmail.com
Cláudia Alves Durans, Juan Pablo Sierra Tapiro, Walter Mauricio Gallego Medina e Wagner Miqueias Félix Damasceno
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expression of the capitalist crisis" presents an approach to the greatest social mobilization carried out in that country during the
21st century, understanding this protest as an expression of the capitalist crisis, both in its most (in the Coronavirus COVID -19
pandemic) It also analyzes the anti-racist struggles today through the recent phenomenon that are the toppling of statues in the
USA and Latin America by social movements.
Palavras-chave: Capitalismo; trabalho; mineração; lutas sociais; pandemia.
Artigo recebido em: 14/02/2022 Aprovado em: 29/04/2022
1 CRISE CAPITALISTA E PANDEMIA
Caracterizamos que a forma atual sob a qual ocorre produção e reprodução da vida humana,
ou seja, a forma capitalista, está em crise. Analisamos que as crises são inerentes ao capitalismo, por suas
contradições e características essenciais: produção coletiva e apropriação privada; existência de cla sses
sociais com interesses antagônicos; propriedade privada dos meios de produção; trabalho não pago,
apropriado pelos capitalistas; regime de assalariamento que cobre apenas o custo da força de trabalho;
opressão a serviço da exploração; centralização e concentração da riqueza; anarquia na produção;
produção mundial; protecionismo para os países imperialistas e livre-cambismo para os semicoloniais,
entre outros.
O capitalismo desde a sua gênese necessita inventar e reinventar formas de exploração e
subordinação de classe, no sentido de enfrentar as suas contradições que são insolúveis. Para Marx, “o
capital é um produto coletivo e só pode ser posto em movimento pelos esforços combinados de muitos
membros, em última análise, pela atividade combinada de tod os os membros da sociedade”. (Marx e
Engels, 1998, p.52). Nesse sentido, é impossível ao capital desenvolver-se sem o trabalho do proletariado,
ou seja, sem o seu antagônico, mais ainda, esse desenvolvimento pressupõe a concentração de riquezas
nas mãos dos capitalistas e a concentração da miséria para as classes destituídas da propriedade dos
meios de produção.
Todas as sociedades anteriores à capitalista enfrentaram crises que eram detonadas, em
geral, por fenômenos da natureza, por epidemias, guerras, ou seja, fenômenos externos à economia, e
eram crises de subprodução, já que eram sociedades que enfrentavam a escassez. Já no modo de
produção capitalista as crises são de superprodução. A incorporação da ciência e da tecnologia cada vez
mais avançada na produção aumenta a capacidade humana de produzir mercadorias.
A burguesia, com a sua dominação de classe, que conta apenas com um século existência, criou
forças produtivas mais abundantes e mais grandiosas que todas as gerações passadas tomadas
em conjunto. A domesticação das forças da natureza, as máquinas, a aplicação da química à
indústria e à agricultura, a nave gação a vapor, os caminhos de ferro, os telégrafos elétricos, o
arroteamento de continentes inteiros, a regularização dos rios, populações inteiras brotando da

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