Trabalho e trabalhadores em contexto de crise estrutural do capital
Autor | Angela Borges - Joaci Cunha |
Cargo | Editores |
Páginas | 1-3 |
678
Caderno s do CEAS, Salvador, n. 239, p. 678-680, 2016.
TRABALHO E TRABALHADORES EM CONTEXTO DE CRISE
ESTRUTURAL DO CAPITAL
A crise inaugurada no início dos anos 70 do século XX, com o esgotamento do ciclo
expansivo do pós-guerra, que se convencionou chamar Fordismo, engendrou transformações
estruturais em todas as dimensões da economia e da sociedade – tecnologias, empresas,
mercados, Estados, valores, etc – as quais produziram novas contradições que evidenciam o
caráter estrutural da atual crise do capitalismo e seus impactos extremamente destrutivos
sobre a população, o meio ambiente e sobre a própria atividade econômica, subordinada e
constrangida pela hegemonia do capital financeiro e da ordem neoliberal.
Uma das dimensões centrais desta crise resulta dos seus impactos sobre o trabalho,
sobre os mercados de trabalho e sobre os trabalhadores os quais reverberam no conjunto da
sociedade, desestruturando modos de vida, questionando valores, aprofundando as dimensões
clássicas da questão social, como a desigualdade e a pobreza, e tornando-a mais complexa
com a emergência de novas manifestações e novos desafios para as lutas sociais.
Na passagem do século XX para o século XXI, os trabalhadores se defrontam com o
poderio avassalador do capital, o qual, após subordinar todas as regiões do mundo à lógica do
mercado, destruindo as formas de organização e de produção pré-existentes, aumentou,
exponencialmente, a força de trabalho à sua disposição, tornando possível, graças às novas
tecnologias de comunicação e transporte, deslocar a produção para onde os salários e a
proteções fossem mais baixos, colocando, deste modo, todos os trabalhadores do mundo, no
âmbito de cada mercado de trabalho específico, a concorrerem por um emprego ou ocupação,
subordinando-se às condições degradantes impostas pelo capital.
Este movimento, iniciado pela deslocalização da atividade industrial para a periferia
do sistema, a partir dos anos 80, atinge hoje quase todas as categorias de trabalhadores,
inclusive aquelas mais qualificadas, envolvidas nas atividades de concepção e na produção
imaterial, que estão tendo o seu exercício profissional inviabilizado ou radicalmente
transformado e desvalorizado pelas plataformas digitais, que ampliam enormemente a
concorrência entre os trabalhadores e fragmentam as tarefas num patamar inédito.
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