A trajetória de empoderamento de mulheres na economia solidária

AutorAdriana Lucinda de Oliveira
Páginas137-150
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A TRAJETÓRIA DE EMPODERAMENTO
DE MULHERES NA ECONOMIA SOLIDÁRIA
Adriana Lucinda de Oliveira
Resumo:
O artigo analisa o processo de empoderamento de
mulheres trabalhadoras nos Empreendimentos de Economia
Solidária. As iniciativas solidárias possibilitam a vivência grupal,
a experiência coletiva de tomada de decisões , o acesso à
educação, a ocupação dos espaços públicos. Discutimos essas
temáticas através das trajetórias de empo-deramento
psicológico, social e político de mulheres, apresentando os
desafios, possibilidades e conquistas.
Palavras-chave:
mulheres; empoderamento; Economia
Solidária.
O presente artigo integra parte das discussõ es realizadas na dissertação de mestrado em
Serviço Social, na qual analisamos, através do método biográfico; a trajetória ocupacional de
mulheres trabalhadoras em empreendimentos de Economia Solidária.
A pesquisa evidenciou a presença das mulheres nos empreendimentos, bem como seu
protagonismo e a capacidade de constituir espaços de geração de trabalho e renda a partir das
atividades apreendidas ao longo da socialização: cozinhar, limpar, costurar, bordar, fazer artesanato.
Essas atividades constituíram-se como pertencentes ao espaço privado, ou atividades “tidas como
femininas”, entretanto, caracterizam-se em um dos potenciais da Econom ia Solidária.
Considerando o protagonismo das mulheres nas iniciativas solidárias, essas experiências
podem contribu ir a médio e longo prazo para a ruptura e superação da visão androcêntrica, das
relações discriminatórias e dos múltiplos mecanismos de negação das especificidades femininas.
Dada à complexidade desses elem entos, a mudança, a superação e o questionamento devem partir
do espaço do vivido, das relações, das consciências, da práxis. Lagarde afirma a importâ ncia de
reconhecer os espaços da
vida cotidiana, privada e pública, pessoal e institucional nos quais prevalece a solidariedade, colaboração e o
pacto, como princípios de relação entre mulheres e homens, como também da eliminação da segregação
genérica (LAGARDE, 1996, p.140).
No entanto, um dos principais desafios é a incorporação dessa lógica pelas próprias mulheres,
haja vista que su as consciências, seus olhares também estão influenciados pela subalternidade, pela
supremacia dos homens, pela desigualdade. A lógica dominante impregnou as mulheres da
responsabilidade de “ser para os o utros”, ou seja, a vida das mulheres tem no centro a satisfação das
necessidades dos outros (filhos, companheiro, comunidade).
A desconstrução dessa lógica e a emergência do “ser pa ra si” requerem a análise das práticas,
a inclusão das mulheres e o exercício da participação. Neste sentido, os em preendimentos de
Economia Solidária podem possibilitar esse processo, à me dida que seguirem os princípios de
democracia, solidariedade e cooperação.
A vivência em grupo é outro el emento que contribui para esse desafio, pois facilita o debate, a
visualização dessas temáticas e a elaboração de estratégias de muda nça. Assim, as mulheres têm na
Economia Solidária mais um caminho para tornarem-se sujeitos políticos, pessoas empoderadas que
a partir de suas especificidades interferem nas decisões, constroem o presente e o futuro.
A Contribuição do Método Biográfico
A metodologia qualitativa tem uma importância significativa para os est udos na área das
ciências humanas po r possibilitar investigações que apreendem as subjetividades, os significados, as
representações das pessoas e dos grupos. Além disso, esse enfoque investigativo focaliza e valoriza a

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