Versus: a arte como arma

AutorJeferson Candido
Páginas77-81
VERSUS: A ARTE COMO ARMA 1
Jeferson Candido
I. TEMPOS DE ABERTURA(S)
Os anos de 1974 a 1980 ficaram conhecidos no Brasil
como os anos da abertura. É o período em que as liberdades
individuais e políticas começam a (re)tomar suas formas a
partir da “distensão” do regime ditatorial. Vemos surgir o
debate acerca da formação de novos partidos políticos, em
especial de esquerda — debate que se reflete no material
que venho pesquisando, como veremos adiante —, já que o
fim do bipartidarismo se aproximava. Outro fato é o
reerguimento, ou surgimento, com força crescente, de vários
movimentos não ligados de maneira tão direta aos grupos da esquerda política:
movimentos populares, de trabalhadores, ecológicos, negros, feministas, gays, entre
outros, que surgem com a constatação de que não havia espaço para suas discussões
específicas no interior da esquerda, esquerda esta que começa a mostrar suas diferenças
e seus ranços ideológicos, antes postos em segundo plano pela união consensual que
visava ao combate à ditadura.
II. UM JORNAL
Dos inúmeros fatos que marcam esse período, um deles diz respeito a esta
pesquisa. Falo da chamada imprensa nanica, ou alternativa, já surgida alguns anos antes,
mas que atinge aí seu período mais marcante — e também seu fim.
Propondo a cultura como forma de ação política, surgia em São Paulo, em outubro
de 1975, o jornal Versus. Vendido inicialmente de mão em mão, o jornal chegou a ser
distribuído nacionalmente, com tiragens de até 35 mil exemplares. Teve 34 números
(mais dois especiais), sendo extinto em outubro de 1979. Sua periodicidade não foi fixa:
1 “O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico”.
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