Apresentação
| Autor | Virgílio de Mattos - João Batista Moreira Pinto |
| Cargo | Editores de Veredas do Direito |
| Páginas | 5-9 |
APRESENTAÇÃO
5
Mais um ano. Novo ano, um novo número de VEREDAS e as
coisas parecem ir de mal a pior, fora da revista, pelo mundo todo. Uma preo-
cupação emerge de forma generalizada: Para onde vamos? A Europa parece
rumar célere em direção ao neofascismo. História que se sabe por onde co-
meça, mas não se consegue enxergar o fim.
Está difícil manter o otimismo, que tem sido nossa marca registra-
da nesses últimos cinco anos, mesmo durante as intempéries. Outra crise
cíclica do capitalismo e, desta vez, parece ser a crise final do modelo neoliberal,
como apontam todos: governantes, economistas, analistas, patrões, emprega-
dos, desempregados, estudantes.
Convenhamos, isso não era para ser motivo de alegria? As crises
nos países do centro normalmente não impulsionam os avanços na periferia?
Por que esse mal-estar generalizado, tanto na metrópole hegemônica – de
governante novo, sim, nós podemos ficar livres do que há de pior! – quanto
em nuestra América?
Os avanços da fascistização moderna na Europa são visíveis no
Parlamento Europeu, no ódio ao imigrante, na perda brutal de postos de traba-
lho, na ampliação do modelo de encarceramento total, no empobrecimento
generalizado, na queda abrupta dos elevados padrões de consumo e até mes-
mo dos padrões latinos de consumo.
Em terreno de semelhante fertilidade, só poderíamos mesmo espe-
rar o crescimento da criminalidade miúda: varejistas de drogas, punguistas,
estelionatários, pequenos furtos contra estabelecimentos comerciais e transe-
untes, grupos de sem-nada (inclusive, e sobretudo, esperança) a “justificar” o
aumento indiscriminado do controle penal como política social do possível e
seus nefastos “efeitos colaterais”: endurecimento do encarceramento em
massa, mais do mesmo, mais do pior. Sempre mais do mesmo e do pior a cada
crise. Nesse sentido, o sentido de abrirmos nosso número com uma co-
memoração. Enfim algo a ser comemorado e em grande estilo: os 25 anos de
luta do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra pela Reforma Agrária.
VEREDAS DO DIREITO dá vez e voz a dois de seus grandes cantores: a
professora Delze dos Santos Laureano, que leciona Direito Agrário na Escola
Superior Dom Helder Câmara e é combativa defensora de todos os excluídos
na RENAP – Rede Nacional de Advogados Populares, e o professor Gilvander
2009.pmd 21/9/2009, 12:205
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