Atuar no tribunal do júri requer preparo de atleta

AutorMarcelo Balzer Correia
CargoPromotor de justiça do MP-PR
Páginas24-27
24 REVISTA BONIJURIS I ANO 34 I EDIÇÃO 674 I FEV/MAR 2022
ENTREVISTA
Arte:
Giovana Tows
ATUAR NO TRIBUNAL
DO JÚRI REQUER
PREPARO DE ATLETA
MARCELO BALZER CORREIA
PROMOTOR DE JUSTIÇA DO MP-PR
Promotor de justiça do Ministério Público do Paraná, Marcelo Balzer Correia já atin-
giu a marca dos 1.300 júris em uma década e meia de atuação à frente do tribunal
do júri. Concidentemente, Balzer, como é conhecido, é também um triatleta e cor-
redor de rua, com 48 maratonas no currículo e participação nas mais prestigiadas
provas de longa distância no mundo, em Nova York, Chicago, Berlim, Londres e
Boston. Por essa razão, ele costuma comparar as duas atividades. “É preciso preparo de
atleta para enfrentar o tribunal do júri. Nunca se sabe o que virá. A sessão pode atraves-
sar a madrugada e prolongar-se por uma semana”, diz. Até 2010, o trabalho da acusação
era incumbência de apenas dois promotores. Balzer chegou a participar de 12 júris por
mês, três por semana e até dois por dia nas ocasiões em que a Justiça promoveu muti-
rões. A carga de trabalho só diminuiu em anos recentes, quando foram nomeados mais
quatro promotores para a equipe. Mas a marca do milésimo júri de Balzer já havia sido
ultrapassada. Na data em que o Tribunal do Júri completa 200 anos – ele nasceu antes da
proclamação da Independência, em um caso envolvendo crime de imprensa – Balzer faz
questão de ecoar a frase do falecido jurista René Do� i, que afi rmava que a Constituição
de 1988 havia feito do tribunal uma cláusula pétrea. “É a instituição mais democrática
do país”. Hoje, atuando em uma média de quatro júris por mês, um número ainda assim
expressivo, ele mantém um gabinete nas dependências da corte, localizada em um majes-
toso prédio no Centro Cívico, que é raramente ocupado. Explica-se: Balzer passa os dias
transitando entre o plenário do tribunal e as salas de audiência. Sim, é preciso ter fôlego.
E isso justifi ca a vida de atleta.
Como é atingir a marca dos 1.000 júris?
Creio que é a consequência natural do traba-
lho. Não sou o primeiro a atingir esse número.
Um promotor que faz 12 júris por mês completa
1.000 em dez anos de trabalho. Foi o meu caso
até 2010, quando a equipe, que era de apenas
dois promotores, aumentou para seis membros.
Desde então, minha cota mensal diminuiu em
um terço. Mas eu continuo ampliando minha
marca. E há ocasiões em que eu faço dois júris
em um único dia.
Dois júris?
Sim. Isso ocorre quando a Justiça promove mu-
tirões. Mas são júris bastante céleres, muitos
deles em que a juntada de provas documentais
e testemunhais já aponta para uma absolvição
ou desclassifi cação.
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