Cidades inteligentes: uma proposta de inclusão dos cidadãos rumo à ideia de 'cidade humana

AutorPaulo Sérgio Ferreira Filho/Rafael da Mota Mendonça/Vânia Siciliano Aieta
Páginas17-48
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CAPÍTULO 1
CIDADES INTELIGENTES: UMA PROPOSTA
DE INCLUSÃO DOS CIDADÃOS RUMO À
IDEIA DE “CIDADE HUMANA”
O fenômeno da globalização teve o condão de
promover uma nova era de estreitamento das relações
comerciais entre os países, auxiliado, sobretudo, pelo
desenvolvimento tecnológico, que impactou de forma
significativa grande parte das sociedades nacionais.
Passados quase 40 anos do início de tal fenômeno, o
mundo e, principalmente, as cidades experimentam uma
formatação social e governamental que pode se assemelhar a
outras tentativas de uma idealização dos tempos da Grécia e
Roma antigas, mas que guardam peculiaridades devido ao
tempo contemporâneo, no qual tais centros urbanos estão
inseridos.
É em razão disso, que se objetiva estabelecer os
contornos conceituais das iniciativas presentes nos centros
urbanos contemporâneos. Precisamente, fala-se do fenômeno
intitulado “cidade humana”, na medida em que certas
sociedades residentes em centros urbanos estão interagindo
de uma nova maneira.
Para tanto, no âmbito da conformação de uma análise
qualitativa, utilizar-se do método fenomenológico
elaborado por Edmund Husserl (2000) em sua obra “A Ideia
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da Fenomenologia”. Tal método tem como principal
característica o fato de não se ater às amarras conceituas pré-
definidas e, justamente, por serem as “cidades humanas” um
fenômeno contemporâneo cujos parâmetros conceituais ainda
estão em construção pelos estudiosos, tal método pode servir
ao presente trabalho, na medida em que não se tem uma
margem temporal para analisar, de forma mais aprofundada,
o fenômeno das “cidades humanas”.
Método fenomenológico de Edmund Husserl
Segundo Edmund Husserl (2000), o método
fenomenológico estabelece como premissa a análise do
fenômeno como tal, livre das fronteiras conceituais
previamente estabelecidas. Busca-se analisar o fenômeno em
si, como algo que é visto diante da consciência, algo que está
diante de todos.
Tal método não se preocupa em estabelecer se tal
coisa é realidade ou aparência. Coisa aqui entendida como
algo dado, observável. O pesquisador visa esclarecer o que é
dado, o que salta aos seus olhos, o que causa estranheza. Ele
considera a imagem presente na consciência dos sujeitos. Só
interessa a ele saber como o conhecimento ocorre em um
dado espaço geográfico e como se apresenta para cada
pessoa. O objetivo da fenomenologia é proporcionar uma
descrição direta da experiência, do modo como ela se
apresenta, com seus eventuais alicerces históricos, que não
guardam, necessariamente, uma ideia de causa e efeito. Não
se busca compreender das causas da existência de um dado
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fenômeno, mas sim trazer os elementos que o compõem e
evidenciar possíveis manifestações diferenciadas.
Para o método fenomenológico, a realidade é
múltipla, dependendo de quantas forem as interpretações e
comunicações do fenômeno. Por essa razão, não há uma
rigidez na coleta de informações, todavia sua análise é mais
criteriosa, com fins de que se promova uma coerência na
análise do objeto que se pretenda pesquisar. Procura-se
explicar o fenômeno de forma coerente com o intuito de
gerar conhecimento, sem, no entanto, ter de estabelecer
critérios de reunião dos dados necessários à pesquisa.
No momento em que se observa o fenômeno em si
sem parâmetros definidores já existentes, promove-se uma
ampliação das possibilidades de interpretação do fenômeno.
Em outras palavras, o método fenomenológico é,
simultaneamente, exploratório e descritivo em um sentido
puro, na medida em que a observação é livre. Em momento
posterior, o pesquisador estabelecerá os contornos
conceituais, que a primeira observação é gerar
conhecimento de como o fenômeno se apresenta. O porquê
da existência dele ocorre em outro momento e denota causa e
efeito. Assim, a pesquisa metodológica parte do cotidiano,
da percepção e da compreensão do modo de vida das
pessoas. Nesse sentido, o método fenomenológico se insere
como uma base lógica da investigação.

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