A construção da ordem: A elite política imperial; Teatro das sombras: A política imperial

AutorOsvaldo Agripino de Castro Jr.
CargoAdvogado, Doutor em Direito (UFSC), professor do CESUSC e da FGV-RJ e Coordenador do Instituto Brasileiro de Direito e Desenvolvimento (www.ibradd.com.br). E-mail: osvaldo@ibradd.com.br.
Páginas657-659

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A obra reúne, num único volume, a tese de doutorado em Ciência Política de José Murilo de Carvalho, professor titular de História do Brasil da UFRJ, autor de Os bestializados. O Rio de Janeiro e a República que não foi (1987) e A formação das almas. O imaginário da República no Brasil (1990), Desenvolvimento de la ciudadanía en Brasil (1995) e Pontos e Bordados - Escritos de história e política (1998), dentre outros, consagrado com o um dos maiores especialistas das histórias do Império e da cidadania brasileira. Defendida pelo autor em 1974 na Stanford University, onde tive oportunidade de pesquisar como visiting scholar em 2000, parte substancial da minha tese de Doutorado em Direito Comparado na UFSC, especialmente pelo excelente acervo bibliográfico, pois possui a terceira maior brasiliana dos EUA (biblioteca com livros sobre o Brasil), a obra de Carvalho é relevante para os operadores do direito no Brasil e no mundo de tradição jurídica romano-germânica. A primeira parte "A Construção da Ordem: a elite política imperial" aborda o papel das elites políticas na construção do Estado brasileiro, com atenção especial aos bacharéis em direito, advogados e magistrados: "Os advogados, em contraste com os juristas, sãoPage 658 típicos produtos da revolução burguesa e da política liberal, pois são os profissionais da representação de interesses" (p.26). Verifica-se que a representação política dos advogados era apenas a ampliação de uma atividade que já exerciam nas relações sociais e econômicas. Além disso, juristas e magistrados exerceram grande papel na política e nas administrações portuguesa e brasileira. Nessa obra, pode-se distinguir a diferença entre o papel dos juristas e advogados, pois esses estavam para o Estado absolutista, e aqueles para o Estado liberal.

A burocracia como vocação de todos, a unificação da elite de letrados e magistrados, e os juízes, padres e soldados como matizes da ordem, também são abordados com maestria e qualidade das fontes bibliográficas pesquisadas. Na "Construção da Ordem" o autor recorre à expressão do sociólogo Guerreiro Ramos, "dialética da ambigüidade", para caracterizar a dinâmica das relações entre a burocracia imperial e os proprietários rurais.

Na segunda parte do livro, "Teatro das Sombras", em brilhante conclusão, o autor usa a metáfora teatral para caracterizar o Império brasileiro, na esteira das observações de quatro obras relevantes de Joaquim Nabuco e de outras...

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