Discurso do Professor Paulo Cezar Pinheiro Carneiro

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Discurso do Professor Paulo Cezar Pinheiro Carneiro:
“Discursos, convém que sejam poucos, se possível, que sejam bons; em qualquer
caso, que sejam breves”. Esta a advertência do Prof. José Carlos Barbosa Moreira no
discurso proferido para a sua última turma de bacharelandos da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, no ano de 1996. Prometo cumprir, pelo menos, a advertência final
sobre a brevidade.
Na realidade já anuncio que não pretendo fazer discurso, mas sim falar um
pouco nesta homenagem do Mestre José Carlos Barbosa Moreira. Vi o professor pela
primeira vez nos idos de 1968/1969 no casarão da Faculdade de Direito da antiga
Universidade do Estado da Guanabara, salão nobre, defendendo, em concurso público,
tese para livre docência. Sua segunda tese para livre docência. A primeira já havia
defendido na Faculdade Nacional em 1968. Nesta a tese era “O Juízo de
Admissibilidade no Sistema dos Recursos Civis”. Foi então, naquele momento, que o
jovem mestre que despontava demonstrou todo o seu talento, cultura e uma dose de fina
ironia reveladores de uma maturidade precoce na área que escolhera como
especialidade, enfrentando com ampla vantagem aquela temível banca que procurava
sem sucesso questionar o seu trabalho. Foi algo inesquecível principalmente para
aqueles que pela primeira vez assistiram a um concurso do gênero. Mal sabia o mestre
que começara a despertar nos seus futuros alunos, e assim foi ao longo de toda a sua
carreira, a vontade de um dia seguir os mesmos passos.
Mais tarde, começou a dar aulas na então Universidade do Estado da Guanabara
com exclusividade, e a sua primeira turma para a qual ministrou por inteiro o curso nos
anos de 71/72, a minha turma, as salas de aula ficavam lotadas. Cada turma dizia ser a
preferida e a melhor e o mestre quando indagado respondia com um sorriso enigmático:
“existem muitas moradas na casa do pai!!!” Naquela época eram 300 alunos (150
manhã mais 150 à noite). E as aulas do mestre eram concorridíssimas, pois alunos de
outras turmas e mesmo de outras universidades já corriam para assistir às aulas do
mestre que despontava.
Cada uma das turmas do Prof. José Carlos tem as suas lembranças. E mesmo
aqueles que tiveram a oportunidade de assistir as suas palestras. Quem não se recorda
das figuras que o Professor José Carlos usava para ilustrar as suas aulas? Em 1972, a
fábula da Bela Adormecida no Bosque servia de base à compreensão do recurso
intitulado “o agravo no auto do processo”, parente mais velho do que hoje conhecemos

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