Duas Histórias

AutorEuclides de Oliveira
Páginas250-250
ALÉM DO DIREITO
250 REVISTA BONIJURIS I ANO 34 I EDIÇÃO 676 I JUN/JUL 2022
Esta foi narrada por Cor-
nélio Pires , que foi grande
poeta e escritor, além de
folclorista e compositor uma
pessoa de grande espírito. Pas-
so do jeito como contou o de-
sembargador Alexandre Ger-
mano, escritor de letras claras
e de alma sensível. É um causo
interessante, que até pode ser
verdadeiro:
Um caipira tinha uma roça
de milho. Notou que toda noite
sumiam umas espigas. Pensou:
— Acho que são as capiva-
ras que invadem o milharal
para comer as espigas de milho.
Mandou abrir uma valeta
ao redor da plantação.
De manhã, foi ver o resulta-
do: de fato, uma capivara havia
caído no buraco. Mas, ao lado
dela, também estava um vizi-
nho e compadre, com um saco
cheio de espigas…
O dono da roça ouviu as des-
culpas do compadre e lhe res-
pondeu:
— Bem, vou jogar uma cor-
da para você sair daí; amarre
também o saco de milho… O
compadre respondeu:
— Tá bem! Só que o saco de
milho não é meu; nem sei de
quem é… só se for da capivara!
Em questão de família, mudou
muito a lei brasileira. Antes, o
casamento era para sempre,
hoje o divórcio é porta aberta.
Como escreveu o jornalis-
ta mineiro O� o Lara Resende,
“Era uma vez um casamento
indissolúvel. Hoje tudo é solú-
vel, do café aos cálculos renais”.
Certa feita perguntaram a
um conhecido advogado divor-
cista:
— Você é contra ou a favor
do divórcio?
E ele:
— Sou contra.
— Pode dizer por quê?
— Porque o divórcio permi-
te à pessoa fazer uma bobagem
pela segunda vez.
Na verdade, ele era contra o
casamento, não contra o divór-
cio.
Dizem que casamento de su-
cesso é apaixonar-se muitas ve-
zes pela mesma pessoa. Se não,
vira puro enfado, rotina e uma
verdadeira prisão a dois, com
pouco deleite e muita fritura.
O saudoso Chico Anísio co-
mentava que o homem casado
há 40 anos com dona Maria não
entende de casamento, entende
de dona Maria. E completava:
— Quem entende de casa-
mento sou eu, que tive seis.
É dele o livro “Como Salvar
seu Casamento”. Indagado
como poderia aconselhar os
outros se tivera tantas uniões
desfeitas, ele respondeu:
— Conta a experiência. Exa-
tamente por que tive muitos
casamentos é que posso dizer
como salvá-los.
Assim, quem não teve sorte
no amor, que procure outro(a)
para realizar o seu sonho de
felicidade eterna, enquanto
dure…
(Euclides de Oliveira)
DUAS HISTÓRIAS ENROLANDO LERO
Fui delegado, depois promo-
tor de justiça e, por último,
juiz de direito, cargo que
exerci durante 13 anos. Lá pe-
los idos de 1990/1991, na con-
dição de juiz de uma cidadezi-
nha chamada Caldas, no sul de
Minas Gerais, estava eu a in-
terrogar um réu, de nome An-
tonio da Silva Sobrinho, acu-
sado de ter praticado lesões
corporais de natureza leve em
um amigo, durante uma briga
decorrente de uma discussão
boba. Minha agenda, naquele
dia, estava lotada, e o tal réu,
a cada pergunta que eu fazia
“esticava” imensamente a res-
posta. Terminado o interro-
gatório e eu já irritado com a
demora havida, entreguei o
“termo de interrogatório” para
o réu e disse-lhe secamente:
— Leia e assine. O réu de-
morou uma imensidão de
tempo para ler e, depois, per-
guntou:
— Assino onde? E eu res-
pondi, apontando:
— Assine aqui. E aí nova
pergunta dele:
— Assino o meu nome? Eu,
mais irritado ainda, respondi-
-lhe:
— Não, assine o meu.
— E qual o nome de V. Exa.,
perguntou ele. Eu pronta-
mente respondi:
— Antonio da Silva Sobri-
nho (em verdade esse era o
nome dele; o meu é Ronaldo
Tovani).
— Poxa, exclamou ele — o
seu nome é igual o meu. E as-
sinou, devolvendo-me a folha.
(Ronaldo Tovani)

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