A 'equidistância pragmática' frente às incertezas internacionais dos anos 1930

AutorBruna Coelho Jaeger
Páginas109-124
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Capítulo 06
A “EQUIDISTÂNCIA PRAGMÁTICA FRENTE ÀS
INCERTEZAS INTERNACIONAIS DOS ANOS 1930
Bruna Jaeger1
Introdução
A política externa de equidistância pragmática é uma
estratégia de diplomacia e de política externa que consiste em manter
relações equilibradas com dois países ou grupos de países que
estejam em conflito, sem se aliar a nenhum deles. A equidistância
pragmática é uma postura neutra que busca evitar o envolvimento
direto em conflitos e proteger os interesses nacionais.
O termo "equidistância pragmática" foi usado pela primeira
vez pelo historiador e cientista político boliviano Silvio Huanca
Canqui para descrever a postura adotada pelo presidente do Brasil,
Getúlio Vargas, durante a Segunda Guerra Mundial. Canqui usou o
termo em seu livro, Entre o Atlântico e o Pacífico: Argentina, Brasil
e Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial”, publicado em 1988.
Durante o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945),
o Brasil manteve relações comerciais e diplomáticas tanto com os
Estados Unidos quanto com a Alemanha. O Brasil adotou uma
política de equidistância pragmática, o que significa que o país se
recusou a se juntar a uma das potências Aliadas ou ao Eixo no início
da Segunda Guerra Mundial. Diante desse cenário, entre 1935 e
1 Doutora em Economia Política Internacional ( UFRJ). Mestra em Estudos
Estratégicos Internacionais (UFRGS) e Graduada em Relações Internacionais
(UFRGS). Professora do curso de Relações Internacionais (Unilasalle-RJ).
Pesquisadora na ISI Emerging Markets. E-mail: br unacjaeger@gmail.com
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1942, Vargas adotou a política que consistia em manter relações
equilibradas com os Estados Unidos e a Alemanha para evitar
comprometer a segurança do Brasil.
No entanto, a equidistância pragmática de Vargas não
significou uma posição neutra na guerra. O Brasil se aliou às
potências aliadas e foi um importante fornecedor de recursos
naturais para os Estados Unidos durante a guerra, mas Vargas evitou
declarar guerra formalmente a Alemanha e tentou manter uma
postura de não envolvimento direto no conflito. Isso foi visto como
uma tentativa de proteger os interesses do Brasil e preservar a
soberania do país.
A equidistância pragmática de Vargas foi uma estratégia de
diplomacia e de política externa que visava aproveitar os benefícios
de manter relações equilibradas com os dois lados do conflito sem
se envolver diretamente no conflito. No entanto, essa postura
também foi criticada por alguns por ser vista como uma falta de
compromisso com os valores democráticos e de liberdade
defendidos pelos Estados Unidos e pelas potências aliadas na guerra.
A política externa do governo Vargas foi marcada por uma
série de transformações e mudanças. No início do governo, Vargas
adotou uma política de isolamento e neutralidade, mantendo relações
comerciais e diplomáticas com todos os países, incluindo os Estados
Unidos e a Alemanha. Contudo, com o início da Segunda Guerra
Mundial, o Brasil foi obrigado a tomar uma posição mais ativa e
decidir por qual lado se aliar. O Brasil teve uma relação mais
próxima com os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial,
principalmente depois que o país rompeu relações diplomáticas com
a Alemanha e declarou guerra ao país em agosto de 1942, após o
afundamento do navio Baependi pelo submarino alemão U-507.
Neste contexto, o presente capítulo tem como objetivo
analisar a política externa de equidistância pragmática adotada pelo
Brasil durante a Segunda Guerra Mundial e examinar os fatores que
levaram o país a adotar essa postura em relação aos dois lados do
conflito. Além disso, o artigo também explorará as consequências da

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