Escrevendo além das distinções

AutorAndreas Philippopoulos-Mihalopoulos
CargoProfessor de Teoria e Direito da Universidade de Westminster, Reino Unido, Diretor do Westminster Law and Theory Lab, artista, poeta e performer. Site: https://andreaspm.com. E-mail: andreaspm@westminster.ac.uk
Rev. Direito e Práx., Rio de Janeiro, Vol. 13, N. 1, 2022, p. 636-660.
Andreas Philippopoulos-Mihalopoulos
DOI:10.1590/2179-8966/2021/56709| ISSN: 2179-8966
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Escrevendo além das distinções
Andreas Philippopoulos-Mihalopoulos1
1 Universidade de Westminster, Westminster, Reino Unido. E-mail:
andreaspm@westminster.ac.uk. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8503-9208.
Tradução recebida em 18/12/2020 e aceita em 13/01/2021.
Versão original:
Philippopoulos-Mihalopoulos, Andreas. Writing Beyond Distinctions. In: Creutzfeldt, N.,
Mason, M. and McConnachie, K. (eds.). Routledge Handbook of Socio-Legal Theory and
Methods. London: Routledge, 2019.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License
Rev. Direito e Práx., Rio de Janeiro, Vol. 13, N. 1, 2022, p. 636-660.
Andreas Philippopoulos-Mihalopoulos
DOI:10.1590/2179-8966/2021/56709| ISSN: 2179-8966
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Resumo
A pesquisa jurídica v em se movendo cada vez mais além das distinções tradicionais
entre pensamento sócio-jurídico e pensamento jurídico crítico; texto seco da lei e
análise do contexto jurídico; direito “prático” e justiça “teórica”; modos de escrita
objetivo” e “subjetivo” e assim por diante. Grande parte da nova pesquisa jurídica se
move em direção a um entendimento localizado, corporificado e material do direito,
que trata tanto da própria lei quanto de seu contexto teórico e social. Neste capítulo,
argumento que esse movimento também deve se refletir não apenas no que
escrevemos, mas também no modo como escrevemos. Ofereço algumas observações
sobre po r que essas distinções já se tornaram obsoletas na prática jurídica da escrita,
apesar de ainda serem inconscientemente praticadas pela maioria de nós. Sugiro, então,
algumas maneiras pelas quais a escrita jurídica pode avançar ainda mais nessa direção
teoricamente rica, ainda que inserida e contextualizada. Algumas das etapas mais
importantes são: repensar o ensaio como verdadeiramente um ensaio (ou seja,
tentativa, experimento); correr riscos, não buscando a consistência acima de tudo, mas
permitindo que o texto se desdobre como um corpo em si mesmo e como um agente
jurídico; reservar uma posição de destaque para o "eu" em sua presença afetiva e
múltipla; e abraçar o desejo coletivo de um direito mais justo. Concluo resumindo as
distinções mais importantes que precisamos superar e revisitando talvez a distinção
derradeira entre direito e justiça.
Palavras-chave: Ensaio; Escrita jurídica; Pesquisa jurídica; Corpo e materialidades;
Cenário jurídico. (inseridas pelos tradutores)
Abstract
Legal research is increasingly moving beyond traditional distinctions between socio-legal
and critical legal thinking, black letter law and legal context analysis, “practical” law and
“theoretical” justice, “objective” and “subjective” modes of writing and so on. Large
parts of new legal research are moving towards an emplaced, embodied and material
understanding of law that is both about the law itself and its theoretical and social
context. In this chapter, I argue that this move should also be reflected not just in what
we write but also in the way we write. I o ffer some observations on why these
distinctions have already become obsolete in legal writing practice, despite the fact that
they are unconsciously still practiced by most of us. I then suggest a few ways in which

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