Evolução histórica da família

Páginas7-32
7
2
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FAMÍLIA
O conceito de família passou por uma profunda alteração ao
longo do tempo, acompanhando a evolução e o desenvolvimento da
sociedade.
Indiscutivelmente, a família evolui de acordo com o progresso
da humanidade e, seguindo o avanço social, vai alterando sua forma
de constituição.
Na medida em que a sociedade se modifica, outros arranjos
familiares vão surgindo, o que torna a família um instituto em cons-
tante evolução.
A família deixa de ser compreendida como um fim em si mes-
ma, para ser considerada um meio para a obtenção da felicidade e a
realização pessoal dos indivíduos.
Ocorre que para se chegar a essa conclusão, deve ser analisado
como a família evoluiu ao longo do tempo, de acordo com as pecu-
liaridades de cada momento histórico.
Pode-se afirmar que os clãs configuraram as primeiras manifesta-
ções de família, sendo o primeiro núcleo familiar existente na sociedade.
8
POLIAMOR: visão jurídica e losóca sobre as uniões simultâneas e poliafetivas
Nos clãs, os membros da família assumiam deveres e obrigações
morais, reunindo em uma mesma comunidade todos os descendentes
que compartilhavam de uma identidade cultural (CUNHA, 2009).
Com os riscos decorrentes do crescimento territorial e popu-
lacional, as entidades familiares passaram a se unir, formando as pri-
meiras tribos, que eram constituídas por grupos sociais compostos
de corporações de descendentes.
Nesta época, vigorava nas tribos, uma espécie de promiscui-
dade sexual ilimitada, em que todos os homens pertenciam a todas
as mulheres, sem qualquer distinção.
Friedrich Engels afirma que:
Reconstruindo retrospectivamente a história da família,
Morgan chega, de acordo com a maioria de seus colegas,
à conclusão de que existiu uma época primitiva em que
reinava, no seio da tribo, o comércio sexual sem limites,
de modo que cada mulher pertencia igualmente a todos
os homens e cada homem igualmente a todas as mulheres.
Já se falava desse estado primitivo no século passado, mas
apenas em formulações genéricas (ENGELS, 2009, p. 46).
Posteriormente, as tribos passaram a realizar os casamentos
em grupos, em que vários homens e mulheres se possuíam mutua-
mente (ENGELS, 2009).
Como não havia fidelidade no casamento em grupo, o reco-
nhecimento da paternidade tornou-se impossível, pois havia apenas
certeza quanto à maternidade dos filhos (ENGELS, 2009).
Diante da impossibilidade de se reconhecer a paternidade, os
filhos eram considerados comuns de toda a tribo.
Friedrich Engels, ao escrever sobre a história primitiva, constata
situações em que os homens praticavam a poligamia ao mesmo tempo
em que as mulheres praticavam a poliandria, de modo que os filhos de
uns e outros tinham de ser considerados comuns (ENGELS, 2009, p. 46).
Nos casamentos em grupo, o incesto era uma prática comum,
e os filhos, oriundos das relações incestuosas, nasciam com proble-
mas genéticos.

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT