Exemplo de avaliação estatística de gases e vapores
Autor | Tuffi Messias Saliba |
Ocupação do Autor | Engenheiro Mecânico. Engenheiro de Segurança do Trabalho. Advogado. Mestre em Meio Ambiente. Ex-professor dos cursos de Pós-Graduação de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. Diretor Técnico da ASTEC ? Assessoria e Consultoria em Segurança e Higiene do Trabalho Ltda |
Páginas | 111-119 |
Page 111
Um dos objetivos fundamentais da higiene ocupacional é conhecer, com o máximo de exatidão, os riscos à saúde dos trabalhadores presentes no am-biente de trabalho.
Neste estudo nos prenderemos à análise da exposição de trabalhadores a gases e vapores, visto serem estes uns dos principais agentes a que se sub-mete o trabalhador em um ambiente de trabalho.
Normalmente, a exposição do trabalhador a gases e vapores é avaliada baseando-se em dados coletados em apenas uma amostragem em cada posto de trabalho, não sendo levadas em consideração as variáveis operacionais e ambientais ocorridas quando se analisam vários dias de exposição. Consideramos necessária, então, a realização de mais de uma amostragem em dias e, até, turnos diferentes e, com a ajuda da estatística, avaliar a exposição ao risco, uma vez que toda medida está sujeita a algum tipo de erro.
Leidel, Busch e Lynch estudaram estatisticamente os diferentes parâmetros que inluenciam na avaliação dos contaminantes ambientais, mediante amostragem/análise com o objetivo de se fazer uma avaliação ótima.
Aplicaram conceitos de intervalos de coniança e estimativa do verdadeiro valor da concentração ambiental, além da teoria da decisão da existência de risco por comparação com os limites de tolerância, mediante contrastes de hipóteses e com grau de coniança de 95%. Esse estudo é recomendado pelo National Institute for Occupational Safety and Health — NIOSH na estratégia de avaliação de contaminantes ambientais.
Segundo Busch e Lynch, as concentrações de contaminantes na indústria se distribuem Iog-normalmente. Na estatística, enquanto a distribuição
Page 112
normal é determinada pela média e pelo desvio-padrão, a distribuição Iog-normal o é pela média geométrica (MG) e pelo desvio-padrão geométrico (DPG). Na distribuição desse tipo, a transformação logarítmica dos dados originais se distribui normalmente, e o MG e o DPG são simplesmente antilog da média e o desvio-padrão transformados. A curva da distribuição normal é simétrica, enquanto a Iog-normal assimétrica tem sentido positivo, o que indica maior probabilidade de altas concentrações nos dados distribuídos normalmente.
A Figura 1 compara a distribuição Iog-normal de igual média e desvio-padrão típico. No item 4, estão as equações dos cálculos dos parâmetros na distribuição Iog-normal.
Dentre os fatores que podem alterar os dados ambientais levantados, destacam-se três fundamentais:
-
Erro do método analítico.
-
Erros de amostragens.
-
Variações da concentração ambiental com o tempo.
Os dois primeiros podem ser minimizados e distribuídos normalmente; o levantamento deverá ser realizado dentro das técnicas adequadas de higiene ocupacional e por pessoal treinado para tal. Os aparelhos devem ser devidamente calibrados e aferidos, bem como existir coerência entre o levantamento de campo e o método analítico. Para tanto, deverão ser seguidos os métodos recomendados pelo NIOSH.
O terceiro fator não se pode conhecer de antemão, mesmo se sabendo que sua distribuição é Iog-normal e, geralmente, excede os dois primeiros de um fator compreendido em um intervalo de 10 a 20.
Devido a variações das concentrações ambientais e a erros aleatórios, conforme comentado anteriormente, torna-se difícil coincidir exatamente os resultados dos dados obtidos na amostragem/análise com o valor real. Sendo assim, ixando-se um grau de coniança de 95%, pode-se calcular os limites de intervalo de coniança em que se encontra o valor real das concentrações obtidas. Isso é feito mediante testes de hipóteses de existência ou não do risco. Nesses testes, podem ocorrer três...
Para continuar a ler
PEÇA SUA AVALIAÇÃO