Florestan Fernandes na Constituinte: Leituras para a Reforma Politica Florestan Fernandes.

AutorShiota, Ricardo Ramos
CargoRESENHA

Um livro vale pelo que sugere", aprendeu Florestan Fernandes, na decada de 1940, com seu professor Paul-Arbousse-Bastide. Tomando esse criterio como guia de leitura, podemos congratular a selecao e a republicacao de textos efetuada por esse livro, gracas a coedicao do Centro Sergio Buarque de Holanda, da Fundacao Perseu, e da Editora Expressao Popular. O livro oferece muitas sugestoes para a interpretacao do Brasil de ontem e de hoje e sugestoes acerca dos meios e dos fins a serem perseguidos para a transformacao construtiva de uma realidade sui generis.

O livro resulta de uma selecao de artigos e intervencoes parlamentares de Fernandes ja publicados em artigos de jornais e livros (O processo constituinte e A Constituicao inacabada...). Em vista dos objetivos dos editores de socializar o "conhecimento produzido pela classe trabalhadora brasileira em seu processo de luta" e de "difundir documentos historicos que podem contribuir para debates atuais", e pertinente a selecao de textos e discursos proferidos por Florestan Fernandes. A selecao priorizou textos que versam sobre uma tematica mais abrangente, nos quais Fernandes discute "o sistema politico, as caracteristicas do processo constituinte, e as opcoes e projetos de nacao defendidos pelo deputado e pelo Partido dos Trabalhadores naquele momento".

Tais criterios contribuem para salientar a atualidade das reflexoes do autor para o conhecimento do pais no momento em que se discute a reforma politica. A unica ressalva e que os projetos de nacao defendidos por Florestan Fernandes e as opcoes advogadas, que resultam da analise da correlacao de forcas e do jogo concreto de forcas, fazem parte de sua interpretacao do Brasil e este legado nao pertence ao PT, mas aos seus destinatarios, os "de baixo", os maiores interessados em uma revolucao democratica e socialista.

O livro compoe-se de textos claros e acessiveis, redigidos sob a forma de artigos do jornalismo politico, em contraste com a linguagem abstrata, sofisticada, tecnica e fechada, da qual Florestan Fernandes se valia para dirigir-se aos seus pares na condicao de catedratico.

Em 1962, ao fazer um balanco de sua participacao na "Campanha de Defesa da Escola Publica", Fernandes (2) expoe uma concepcao acerca da natureza do conhecimento sociologico e de sua divulgacao para o grande publico mantida nas intervencoes jornalisticas por meio de artigos publicados na grande imprensa antes, durante e depois do processo Constituinte ate sua morte em 1995.

Naquela conjuntura de crise politica que precedeu o Golpe civil-militar de 1964, Fernandes sustenta que a comunicacao com o grande publico, sobretudo com as liderancas dos grupos subalternos, e a participacao do intelectual nos...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT