Fulano, sicrano, beltrano e deve-se ou devem-se fazer leis
Autor | Maria Tereza de Queiroz Piacentini |
Cargo | Licenciada em Letras e mestra em Educação pela UFSC. Revisora da Constituição de Santa Catarina em 1989 |
Páginas | 82-82 |
Page 82
Existem três designações informais para pessoas que não se quer ou não se pode nomear: fulano, sicrano e beltrano. Não há necessidade de iniciar cada palavra com maiúscula. Aliás, o Acordo Ortográfico 2009 recomenda o uso da inicial minúscula nesses casos. Para uma referência isolada, só o primeiro termo é utilizado, às vezes acompanhado da expressão "de tal", que estaria no lugar do sobrenome:
Não vi o fulano que veio trazer a encomenda.
Disse o primo que ele está namorando fulana de tal.
Para dois indivíduos indeterminados usa-se fulano e sicrano. Neste último, também a variante com l é usada: siclano, dada a analogia com fulano (cria-se uma rima):
Tentaram subornar fulano e siclano.
Há controvérsia em relação à ordem em que devem ser ditos os três nomes: "fulano, sicrano e beltrano", no entendimento de Celso Luft; "fulano, beltrano e sicrano", de acordo com outros.
Quanto à origem das palavras, registra-se que:
. Fulano vem do árabe "fulan", que significa "certo (indivíduo)", isto é, uma certa pessoa, um determinado indivíduo, alguém. Variantes: fulão e fuão, forma sincopada e adaptada de "fulan(o)". No português arcaico se encontra a grafia foão.
. Beltrano veio provavelmente do nome próprio Beltrão, com o final modificado para rimar com fulano. Segundo o filólogo João Ribeiro, trata-se de nome usado nos romances de cavalaria como pessoa indefinida.
. Sicrano tem origem bastante vaga. Nos dicionários de etimologia se encontram várias hipóteses: pode ser que venha do latim "securu" (seguro), numa mistura final com fulano e beltrano; ou pode ter ocorrido o desfiguramento de algum nome próprio; ou mesmo pode ter sido criado por analogia às formas usadas em espanhol, zutano e citano, originárias do latim "scitu" (sabido, conhecido).
Voz passiva com auxiliar e infinitivo
Na locução verbal na voz passiva pronominal seguida de um substantivo no plural, é possível fazer a concordância verbal de duas formas. Pode-se empregar o auxiliar [dever, poder, estar] tanto no singular quanto no plural. Portanto, é lícito dizer:
Deve-se seguir as normas instituídas pela...
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