O futuro do trabalho no Brasil e os impactos da tecnologia na seara laboral

AutorSarah Franco de Souza e Souza
Ocupação do AutorGraduanda do sexto período de Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais
Páginas324-348
324 • O FUTURO DO TRABALHO NO BRASIL: CAPÍTULO 12
O FUTURO DO TRABALHO NO BRASIL E OS
IMPACTOS DA TECNOLOGIA NA SEARA LABORAL
Sarah Franco de Souza e Souza1
“e machine does not isolate man from the great problems
of nature but plunges him more deeply into them.
— Antoine de Saint-Exupéry
Sumário: Introdução. 1. Metodologia. 1.1. Vertente metodológi-
ca. 1.2. Setor de conhecimento. 1.3. Processo de estudo. 1.4. Natu-
reza dos dados da pesquisa. 1.5. Estratégia metodológica e proce-
dimentos. 1.6. Grau de generalização dos resultados. 1.7. Objetivos
pretendidos. 2. Conceito de trabalho e sua importância. 2.1. O con-
ceito de trabalho e suas diferentes interpretações. 2.2. Relação entre
emprego e tecnologia. 2.3. Por que a automatização agora é diferen-
te? 3. O trabalho no âmbito jurídico e sua mudança com o advento
tecnológico. 4. Novas tecnologias: o que são e quais já estão sendo
empregadas? 5. O futuro do trabalho em âmbito global. 5.1. Pre-
visões mais otimistas. 5.2. Previsões mais pessimistas. 6. Impactos
da automação no Brasil. 7. Possíveis soluções. Considerações nais.
Referências bibliográcas.
Introdução
O século XXI chegou e, com ele, uma mudança de paradig-
ma. A tecnologia foi capilarizada e o que antes era obra de cção
cientíca tornou-se realidade. O avanço cientíco foi vendido como
sinônimo de progresso e alardeado como a solução de todos os ma-
les humanos. Mas, será que isso é verdade?
O mundo do trabalho, obviamente, não escaparia imune aos
avanços do dito progresso digital. As máquinas estão cada vez mais
1 Graduanda do sexto período de Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Membro do grupo de estudo “Trabalho e
Resistências”. E-mail:sarahfssouza@gmail.com.
SARAH FRANCO DE SOUZA E SOUZA •325
inteligentes e tomando conta de variadas funções antes executadas
por humanos. Tal situação é referida como benéca, anal, o ser
humano, antes preso a tarefas repetitivas, agora pode se dedicar a
outras tarefas. Parece uma retomada discursiva ao ideal hegeliano de
valor do trabalho. Para ele, o trabalho seria uma forma de conferir
valor ao espírito humano, de forma a materializar suas potencialida-
des criativas que o distinguem dos outros animais irracionais.
Entretanto, parece que a realidade é bem diferente do que os
entusiastas da automatização apregoavam. A tecnologia, que antes
parecia ampliar nossos horizontes e propiciar maior liberdade aos
indivíduos está, na prática, ampliando ainda mais o abismo entre os
mais ricos e os mais pobres e criando uma poderosa rede de mono-
pólios travestida de democratização. Ao contrário da diminuição das
desigualdades, está ocorrendo uma dinâmica de “tudo ao vencedor”,
na qual uma pequena parcela de bilionários acumula a maior parte
de riqueza produzida. No âmbito laboral, uma pequena parcela exer-
ce trabalhos bem remunerados, os quais que exigem alto nível de
qualicação, enquanto a maior parte da população ocupa trabalhos
mal remunerados, precários e repetitivos. Os postos de emprego em
setores médios gradativamente desaparecem conforme as máquinas
se aperfeiçoam e são capazes de executar funções mais complexas,
ocasionando uma onda de desemprego que aige os países ricos e
pobres em maior ou menor medida.
Todavia, os setores mais otimistas em relação aos impactos
da tecnologia na seara laboral armam que não há motivo para alar-
de. De fato, a substituição de pessoas por caixas eletrônicos acabou
gerando mais empregos do que retirou nos anos 80. Porém, há indí-
cios de que essa onda de mecanização é diferente das anteriores. Es-
tima-se que até metade dos empregos sejam substituídos por máqui-
nas até 2050. E, como os dados mostram, os empregos estão sendo
criados em escala muito menor do que aqueles que foram retirados
e, além disso, exigem uma qualicação que o funcionário que será
exonerado não possui. Resta a pergunta: como essas pessoas pagarão
suas contas? E, ademais: quem irá comprar os produtos produzidos
de forma eciente pelas máquinas?
Embora a tecnologia pareça culpada, assumir uma postura
ludista não é aconselhável. O avanço tecnológico é inevitável. Então
o que fazer? No presente trabalho são apresentadas possíveis solu-
ções de forma pragmática que, sem a pretensão de esgotar o tema, se

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