Gender Hurts: a feminist analysis of the politics of transgenderism Sheila Jeffreys.

AutorLamarao, Fernanda Goulart

Londres e Nova York: Routledge Taylor & Francis Group, 2014, 215p.

Quais sao as consequencias do surgimento do transgenero enquanto categoria politica e academica? Quais sao os efeitos para as comunidades gay e lesbica? O fenomeno da transgeneridade e, afinal, transgressor ou conservador? Essas e outras questoes foram postas e analisadas por Sheila Jeffreys, autora de Gender Hurts, lancado em 2014, ainda sem edicao em portugues.

Professora na Universidade de Melbourne, na Australia, Sheila Jeffreys escreve sobre historia e politicas da sexualidade, ganhando especial notoriedade ao expor de forma sistematizada criticas a politica queer. Sua trajetoria, contudo, e bastante ampla, uma vez que ja produziu trabalhos sobre a danosidade dos padroes de beleza (1), a industrializacao do sexo e a prostituicao (2), o papel da religiao no cerceamento dos direitos das mulheres (3), a construcao da lesbianidade (4), entre outros temas. Desde o inicio do livro aqui apresentado, Sheila Jeffreys afirma que seu trabalho, assim como o de Janice G. Raymond (5), oferece uma abordagem critica acerca do fenomeno da transgeneridade, o que se coaduna com sua militancia enquanto feminista radical, embora nao a resuma, como se depreende das suas demais pesquisas.

Sheila Jeffreys mostra, nos dois primeiros capitulos do seu livro, que a transgeneridade como pratica surgiu num esforco medico de normatizar recem-nascidos intersexo, incluindo, mas nao se limitando a cirurgias genitais de adequacao que tinham por objetivo o enquadramento dos corpos. Nessa conjuntura, foi concebido o termo genero, pois se tais criancas nao pertenciam nem ao sexo feminino, nem ao sexo masculino, apresentando caracteres sexuais de ambos, elas pertenceriam a um "genero" feminino ou masculino (6). Assim, a autora desenvolve seu argumento com o objetivo de demonstrar como a ideologia e a pratica da transgeneridade ofuscam a categoria mulher (7) e nao desestabilizam a binaridade de genero, reforcando, em verdade, a nocao de papeis sexuais e essencializando o "genero".

Nesse ponto, tal como Janice Raymond, Jeffreys sustenta que a transgeneridade e uma maneira sofisticada de controlar e ajustar o comportamento, seja a nivel individual, seja social, pois ao essencializar a ideia de genero, como categoria ontologica, intensifica as expectativas edificadas, sobretudo, em torno de pessoas do sexo feminino, uma vez que vivemos numa sociedade androcentrada.

Merece especial destaque, ainda, a analise de...

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