Inclusão em educação: desafios para o ensino superior

AutorCassiano Caon Amorim, Katiuscia C. Vargas Antunes e Mylene Cristina Santiago
Ocupação do AutorDoutor em Ciências ? Geografia Humana pela Universidade de São Paulo. Professor Associado do Departamento de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora/Doutora em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora Adjunta do Departamento de Educação da ...
Páginas399-423
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INCLUSÃO EM EDUCAÇÃO:
DESAFIOS PARA O ENSINO SUPERIOR
Cassiano Caon Amorim1
Katiuscia C. Vargas Antunes2
Mylene Cristina Santiago3
Sumário: 1. Introdução; 2. Tensões e desafios do atendimento
educacional especializado: da educação básica ao ensino superior; 3.
Núcleo de Apoio à Inclusão: revisão de culturas, políticas e práticas
institucionais no ensino superior; 4. Inclusão na UFJF: o Núcleo de
Apoio à Inclusão como possibilidade de revisão de culturas, políticas e
práticas; 5. Considerações finais; Referências.
“As pessoas são diferentes, como diferentes são as suas culturas.
As pessoas vivem de modos diferentes e as civilizações também diferem.
As pessoas falam em várias línguas.
As pessoas são guia das por diversas religiões.
As pessoas nascem com cores diferentes e muitas tradições influenciam a sua
vida, com cores e sombras variadas.
1 Doutor em Ciências Geografia Humana pela Universidade de São Paulo. Professor
Associado do Departamento de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Professor do Programa de Pós-graduação e m Educação (PPGE) da Universidade
Federal de Juiz de For a e do P rograma de Pós-graduação em Gestão e Avaliação da
Política Pública (PPGP) da Universidade Federal de Juiz de Fora.
2 Do utora em E ducação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professora
Adjunta do Departamento de Educação, da Faculdade de Educação da Universidade
Federal d e Juiz de Fora e do Progama de Pós-graduação em Gestão e Avaliação da
Educação Pública (PPGP/UFJF). Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em
Educação e Diversidade - NEPED/UFJF.
3 Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora
Adjunta do Departamento de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Professora do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal
Fluminense. Pesquisadora do Observatório Internacional de Inclusão,
Interculturalidade e Inovação Pedagógica (OIIIIPe).
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As pessoas vestem-se de modos diferentes e adaptam-se ao seu ambiente de
forma diferente.
As pessoas exprimem-se de formas diferentes.
A música, literatur a e a arte refletem estilos diferentes.
Mas, apesar dessas diferenças, todas as pessoas têm em comum um atributo
simples: são seres humanos, nada mais, nada menos”.
(ONU, 2004, p. 23)4
1. Introdução
O ingresso de estudantes com deficiência no ensino superior é um
direito humano historicamente assumido e delineado por políticas
públicas de inclusão em educação, que trazem diversos desafios no
processo de (des)construção de culturas, políticas e práticas no ensino
superior.
Importante mencionar que, no sistema educacional brasileiro, por
conta de seu caráter meritocrático, que, por sua vez, dificulta o acesso e
a permanência de grupos historicamente marginalizados na escola e na
universidade, convivemos com inúmeras desigualdades relativas a
diversos grupos culturais. Nesse contexto, destacamos o grupo das
pessoas com deficiências (PCDs) como aquele que, ao longo dos tempos,
vem sofrendo as maiores tensões, principalmente pelo fato de o sistema
educacional destinado a esse grupo ter se constituído como sistema
paralelo ao longo de décadas.
A esse respeito, cabe considerar que, quando falamos em inclusão
educacional de PCDs, nos referimos a um processo histórico marcado
por diferentes formas de se compreender o sujeito com deficiência e suas
possibilidades de escolarização. O modelo médico de deficiência, em
que o foco era apenas a deficiência e não o indivíduo na sua
integralidade, fez com que as limitações relativas à condição desses
sujeitos fossem ressaltadas em detrimento das suas possibilidades de
desenvolvimento. Daí um olhar negativo para as deficiências, levando à
compreensão de que essas pessoas seriam incapazes de aprender.
4 ONU. Relatório desenvolvimento humano racismo, pobreza e violência, 2004.

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