Internet: O poder absurdo das redes sociais

AutorFlávio Filizzola D´Urso - Luiz Augusto Filizzola D´Urso
CargoAdvogado - Advogado
Páginas12-14
TRIBUNA LIVRE
12 REVISTA BONIJURIS I ANO 33 I EDIÇÃO 670 I JUN/JUL 2021
cio deste texto, dormientibus
non sucurrit ius (o direito não
socorre aos que dormem).
Neste sentido, fica o alerta
principalmente em relação aos
contratos em que, em decorrên-
cia da pandemia de covid-19 e
com vistas a mantê-los vigen-
tes, os credores optaram por
flexibilizar a cobrança de al-
guns direitos, como por exem-
plo renunciando a reajustes ou
reduzindo valor de aluguéis etc.
São inúmeras situações as
quais, apesar de legítimas, da-
das as circunstâncias atuais de
grandes dificuldades financei-
ras, exigem das partes credoras
muita atenção para que certas
flexibilidades não se perpetuem
no tempo em desalinho com as
disposições contratuais, pois a
cobrança a posteriori pode im-
plicar a perda do direito.
Portanto, de nada serve um
contrato bem elaborado que
tenha apenas uma função pro
forma. O mais recomendado é
que toda e qualquer alteração
nos termos e condições do con-
trato seja objeto de um termo
aditivo (que pode até ter uma
vigência temporária) firmado
por ambas as partes, junta-
mente com duas testemunhas.
O fato é que o contrato precisa
sempre refletir o que acontece
na prática, como medida de se-
gurança jurídica para os con-
traentes.
n
Virginia de Sylos Sutherland. Advoga-
da. Especialista em Direito Contratual.
Flávio Filizzola DUrsoADVOGADO
Luiz Augusto Filizzola DUrsoADVOGADO
O PODER ABSURDO DAS REDES SOCIAIS
As mudanças tecnológi-
cas estão sendo, a cada
dia, mais intensas na
vida das pessoas. Dentre
as várias inovações utilizadas
diariamente, como os compu-
tadores e os smartphones, des-
taca-se uma ferramenta que
revolucionou não apenas a
forma de interação das pesso-
as com o mundo, mas especial-
mente as relações interpesso-
ais, que foram as redes sociais.
A primeira rede social utili-
zada em larga escala e que fi-
cou famosa mundialmente foi
o Orkut, que teve sua versão
em português lançada há mais
de 15 anos. Nessa época, poucos
imaginavam como estas em-
presas poderiam se tornar po-
derosas e influenciar a vida das
pessoas. Muito menos, como os
dados pessoais poderiam ser
coletados e utilizados para mu-
dar os rumos do mundo.
No engatinhar das recém-
-nascidas redes, notavam-se os
primeiros passos do que viria a
ser a massiva exposição virtual,
com depoimentos públicos de
amigos, postagens de fotos pes-
soais, comentários em conteú-
dos e outras ações, tudo realiza-
do dentro daquela plataforma.
É curioso notar que, apesar
de terem se mantido um ser-
viço gratuito e sem produção
de conteúdo – uma vez que
são os próprios usuários que
publicam e alimentam estas
plataformas –, as redes sociais
passaram a ter um alto valor
de mercado, como no caso do
Facebook, que neste ano de
2021 é avaliado em mais de 750
bilhões de dólares. Assim, fica
sempre a grande pergunta:
afinal, como foi possível enri-
quecer ao longo dos anos, sem
cobrar nada dos usuários?
A questão é que aos poucos
percebeu-se que o usuário, ao
utilizar tais plataformas por
tantas horas, interagindo com
o conteúdo publicado, com os
demais usuários, realizando
publicações, check-ins, likes
etc., estava fornecendo uma gi-
gantesca gama de informações
pessoais, sociais e até íntimas,
e que esses dados relevantes,
uma vez coletados, possuíam
grande valor no mercado.
Assim, os milissegundos em
que o usuário visualiza cada

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