Justiça do Trabalho: o dilema da vitória de pirro

AutorMarcus Gomes
CargoJornalista
Páginas28-30
28 REVISTA BONIJURIS I ANO 33 I EDIÇÃO 670 I JUN/JUL 2021
CAPA
Marcus GomesJORNALSTA
O DILEMA DA VITÓRIA
DE PIRRO
Equilíbrio é a palavra-chave na Justiça do Trabalho. Se ela pende mais
para um lado do que para o outro, tende a vencer a batalha, mas
perder a guerra
E
is a grande questão: a
competição está na raiz
dos benecios e male-
cios globais, e, sob qual-
quer ponto de vista, en-
frentar qualquer um deles, em
se tratando de concorrência
internacional, implica criar re -
lações de trabalho, que também
geram desigualdades e confli-
tos. (O custo de um par de tê-
nis produzido na Índia e outro,
idêntico, produzido nos . A
convenção coletiva que rege as
contratações de trabalhadores
na região de Milão, no norte de
Itália, e aquela que sequer foi
firmada, como é o caso de Suazi-
lândia, país localizado na África
Austral, onde as autoridades uti-
lizam leis antiterroristas para
coibir movimentos sindicais.)
Em tese (repita-se: em tese),
a competição é saudável na
medida em que atua como
agente que leva ao progres-
so e à transformação. Mas há
senões imediatos. Se por um
lado a economia se beneficia,
por outro põe em xeque as re-
lações trabalhistas e as deman-
das na Justiça do Trabalho.
O desemprego (é fato) afeta
praticamente todos os países.
Mesmo economias mais robus-
tas – como as da China e dos 
– têm dificuldade em lidar com
a demanda por vagas de traba-
lho, principalmente quando os
avanços tecnológicos parecem
resultar na queda precipitada
da empregabilidade.
Em um cenário econômico
motivado pela produtividade e
competição, o que se verifica é
uma tendência não de aumen-
to de mão de obra, mas de di-
minuição.
Estudiosos, como a ensaís-
ta francesa Viviane Forrester,
falecida em 2013, afirmam que
o mercado de trabalho nas úl-
timas décadas só necessita de
20% da população ativa. No
ensaio intitulado O Horror
Econômico (Editora Unesp,
2002, 154 págs.), Viviane faz
um balanço da atual crise glo-
bal do trabalho e prenuncia
tempos ruins. Para ela, a nova
estrutura de produção global
do capitalismo pós-industrial
não será capaz de produzir em-
prego para a população ativa:
“Uma quantidade importan-
te de seres humanos já não é
mais necessária ao pequeno
número que molda a economia
e detém o poder”, afirma.
É um paradoxo conjuntural:
a escalada desenvolvimentista
da humanidade no último sé-

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT