Entre mestres e doutores

AutorPaulo Bandeira
Ocupação do AutorAdvogado Mestre em Direito
Páginas65-67

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Mas, e o professor? Voltemos ao tema. As faculdades, para fins de prova junto ao MEC, devem ter em seus quadros um determinado número de mestres e doutores. O que isso significa? Excelência no ensino? Diferencial em relação às outras? Forma de se arrumar emprego para essas pessoas? Não sei, talvez um pouco de cada coisa1. O que sei, e tenho absoluta convicção do que digo, é que tenho amigos que são mestres e doutores e escondem essa condição. Sabem por quê? Porque isso significa que podem ser demitidos, principalmente quando ganham bem mais do que um especialista e a faculdade já tenham completado seus quadros (o tal percentual de mestres e doutores). Parece estranho, e é. Imaginem uma região onde sobram mestres e doutores (isso existe no Brasil). Exatamente por isso, além de se pagar pouco, muito pouco, não há estabili-dade no emprego. Para o professor que acredita em um mundo melhor, com flores e pássaros cantando, cuidado, a realidade é dura. Conheço vários docentes que lecionam há anos, são bons no que fazem, são queridos pelos alunos e, quando menos imaginam, encontram aquele pior aluno, aquele mesmo, que não passou no exame da OAB, nos corredores das faculdades a lhes cumprimentar com um cordial “olá colega”, pois são professores, assim como você. A diferença é que ganham metade do seu salário de “Mestre/ Doutor”. Quando encontrar esses caras, fique preparado, porque você já está na soleira da porta. Só falta o empurrãozinho. Ah, e os alunos? Não vão fazer abaixo assinado? Alguns até vão, mas, vida que segue. Daqui a pouco ninguém vai se lembrar de você. Talvez uma vaga lembrança, uma conversa em rede social, quando muito.

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Vale o destaque:

O professor Manoel Santana Cardoso, analista sênior da Capes e diretor científico da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), avalia que o total de pós-graduados cresce em ritmo constante e o Brasil terá, em 2020, cerca de 25 mil doutores formados por ano, compondo um contingente capaz de atender as redes de ensino, a burocracia administrativa (governos e órgãos públicos) e ainda as empresas que buscam inovação.

No momento atual, Cardoso aponta que a rede privada de ensino ainda tem uma visão estreita quando o tema é a produção de pesquisa e até mesmo a importância da absorção dos doutores em seus quadros.

O salário de um mestre é menor do que um salário de doutor. É comum, quando uma instituição (privada) entra em crise, a primeira coisa que ela faz é dispensar...

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